sexta-feira, 4 de junho de 2010

INTRODUÇÃO

Olá, meu nome é Güeirnan, sou oficialmente a criadora desse blog e escritora da história nele postado. Bem, primeiramente, quero pedir desculpas a vocês por parar de responder aos comentários, aos recados e as perguntas no Formspring. Em segundo lugar, quero agradecer pela força que vocês estão dando, sem vocês esse blog não seria nada! Muito obrigado! De coração.

Se escrevo hoje é pra vocês.

Deixo claro que nenhuma parte da história que está postada aqui foi roubada de alguém ou copiada de algum escrito da Stephenie Meyer, gênio criador dessa saga tão especial.

Atenção! O livro nunca passou por uma rigorosa revisão e existem palavras erradas ao longo dos capítulos. Estou trabalhando nisso nesse exato momento. Perdoe-me, sei que isso atrapalha a leitura, porém, não possuo muita ajuda nessa parte. Agradeço se entenderem!

Esses são alguns endereços últeis, onde vocês poderão buscar próximos capítulos, me mandar perguntas, críticas, sugestões e me ajudar na comunidade do livro:

Meu Formspring:

http://www.formspring.me/Gueirnan


A comunidade no Orkut:

http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=98620048


Meu perfil no Orkut:

http://www.orkut.com.br/Main#Profile?uid=4942944484422751667


Meu Msn:

locatgirl@hotmail.com


Endereço do antigo blog:

http://www.uniblog.com.br/livrorenesmee/




Por motivos de falha na HTML do antigo blog, este foi criado, mas é o mesmo conteúdo. Peço, se não for incômodo, que sigam este blog, no outro não dispunha de tal ferramenta, porém neste há. Eu ficarei muito grata!
Espero que continuem fiéis a este blog assim como eram no outro!
Obrigada, eternamente obrigada!


Considerações sobre o livro

Em primeiro lugar, não sou a Stephenie Meyer, dessa forma, não reproduzo tudo inteligetemente e igualmente a ela, essa é minha história, minha forma de ver cada personagem, ainda que os mesmos não me perteçam.
Peço desculpas pelos erros, sei que venho prometendo arrumar o português deles a muito tempo, mas são 24 capítulos! E cada um com muitas páginas. Todavia, ainda irei concluir essa correção. Assim espero.
A personalidade de Renesmee pode assustar no começo, como uma garota rebelde, uma diferença enorme do livro de Meyer, onde ela era uma garotinha doce e meiga. Porém, uma garota certinha não chamaria tanta atenção, levando-se em conta que os pais dela são um dos casais mais perfeitos do livro. Por isso a utilização de um caráter mais rebelde, mais furtivo, e não deixa de fazer um paralelo com o rumo da história, onde de fato eu tive que moldar a personalidade de Renesmee para obter atitudes inesperadas.
No quesito de termos utilizados, tais como impressão para Impright, recém nascidos para recém criados, etc. A explicação que dou é simples: a tradução do livro a qual eu tive acesso não contava com tais termos tão fieis aos inglês original, por isso acabei "abrasileirando" a famosa IMPRIGTH e trocando o termo CRIADO. Não acho isso erros a se criticar, mas não são tais críticas que me farão mudar o texto. Todos ao lerem o livro compreenderam a carga semântica das palavras, ja que são conhecedores da Saga. E, parando para pensar... em um texto, inteiramente produzido em português, uma única palavra ficaria em destaque como falta de tradução? Eu não achei isos legal, por isso mantive meus padrões originais.
Recebi também questionamentos a cerca da minha falta de detalhamento no texto e a frieza em que manti os personagens, pricipalmente Bella e Edward. Se trata apenas da história de Jacob e Renesmee, fazendo-se necessário não destacar tanto o amor resplandecente de Edward e Bella, afinal, eles tiveram 4 livros! O meu foco aqui é Renesmee, então, não vejo o porque de detalhar o romance de Edward e Bella. Concordo com o que dizer a respeito da família Cullen serem frios, mas eu optei por um ambiente mais frio e mais dependente do sombrio, para não se transformar em um romance água com açúcar.
Não sei se consegui, mas tentei.
Pessoal, essas são algumas considerações que devem ser observadas. Espero que tenha esclarecido grande parte das dúvidas que rondavam suas mentes e melhor ainda, tenha evitado futuras críticas. Porém, se ainda as tiverem, não cessarei de repondé-las, seja de modo individual ou coletivo.

Atenciosamente...

A faltosa ex-escritora Güeirnan Carneiro



PREFÁCIO

PREFÁCIO-1

RENESMEE...

Eu queria não ser assim... Por um minuto eu me lembrei da voz da minha mãe me dizendo que eu era especial... Especial pra quê? Para machucar as pessoas que amo? Não parecia ser tão legal assim. Eu amava meus pais e ainda sim repudiava a escolha deles, não me agradava ser um monstro... Mas talvez eu estivesse me sentindo assim por amar... Amar alguém impossível, mas que parece ter sido destinado para mim...
Oh! Eu o amo e isso tem me revoltado a cada dia que passa. Mas eu lutaria por esse sentimento, isso eu tinha certeza!


PREFÁCIO-2

JACOB...


De novo a droga da dor me consumia por dentro. A impressão é um lixo, mas quem ela escolhe é a pessoa que você sempre sonhou pra ficar ao seu lado, isso é o bom, quer dizer, no meu caso, isso é o que complica tudo.
Correr e sentir meu corpo explodindo em um lobo gigante é fácil, mas amar uma garota vampiro... É um problema!

CAPÍTULO 1

RENESMEE...

1. O REENCONTRO

-Renesmee!- meu pai novamente me chamou, embora ele estivesse na outra casa, eu ouvi meu nome claramente.
Segui na direção da voz e quando cheguei na sala ele já havia lido minha mente.
-Me desculpe por estar te “incomodando”, mas vou sair algumas horas, avise a sua mãe.
-E posso saber pra onde o senhor vai?- eu não costumo usar esses pronomes de tratamento, ainda mais quando tenho pais com caras de adolescentes, mas as vezes saí sem querer.
-Bem... É melhor não!- a cara misteriosa que ele fez e como saiu voando, diga-se de passagem, não me abalaram. Também não liguei por não saber pra onde ele ia, porque eu nunca ligo, quer dizer, meu pai sempre sabe onde vai. E se ele não me disse, eu não me importo, talvez a mamãe gostasse de saber, mas depois ele falasse a ela.
Voltei pro meu quarto pra arrumar a bagunça que aquele lugar estava. Passei pelo espelho do meu guarda-roupa e por impulso, parei. Me olhei um pouco, arrumei a avermelhada cabeleira e fixei meu olhar nos olhos que eu via no espelho.
Eram escuros, achocolatados como sempre dizia minha mãe. Reparei no tédio que eles exalavam, ficar naquela casa vazia, sem ninguém pra conversar. Quando minha mãe saía e só ficava meu pai, eu me sentia protegida, porém sozinha . Minhas conversas com Edward não eram o que pode-se chamar de uma discussão oral, eram mais telepáticas. Eu pensava, ele ouvia e respondia com palavras ou gestos, por isso eu conversava pouco com meu pai. Haviam meus “tios”. Rosalie era legal, gostava de conversar coisas que normalmente minha mãe não liga e eu sempre quero saber; “Coisas de mulheres”, dizia ela sempre a tio Emmett, que uma vez ou outra queria entrar na conversa.
Com tia Alice eu perguntava sobre os humanos, pois ela entendia minha curiosidade e tirava algumas dúvidas, principalmente a respeito de comportamentos curiosos que vô Charlie e Sue tinham. A droga de ter tia Alice como tia era: ela não poder ver meu futuro. O de todos era normal e tal, até da minha mãe, que não deixava meu pai e os vampiros do mal mexerem com a cabeça dela tia Alice via e por que eu não?
Injustiças do destino, e da raça... Híbrida, era isso que eu era, eu e Jacob...
Tio Jasper era mais reservado, porém se eu queria saber sobre lutas e como derrotar alguém, ele sempre se empolgava e me contava tudo, junto com tio Emmett.
Se da parte de minha mãe eu não tinha nenhum tio, por parte de pai tinha quatro e bem bizarros. Conversava também com meus avós, mais com Carlisle e Esme, do que com Charlie e Renée. Charlie estava sempre ocupado e não era dado a conversas, pelo menos depois do meu repentino crescimento, e Renée, bem, ela só por telefone ou quando Phill tinha um tempinho, então os dois vinham ver minha mãe e conseqüentemente eu, que era tida como a filha adotiva que ainda por cima tinha uma irmã mais nova... A pequenina que os humanos ainda acreditavam que eu era.
Minha vida era “normal”, embora para uma garota meio vampira, meio humana congelada com a aparência de uma pessoa de quinze anos, mas que cresceu só até os seis anos. Isso era espantoso até para minha espécie, pois as irmãs de Nahuel, o garoto da America do Sul, atingiram a maturidade com cerca de dez anos e eu, bem... Fui mais adiantada que Nahuel, já que ele só parou de crescer com sete anos.
Meus pais e meu avô ainda indagavam que eu estava crescendo, devagar mais estava, que ainda faltava algo em mim... Mas para mim minha estatura seria sempre aquela. Isso para uma garota vampira era o normal, congelar, mas o resto... Nada normal.
Ainda em Forks, minha família fazia o que podia para passar por despercebidas aos olhos humanos. Meu avô Charlie não queria que minha mãe fosse para longe, Edward também não queria ver minha mãe triste, longe do vovô, então ainda continuamos aqui, e eu acho melhor assim.
Embora nem toda minha família esteja sempre aqui. Vô Carlisle trabalha em outra cidade, vó Esme fica viajando para desenvolver seu passatempo favorito: restaura e redecorar ambientes antigos. Tio Emmett e tia Rosalie viajavam a maior parte o tempo. Apenas meus tios Jasper e Alice ficavam aqui em Forks, tia Alice trabalhando com minha mãe em uma boutique que elas abriram aqui em Forks, e tio Jasper, ele não sairia do lado de tia Alice.
E eu, bem, eu só queria ser mais livre, sair mais, ser mais humana, mas minha parte vampira era maior. E desde que Jacob se afastou um pouco da nossa família, alguns anos atrás, para cuidar das suas obrigações como Alfa, eu não me sentia mais como humana. Não que eu não gostasse da minha parte vampira, bem, eu era diferente, rara! Isso era um falso consolo que eu usava para não deixar meus pais chateados. Mas a vontade de sair daquele lugar, ser normal, conhecer pessoas era forte como a minha sede por sangue.
Nessa tarde de tédio, quando terminei de arrumar meu quarto, fui até a casa de Carlisle. Eu pensei que não havia ninguém, porém vó Esme estava lá.
-Oi, minha querida! Estava naquela casa sozinha?-ela quis saber, me abraçando. Eu simplesmente, como de costume, a toquei e mostrei o tédio que eu estava sentindo por estar sozinha.
-Oh! Por que não veio pra cá?
-Pensei que não tinha ninguém aqui. Mamãe me disse que vocês iam sair... - na verdade ela não me falou, mas eu deduzi- Bem, e você sabe pra onde meu pai foi?
Claro que Esme sabia, mas existia algum segredo ali, ninguém queria me contar nada, porém todos sabiam, menos eu!
- Seu pai deve ter dado uma escapadinha para caçar...
Esme era ótima mentirosa, mas eu já a conhecia tempo bastante para saber que essas palavras eram puro fingimento.
- Por que todo mundo ta mentindo pra mim? Qual é o lance? Que segredo todo é esse?-encarando seus olhos dourados, tentei instigá-la a falar.
Esme ficou surpresa com minhas palavras, me olhou bem fundo nos olhos e me levou para sentar no sofá. Eu sabia que eles estavam escondendo alguma coisa, mas sabia também que Esme não iria me contar.
- Querida... Não há segredo algum... Eu diria que um mistério e uma surpresa pra você, fora isso, não estamos mentindo.
- Bem, que surpresa é essa?
-Se eu te contar deixa de ser surpresa! Agora eu tenho que fazer algumas... Algumas tarefas...
- Tarefas? -eu a interrompi, pois essa palavra não existia no seu vocabulário. Ela percebeu o engano de palavras e mudou rapidamente de assunto.
- Seu pai estava querendo te matricular na escola de Forks... - ela disse enquanto se dirigia a cozinha.
- Sério?-fingi um espanto repentino, mudar de assunto era a melhor forma de passar o tempo, já que ele não iria me contar.
- É! Sua mãe está incentivando e Charlie comentou com ele que queria saber como iam os seus estudos e pediu a Edward para te matricular aqui!
Esme sabia como me distrair, e não demorou muito até tia Alice chegar com a mamãe e tia Rosalie. Elas mudaram o aspecto assim que entraram na casa. Mamãe era a que menos sabia disfarçar.
- Esme, já te contou Nessie que seu pai está cedendo?
- Não precisam fingir... – eu falei mal humorada. As três fizeram uma cara assustada com minha reação e Rosalie olhou para Esme, que as chamou até a cozinha. Eu fiquei na sala, esperando Esme explicar o meu comportamento.
Minha mãe foi a primeira a aparecer na sala, me olhou e sentou ao meu lado, passou a mão em meus cabelos e beijou na testa. Parecia que ela queria me contar algo mais não podia.
-Olha filha, eu e seu pai temos uma surpresa pra você, mais você vai ter que esperar um pouco! - ela começou a me explicar, meio que perturbada.
Eu simplesmente olhei par ela e a abracei, eu teria paciência, agora eu podia sentir sua alegria e seu corpo frio perto de mim. Da porta da cozinha, Esme, Alice e Rosalie olhavam a cena e sorriam docemente.
-Você arrumou seu quarto? - minha mãe quis saber. Eu coloquei a mão em seu gelado pescoço e lhe mostrei a minha “animada” tarde.
-Oh! Nessie me desculpe por te deixar sozinha, seu pai também não ajudou! Mas era necessário, depois você vai me agradecer!
Eu fiquei ainda mais curiosa com tanto mistério e por isso mudei de assunto, e começamos a conversar sobre Charlie, a escola em Forks, entre outras coisas que não me faziam esquecer por um minuto a tal surpresa.
A noite caiu e estávamos as cinco conversando quando Carlisle chegou e logo depois Emmett e Jasper. Meu pai foi o ultimo a chegar e com uma cara bem sorridente. Vídeo game com tio Emmett, o antigo e prestigiado Top Gear, e depois assisti baseball na TV, a noite não parecia guardar uma surpresa.
Foi tio Jasper que sugeriu deixarmos as conversas e a TV de lado e irmos caçar. Eu não estava com tanta sede, mas mesmo assim fui.
Logo me deixaram pra trás e me vi sozinha na floresta. Não demorei muito até abater meu primeiro cervo, e quando eu já estava saciada e ia procurar pela minha família, ouvi um rosnado entre as árvores. Eu não era de ter medo por isso tratei de sentir o cheiro do que estava rosnado pra mim e qual não foi minha surpresa ao sentir cheiro de lobisomem.
Mas não era um cheiro qualquer, era um cheiro familiar, mas que eu não conseguia me lembrar. Logo percebi que o lobo ia avançar e saltei para o galho de árvore mais próximo e corri, pulando de galho em galho. Ele me seguiu, e quando eu pisei em um galho podre e caí, ele deu o bote.
No meio das sombras eu não pude reconhecer o lobo enorme em cima de mim, mas seu cheiro foi ficando cada vez mais familiar que não demorou muito até eu o reconhecer.
Jacob estava maior, mais forte e, diga-se de passagem, mais bonito, pelo menos como lobo. Seu pelo marrom avermelhado estava curto e sedoso. Meu coração disparou assim que o reconheci e o dele também estava acelerado. Eu me levantei e esperei para que ele se transformasse em humano, mas lembrei que ele estaria sem roupas e não insisti. O abracei fortemente, sentindo ele fungar em meu pescoço. Um calor diferente passou em meu corpo, meu coração acelerou tanto que eu pensei que iria explodir. O que estaria acontecendo comigo?
Logo nós dois estávamos cercados pela minha família, que nos chamou para ir pra casa. No caminho de volta ouvi tia Alice cantar vitória.
“-Eu disse que ela iria reconhecer o cheiro dele, Edward. Mesmo sem poder ver o futuro dela, Nessie é bastante previsível.”
Meu pai apenas sussurrava alguma coisa que eu não conseguia ouvir direito, pois meus ouvidos estavam preocupados demais pára ouvir o som daquelas enormes patas pisando macia nas folhas secas e nos seguindo. Então essa era a surpresa, e que surpresa! Reencontrar Jacob era a melhor coisa que podia acontecer!
Quando chegamos em casa eu esperei alguns minutos até ouvir meu nome ser chamado nos fundos da casa. Jake agora já havia se transformado e estava junto ao rio, me esperando. A lua brilhava e conseguia clarear tudo, afinal estava cheia. Mas mesmo assim eu não pude ver Jacob direito e quando cheguei perto dele cambaleei, ele me segurou, com mãos firmes e me abraçou.
- Por que você me abandonou Jake, por quê? – eu disse ainda agarrada a sua nuca.
-Eu não te abandonei Nessie... Apenas tive que me separar de você por uns tempos.
Ele disse enquanto me apertava. Quando me separei dos seus braços, ele me encarou, e me pediu que contasse o que ele havia perdido. Eu entendi o pedido e coloquei minha mão sobre sua face quente e mostrei-lhe tudo que ele não tinha visto desde que se separou da família Cullen.
Por um momento eu senti sua respiração acelerar, quando eu acabei de lhe mostrar tudo e continuei com minha mão pousada em seu rosto. Ele pareceu não querer que eu o solta-se e eu também não queria fazer tal coisa.
-Meu Deus, você cresceu bastante! Nem parece a Nessie que dormia no meu colo e tomava mamadeira de sangue... Te deixo por menos de um ano e meio e já me sinto velho! – ele sorriu me mirando com curiosidade. Ele não mudou muito, continuava o mesmo garotão cheio de gracinhas.
- Você também mudou bastante. Mas continua com suas piadinhas... Mas me conte sobre você! Como foi sua vida sem ser meu babá?
Jacob riu novamente e começou a me contar o que tinha vivido, suas experiências, novas habilidades entre outras coisas. Era ótimo ter aqueles olhos castanhos escuros me olhando de novo, sentir o calor das suas mãos toda vez que me tocava. Nós dois estávamos sentados em umas pedras perto do rio.
De dentro da casa só se ouvia murmúrios e risinhos, todos nos bisbilhotando pelas janelas. Isso me encabulou um pouco, mas eu não interrompi as histórias de Jake, continuei a ouvi-lo, e ninguém nos interrompeu. Ficamos a noite toda conversando e quando o dia amanheceu ele bocejou e eu também. Gargalhamos e ouvi a barriga dele roncar, pensei “o mesmo mortal de sempre!”
O convidei para entrar e comer algo, ele aceitou. Quando entramos fomos cercados de olhos curiosos. Minha família não era nada discreta, então minha mãe olhou para Jacob e os dois se abraçaram.
- Hei, Bells, você não me disse que Nessie estava tão crescida e tão bonita! –senti minhas bochechas corarem.
- É, eu devo ter esquecido de mencionar. Ela parece tão igual, minha pequena Nessie!
- Para você eu nunca vou deixar e ser aquele bebê, não é mãe?
-É isso mesmo! Quem mandou crescer tão rápido? – ela agora já havia se separado dos braços de Jacob e tinha se enlaçado nos do meu pai, que tinha acabado de chegar a sala.
- E então, Renesmee, gostou da surpresa?
- Sim! Não poderia existir coisa melhor!- Jacob sorriu e eu ouvi sua barriga roncar novamente, mas dessa vez não foi só eu, todos na sala ouviram.
- Um lobo com fome de leão!- meu pai sussurrou.
- Jake, não ligue pra ele. Venha comer!
Não precisou convidar duas vezes e, como um velho conhecido, Jacob seguiu mamãe até a cozinha e lá tomou seu café da manhã. Eu fiquei na sala e chamei meu pai até perto do piano, queria saber sobre a história de eu estudar em Forks.
-Bem... Não era pra sua mãe ou Esme ter dito a você isso. É só uma possibilidade.
A decepção passou em meu rosto e pensei logo que eu estava me iludindo a toa.
- Não precisa ficar desapontada, eu disse que há uma possibilidade. -meu pai disse, depois de ler meus pensamentos. Ele não queria estragar meu dia.
- E o que te fez pensar nessa possibilidade?- eu quis saber, pois não era fácil convencer meu pai a fazer algo. Só podia ter sido a mamãe. Todos sabem que Edward Cullen só dá ouvidos a uma pessoa nessa terra... Bella Swan!
- Na verdade não foi sua mãe... - ele quis meio que, me contrariar os pensamentos. - É que te deixar fora de uma escola estava chamando mais atenção do que proteger você de machucar alguém. Seu avô Charlie também me ajudou a pensar na decisão. Uma garota meio humana tem que ser menos notada do que um rapaz totalmente vampiro. -ele falou lembrando-se dos seus velhos tempos de colegial. “Então irei estudar em Forks?”- meu pensamento me traía toda vez que eu me empolgava.
-Está vendo por que eu não queria te contar nada. Você vai se encher de expectativas. E se não der certo? Você vai se decepcionar ainda mais! Filha, lhe peço um pouco e calma, afinal você tem a eternidade com o corpo de uma garota de 15 anos!
Por um momento eu percebi que ele estava certo, e até mesmo pelo curto tempo que eu havia crescido não tinha dado tempo pra uma garota de 15 anos se desenvolver. Até Charlie que era o mais interessado desconfiaria. Bem mais ele sabia que a neta dele não era nem um pouco normal, quer dizer, nem a filha, nem a neta e nem a família que Bella escolheu para viver!
Encerramos nossa conversa quando meu pai ouviu meu subconsciente convencido de que era só uma possibilidade. A essa altura Jacob já havia terminado de comer e eu empolgada por saber mais coisas sobre a vida dele.
Mas algo aconteceu de errado que em um minuto toda minha família estava em posição de ataque. Eu olhava pra minha mãe, meu pai e Jacob, e via a mesma expressão. Foi então que senti a presença de Demetri, ele estava a alguns metros da casa. Meu pai voltou ao normal e resolveu ir atrás dele seguido por tio Emmett e Jasper.
- Alice, o que aconteceu? –Carlisle quis saber, pois ela não havia nos alertado sobre Demetri e isso era incomum.
- Não sei o que ouve, eu estava distraída e nem percebi. Mas mesmo antes, não me ocorreu nada... O que será que esta acontecendo comigo?
Esme a abraçou e minha mãe olhou pra mim como que querendo me abraçar também, mas eu estava de olhos vidrados na janela. Não dava pra ver nada, só ouvir algo que parecia ser uma discussão entre meu pai e o Volturi.
- Esme, eu vou lá.
- Vá, e seja o que for, mande Demetri se retirar da nossa propriedade.
Carlisle saiu rápido, eu também queria ir, mas sabia que minha mãe não deixaria. Esperei até eles voltarem. Jacob, que também tinha ido ver o visitante inesperado, foi o primeiro a entrar, seguido por Carlisle, Edward, Jasper e Emmett.
- O que foi?-minha mãe fez a pergunta que todos nós estávamos querendo fazer. Mas foi Alice quem respondeu.
- Ele estava atrás de alguém e quando o fugitivo veio até aqui ele pensou que nós o estávamos ocultando.
- É, mas se você sabia, por que não avisou antes?- meu pai perguntou impaciente ao escutar a resposta tão precisa de tia Alice.
- Não sei o que aconteceu, não me veio nada... - mais um minuto e seus olhos ficaram parados olhando para lugar nenhum. Ela estava tendo uma visão.
- Alguém... Vejo alguém fugindo e está vindo pra cá... Ele tem algo em mãos... É muito poderoso!
-Como assim, quem está vindo pra cá, Alice?- Jasper perguntou em uma voz aveludada.
- Não reconheço a pessoa, mas ele está desesperado. É Demetri quem está o seguindo, deve ser alguém que os Volturi querem muito.- Alice voltou ao normal, seus olhos miraram cada face que estava na sala.
Um a um, as faces foram se recompondo do choque. Eu olhei para Jacob, ele tinha uma cara angustiada. Eu tinha perdido meu dia perfeito com ele, meu grande amigo tinha voltado pra mim e eu não ia poder ficar com ele. Meu pai ouviu novamente meus pensamentos e por amor a sua única filha disse a Jacob:
- Você se importa em tirar Renesmee daqui, Jake?
-Não!-Jake disse olhando para mim, minha mãe olhou para meu pai surpresa com sua decisão.
Jacob pegou minha mão e eu senti um calafrio, bom, mas estranho, correr por todo o meu corpo. Eu não sabia para onde ele estava me levando, só sabia que eu o seguiria pra qualquer lugar.
Corremos por entre as árvores e logo estávamos na reserva La Push, indo em direção ao mar. Ele me olhou e parou perto de um rochedo, seus olhos percorrendo cada detalhe do meu corpo. Eu fiquei envergonhada e percebi minhas bochechas ficando quentes, deviam estar vermelhas também.
Seu olhar era curioso e aquele silêncio que nos envolvia era mágico, eu nunca havia sentido nada assim antes. Minha família estava prestes a topar com algo desconhecido e eu não estava lá pra ajudar, porém eu não me sentia mal por isso, eu não desejava estar em nenhum outro lugar com nenhuma outra pessoa a não ser aquele, a não ser aquela.

CAPÍTULO 2

2. NOVAS EMOÇÕES

Jacob mudou o jeito de me contemplar e me olhou confuso e encabulado, abaixou a cabeça e sorriu. Eu preferi não perguntar o porquê, pois eu também estava me sentindo estranha. Eu sorri de volta e ele ficou sério.
- Nessie, você não deve ter esperanças... Quero dizer... Comigo...
Jacob Black parecia confuso novamente, suas palavras soaram com outro sentido pra mim, eu olhei pra ele, interrogando-o. Até ele não havia entendido direito o que tinha dito. Olhou para mim, sorriu e se explicou.
- Bem, você sabe, posso estar aqui hoje, mas amanhã não, então... Eu acho melhor não nos apegarmos tanto, pois será mais difícil para que eu me separe de você mais tarde.
- Eu sei. - tentei menti, pois aquelas palavras soaram como uma despedida- Jake, vamos aproveitar! Nosso reencontro!- eu disse e peguei sua mão que estava suando e, ao senti-lo me arrepiei. Não sabia por que eu estava sentindo aquilo. Meu corpo estremecia quando chegava perto do dele e meu coração disparava, o dele fazia o mesmo.
Mas eu fiquei nervosa e estraguei o momento... Quer dizer, eu fiz o que ele mais odiava: agi como uma vampira. Eu terminei de dizer a palavra reencontro e o abracei, porém quando senti a pulsação forte de seu pescoço não resisti e o cheirei. Mas foi instinto! Ele percebeu e se afastou fria e rapidamente, minha garganta queimou e me senti como uma idiota! Como pude fazer aquilo?
Eu me odiei e depois daquilo as ações de Jacob passaram a ser calculadas.
-Me desculpe Jake! Eu não resisti!- tentei minimizar o estrago da minha atitude. Ele me olhou e com um simpático sorriso falou:
- Eu já devia ter me acostumado com esse lance de vampiro. Com a Bella até que não percebo muito, mas você...
- Mas sua lógica está errada!- eu berrei- A mamãe é uma vampira e eu sou só meio vampira!
- É! Mas, sei lá! Acho que com cada vampiro tenho uma reação diferente!-ele riu. Eu fiz uma careta e fiquei calada, ele percebeu e tentou agir normal de novo, primeiro chegando pra perto de novo, depois passou a mão no meu rosto, acariciando de leve. Meu corpo todo ficou em fúria, eu queria abraçá-lo, mas não tinha força, minhas pernas cambalearam novamente.
- Ei! O que houve? Não está se alimentando direito, Nessie?-Jacob quis saber ao sentir meu corpo trêmulo. Eu não conseguia dizer uma palavra, só olhá-lo. A minha respiração e a dele aceleraram quando nossos olhos se cruzaram, essas estranhas emoções estavam me deixando louca! Eu queria ir pra casa, fugir de Jacob, mas ao mesmo tempo queria estar com ele e tê-lo só pra mim.
Meu Deus! Eu não podia estar apaixonada por ele! Não, isso era idiotice! Como uma vampira se apaixonaria por um lobo? Devia ser só uma atração, e o fim da tarde passei com ele, caminhando e conversando pela reserva, olhando pro mar. Ele me disse que costumava caminhar com minha mãe por ali, me contou também várias histórias deles dois.
Olhei para o crepúsculo e disse a Jacob que queria voltar e saber o que aconteceu, quem era a pessoa que tia Alice tinha visto na visão. Ele concordou, também estava curioso e então corremos em direção a minha casa, ele se transformou em lobo, eu amava aquela forma. Quando chegamos, eu senti um pressentimento estranho, algo ruim havia acontecido.
Entrei, Jacob foi vestir suas roupas e logo estava dentro da casa de Carlisle também. A cara de meu pai não estava muito boa, estava triste, severo, diria até mais, horrorizado. Estava ele e Carlisle conversando em um canto da sala. Emmett, Rosalie e Jasper olhavam pra eles sem dizer uma palavra. Quando eu ia perguntando o porquê daquelas caras (afinal quase todos tinham na face expressões rudes) minha mãe desceu as escadas, disse oi a Jacob e me chamou lá pra cima, acho que ela não queria que eu incomodasse o papai nem o vô Carlisle.
Olhei para Jacob com uma cara triste ele respondeu com um sorriso, sabia que quando eu voltasse, ele não estaria mais ali. Acompanhei minha mãe até um quarto onde estavam Esme e Alice sentadas na cama conversando em voz baixa.
- O que houve? – perguntei a qualquer uma delas, pois nenhuma estava prestando atenção em mim.
- É melhor você sentar, meu bem!- Esme disse com um tom de voz sério.
-Renesmee, você se lembra de um rapaz moreno que Alice trouxe aqui quando os Volturi vieram nos matar?-começou mamãe a me explicar.
-Acho que lembro, deixa eu te mostrar... - passei meus dedos em seu rosto e lhe mostrei a imagem de um homem que se encaixava a esse perfil.
- É, esse mesmo. Você lembra que ele disse que o pai dele fazia crianças como você?
- Um... Sim!
-Pois os Volturi estão atrás do pai dele. Quer dizer, Demetri foi mandado pra procurá-lo e matá-lo.
-Sim, mas o que isso tem haver com a visão de tia Alice?
- Bem, o pai de Nahuel esteve aqui para pedir proteção... E trouxe consigo uma criança.
- Uma criança como eu? –eu estava assustada e notei que uma expressão sombria e dolorosa passou em seu rosto.
-É! Ela era como você.
- E o que aconteceu?
Dessa vez quem respondeu foi tia Alice.
-Demetri encontrou Johan e o matou.
- E a criança?
- Bem... Joham queria que a criássemos, mas Edward não permitiu e a matou.
Alice, depois de falar pareceu chocada com suas próprias palavras e eu também estava, mas com a atitude de meu pai.
- Como... Como ele pode? Era uma criança. Não tinha culpa de nada!-eu disse alterando a voz.
- Acalme-se querida. A intenção de seu pai foi boa. -Esme tentava me convencer em vão, eu estava enfurecida. Como meu pai pode matar uma pessoa? Uma criança! Isso justificava o fato dela querer me matar na barriga de minha mãe, só porque eu e ela éramos diferentes?
-Filha, não é isso! –Edward estava na porta com uma cara angustiada.
-Como você pôde, pai, como? Era um bebê com eu fui, diferente como eu, por que você fez isso?-eu já estava chorando quando terminei de dizer minhas ultimas palavras. Minha mãe em um minuto se pôs ao meu lado, me abraçando fortemente.
Meu pai estava imóvel e com uma cara confusa, ele queria me explicar, mas as palavras não saiam. Então minha mãe o tirou dessa situação embaraçosa.
- Edward, querido, deixe ela. Ela está nervosa, não demos a notícia para ela da maneira certa, então... Depois vocês conversam...
-É, Edward, dê um tempo a ela, tenho certeza que ela irá entender. – Esme me olhou esperando que eu me calasse, mas minha expressão ficou mais dolorosa ainda. Eu não entendia a frieza com que eles estavam tratando a morte de um inocente. Sei que eles eram vampiros, mortos e tudo mais, mas eles tinham sentimentos, meu pai tinha sentimentos, foi então que eu explodi.
-Eu vou entender? Como posso entender quando minha própria família mata inocentes? Como? Eu... Eu sou igual aquela criança! Então quer dizer que vocês me matariam?
- Renesmee! Não diga isso! Nós te amamos e você sabe disso. Então não fique dizendo essas coisas. Você não sabe os motivos que levaram seu pai a fazer o que ele fez. Você é só uma menina! Não entende os riscos que corremos!
Minha mãe falou duramente pra mim. Eu tinha me afastado dos seus braços e agora estava de frente para ela. Seu olhar era amargo, tinha dor e medo, o que me deixou assustada. Será que eu estava enganada? O que aquela criança representava? Ela era tão perigosa assim?
- Sim, filha! Ela era!
Meu pai me encarou sério ao ouvir meus pensamentos conturbados. Eu voltei a chorar e fui abraçá-lo. Senti seu corpo frio tremer com meu calor, mas continuei lhe apertando, chorando alto.
-Nessie, não precisa ficar assim, querida. Eu sei que é difícil entender. Você tem parte humana, é mais sensível. Mas só peço que me escute e tente entender, pois tudo que faço é pensando em proteger nossa família!
Eu levantei meu rosto para olhá-lo e percebi ternura em seu olhar brilhante. “Vou te escutar, papai!”. Eu pensei e ele ouviu com alegria. Mamãe, Esme e tia Alice saíram do quarto e eu sentei na cama fitando meu pai que ficou sentado na cadeira da escrivaninha.
-Renesmee, Alice te falou que Johan esteve aqui, não falou?
-Sim.
- Pois é. Ele estava desesperado, todo sujo e arrebentado. Havia lutado contra Demetri e conseguido escapar. Ele trazia uma criança, uma menina, em seus braços. Demetri estava atrás dele por que queria a criança, quer dizer, Aro a queria.
-Por quê? -eu quis saber assustada com a revelação.
- Demetri dizia que a queria para matar, mas todos nós sabemos que Aro coleciona súditos com poderes imbatíveis e essa criança possuía um. Ela era capaz de absorver o poder de qualquer vampiro ou ser humano que quisesse só com um toque, era realmente uma vampira. Johan implorou para que cuidássemos dela, mas eu sabia que Aro viria atrás dela sedo ou tarde. Foi então que pensei na segurança de nossa família, Nessie. Eu não poderia criar essa criança tão poderosa sem colocar em risco nossa família. Os Volturi nos deram um voto de confiança e eu odiaria quebrá-lo e entrar em confronto com eles novamente.
- Então... Você a...
-Era o único jeito, filha! Ou você acha que eu faria isso se tivesse outra maneira?
Eu estava chocada. Meu pai realmente tinha um argumento bem convincente que me fez refletir sobre minhas ultimas atitudes e sentir vergonha.
-Pai... Me desculpe! Eu não tinha idéia de que era desse modo...
- Não se desculpe. Eu sei o quanto deve ser difícil pra você. Foi difícil pra mim que sou vampiro, imagine pra você que é humana.
-Meio humana, pai!
Edward riu, para meu alívio, nós estávamos em sintonia de novo. Eu odiava ficar com raiva do meu pai, ele e mamãe eram as pessoas que eu mais amava no mundo. Ele levantou e caminhou até aporta e se virou, para receber o abraço que eu tinha pensado em dar nele. Eu não hesitei, às vezes acho chato esse dom de meu pai, mas até que é bem útil, torna as coisas práticas.
Eu o abracei fortemente, ele retribuiu, seus braços gelados me apertando gostosamente, esses momentos fraternais entre eu e meu pai tinham ficado raros.
-Filha, quero que siba que tudo que faço é pensando em você, na sua segurança. E por favor, tire de sua cabeça a lembrança de que eu queria ter te matado, quando você estava no ventre de sua mãe. Bem, não vou negar que eu cheguei a querer sim, mas quando eu soube o que você era, te desejei muito, e me arrependi de ter até pensado em fazer tal coisa.
A cara do meu pai ficou séria e apreensiva enquanto ele retirava algumas mechas do meu cabelo que cobriam meus olhos. Eu não queria falar, então pensei bem alto.
-Também te amo papai!
Ele sorriu largamente e me apertou contra si novamente. Depois nós dois nos separamos e ele sugeriu que descêssemos para contar que a situação havia se resolvido. Bem, ele estava só querendo fugir de mais demonstrações de afeto, pois ele sabia que tia Alice já havia visto que estava tudo bem.
Foi descendo as escadas que lembrei de Jacob e senti uma sensação estranha, um vazio, uma dor que fazia meu coração acelerar. Todos na sala tinham caras otimistas. Minha mãe veio até mim e me conduziu pela mão até o sofá onde sentamos, junto com Esme, Rosalie e Alice que já abriram sorrisos.
-Está tudo bem? Escutou seu pai? Viu que ele fez o melhor?-minha mãe sempre protegendo meu pai.
-Ok, mãe, tudo se resolveu. -eu disse dando uma olhada para a cara preocupada dela.
-Renesmee, eu quero detalhes. -mãe, sempre mãe. Levei minha mão até sua bochecha e lhe mostrei toda a conversa. Esme também quis saber e fui mostrando o filme a todas. Foi aí que tio Emmett olhou para meu pai e sorriu.
Olhei pra ele interrogando sua atitude, ele me olhou de volta com seu olhar maldoso e disparou uma gargalhada. Todos olharam pra ele, tia Rosalie o olhou repreendendo sua atitude.
-Ah, gente, qual é! Vão dizer que não esperavam que a Nessie desse umas porradas no Edward? Tudo bem que ela é meio humana, mas corre sangue vampiro nessas veias!
Tio Jasper riu alto e completou a fala irônica de Emmett, respondendo também a sua insinuação.
-Bem, levando em conta que ela é filha da Bella, se pode esperar tudo quando se fala em alto controle. Quer dizer, se a Bella que é totalmente vampira se controlou imagine essa pirralha que é metade humana. Família bem esquisita ein, Edward?
Todos nós rimos, mas eu sabia que não havia agredido o papai por puro costume, quer dizer, já faziam anos de convivência, mais de seis, então eu não era mais uma recém nascida. Bem, acho que eles se surpreendiam mais por que eu era nova e tal, e levei apenas alguns anos para me acostumar e eles levaram décadas. Menos minha mãe, ela conseguiu se controlar em alguns dias. Acho que puxei a ela nesse aspecto.
-É, Nessie... Com todo esse alvoroço esqueci de te dar o recado de Jacob.
Meu avô pareceu descontraído ao falar, mas todos na sala perceberam que meu coração acelerou só de ouvir o nome de Jacob, fiquei vermelha de saber que havia um recado pra mim. Então eu era especial para ele? Eu saberia mais tarde.
- Qual é o recado? –tentei não parecer ansiosa em ouvir, mas acho que não consegui muito bem.
-Ele disse que queria te encontrar na reserva, amanhã, cedo! Mas acho que ele está preocupado com você.
-Depois que eu subi, ele demorou muito em ir embora?-perguntei percebendo os assobios irônicos de tio Emmett e os olhos insinuantes de todos na sala. -Que foi, gente?! Perguntei algo demais?
O silêncio foi geral, então eu levantei, deixaria pra perguntar a Carlisle mais tarde, mas Esme falou retomando minha pergunta:
-É, não vejo nada demais nisso! Responda, querido!
-Bem, ele esperou um pouco, mas preferiu falar com você amanhã, então foi embora.
-A tá, nada demais, viram?-eu zoei e agradeci a Carlisle e a Esme por terem me protegido. Meu pai se levantou do sofá e minha mãe também, entendi que era hora de irmos pra casa. Dei boa noite e escutei tio Emmett sussurrar “Bons sonhos, com Jacob!”. Eu o olhei, vermelha, mais de raiva do que de vergonha, mas não respondi, só ouvi calada e furiosa as risadas de todos lá dentro.
Quando chegamos em casa, mamãe foi até meu quarto, eu já havia deitado, então ela sentou na cama e me beijou na testa, olhou nos meus olhos e ficou calada por alguns instantes.
-O que foi, mãe?
-Nada. É que eu e seu pai estávamos conversando sobre você e Jacob, bem, não seria um relacionamento normal, seria diferente...
-Mãe, espera um pouco. Que relacionamento? Caramba! O Jake chegou ontem e vocês já fantasiam um relacionamento?-eu estava impressionada. Encostei na cabeceira da cama para olhar bem para minha mãe. Sua expressão era a mais confusa possível, ela ficou sem resposta.
-Olha, não estou fantasiando nada, tá? Nem eu nem ninguém. Mas dá prá perceber que você gosta dele e é correspondida.
-Sou? Você esta sabendo de mais, não acha não, mãe? Foi o quê? Tia Alice viu algo está tendo visões sobre mim e ninguém me contou é?
A expressão em seu rosto passou de confusa para surpresa, minha mãe sempre caiu em meu jogo, quando eu queria saber algo.
-Ela te disse alguma coisa?
-Não, e deveria?
-Nessie, eu sei que é difícil de admitir, eu já passei por isso, mas eu sou sua mãe, pode me contar, filha.
-Contar o quê?
-Pensei que você gostaria de me dizer algo, mas se não quer, vou te deixar em paz.
Ela levantou, e senti, pelo seu tom de voz que estava magoada. Então a chamei e pedi que se senta-se na cama e lhe mostrei meus novos sentimentos, novas e desconhecidas emoções. Também lhe mostrei o quanto eu estava confusa com todas elas. A cada imagem que eu a mostrava, via um sorriso no canto da sua boca aparecer e sumir.
Quando as luzes das minhas lembranças se apagaram, ela respirou fundo e gaguejou algumas coisas, totalmente confusa. Bella odiava quando eu a deixava confusa, pois ela devia se sentir a mãe, dona das respostas e não a adolescente que virou vampira, embora em anos humanos ela estivesse com vinte e quatro anos, mas por dentro ela não lidava bem com a experiência de ser mãe tão cedo, e também devemos considerar que eu me tornei uma adolescente problemática muito rápido, não deu pra ela acompanhar minha mudança.
-Renesmee, é lindo o que você sente pelo Jacob, querida. E você nem compreende o sentimento direito, não é? Você está apaixonada, ô, eu não esperava que isso acontecesse tão rápido, mas aconteceu.
-Mãe, eu não posso me apaixonar por um lobisomem! Eu sou uma vampira!
-Meio vampira, meu amor. Você não oferece risco nenhum ao Jacob, já que você não possui veneno!
-Ah! Então é por isso que vocês agem todos como se isso fosse a coisa mais normal do mundo?
-Bem, mais normal não. Você é uma das poucas de sua espécie e ainda se apaixona por um lobisomem. Foi isso que eu e seu pai estávamos conversando, pensando na possibilidade de filhos, iria misturar demais...
-Filhos? Cara, vocês estão viajando! Vocês acham que eu vou me casar com o Jacob e ter filhos?- não segurei o riso, parecia até brincadeira.
Eu não pude me controlar! Minha mãe ali na minha frente me falando em filhos! A cara séria como ela falava sobre o assunto! Foi hilário!
- Nessie, não brinque com isso. É sério! Além disso você é imortal, e ele...
-Mãe! Não vamos fazer planos, ok! Você e o papai estão muito confiantes com esse romance, não é?
- Não é confiante...
- Sei, sei. Está bem, prometo avisar a vocês qualquer plano meu tá?
- OK, espero que sim!
Ela se levantou me beijou novamente e saiu do quarto devagar, como que pensando. Eu também não posso negar que fiquei pensativa com essas observações de minha mãe, ela estava certa. O que seria nossos filhos? Vampiros-lobisomens-humanos? E a imortalidade? Como é que eu poderia viver sem Jacob? Não!

CAPÍTULO 3

JACOB...


3. COMO EM UMA PROVA DE ATLETISMO, TERIA OBSTÁCULOS

Quando a avistei meu coração começou a acelerar, de novo a sensação de estar fazendo algo bom tomou meu corpo. Ela corria, mas parou ao me ver, e continuou, só que andando, de cabeça baixa, parecia mirar a areia com uma cara encabulada, não sei. Nessie parecia também estar sentindo o mesmo que eu, e isso era o que mais me assustava, eu não podia iludi-la ou decepcioná-la.
Edward e Bella só concordavam com isso por que sabiam que não vinha de mim, era mais forte que eu, por isso permitiam. Droga! O arrepio de novo não! É, toda vez que Nessie me abraçava eu me arrepiava todo, parecia não um lobo, mas um gato todo eriçado, só que em forma humana. -Oi! Cheguei na hora?-ela me olhou sorridente.
-Oi! Bem, não marquei horário, posso dizer que não estou aqui a muito tempo.
Nessie abaixou a cabeça, sorrindo, seus cabelos foram todos para frente de seu rosto, e ela parecia saber muito bem como tirá-los de sua frente. Girou levemente a cabeça, e em um segundo, todo seu cabelo estava no lugar. Isso me pareceu familiar, e era. A loira psicopata costumava fazer o mesmo movimento com a cabeça para afastar a cabeleira. Ela deve ter puxado a tia nesse aspecto.
-Então, aqui estou. Qual é o assunto?-Nessie parecia estar nervosa.
-Era pra ter algum?-eu brinquei, pois realmente não sabia por que tinha chamado ela pra vir, pelo menos não havia um bom motivo.
-O meu pai me disse que você queria me ver, imaginei que gostaria de me dizer algo, estou errada?-objetiva como sempre, ela me deixou sem reposta. Foi então que lembrei da história do nosso futuro romance, quer dizer, se a lenda toda estivesse certa, nós dois seríamos almas gêmeas.
-Eu não lembro bem por que mandei você vir, mas te asseguro que existe um bom motivo!- eu ri e ela também. Peguei em sua mão, sem olhar nos seus olhos, fui andando pela praia, procurando as palavras para desenrolar o assunto. Mas foi ela quem tomou a iniciativa.
-Ontem conversei com meu pai... -ela disse olhando para o mar - Ele parecia saber de algo sobre... -seu êxito foi para olhar minha expressão, e eu demonstrei seriedade-... Nós.
Percebi que o clima estava meio desconfortável para tratar desse assunto, então resolvi mudar até que eu e Nessie estivéssemos prontos.
-E então? Como foi a conversa com seu pai?-eu disse tentando não olhar para ela.
-Eh... Prefere que eu mostre ou conte?
-Oh! Já que você perguntou, prefiro cinema telepático!
Sua risada foi baixa, porém ouvida. Seus dedos com cuidado chagaram até a minha bochecha, sua mão estava suando, nada normal. As imagens da discussão, do choro, me causaram certa angústia, mas depois de ver eles se abraçando me acalmei. Foi aí que Renesmee retomou, de forma sutil, nossa conversa. Ela me mostrou uma conversa sua com a mãe, onde discutiam sobre um relacionamento entre nós dois.
Eu retirei sua mão do meu rosto levemente, e olhei no fundo de seus olhos. Ela parecia surpresa com minha reação, mas eu continuei olhando para tomar coragem e iniciar a conversa.
-Hum... Era mais ou menos sobre isso que eu queria falar com você...
-Eu já desconfiava. Jake, não precisa se obrigar a gostar de alguém... –como se eu tivesse escolha- Bem, se você não gostar, é claro. Olha, todos estão imaginando que nós dois... Eh... Que nós dois estamos apaixonados e isso não precisa ser assim...
-E nós não estamos?-eu falei pra ver sua expressão, que se iluminou de alegria, demonstrando que realmente havia sentimento e esperanças em seu coração.
-É, parece que há alguma coisa... Não seria certo chamar de... Amor... -ela falou, levando seu olhar para a areia. Eu não hesitei, levei minha mão ao seu queixo e trouxe seu olhar de volta ao meu.
-Você não considera esse sentimento como amor?...Você não sente seu corpo tremer quando eu me aproximo de você? Não sente seu coração acelerar quando nossos olhares se encontram? Não sente um arrepio quando sua mão pega na minha? E um...
-Um vazio quando o outro não está perto... É... Eu sinto. Mas não podemos... -ela se virou rapidamente e nossas mãos se soltaram. Nessie se abraçou, como que se protegendo, nós ficamos calados por algum tempo.
-Por que não podemos?-eu quis saber, não levando em conta os motivos que Bella á havia dado.
-Hãn? Quais são os motivos?-Renesmee me olhou confusa, pois ela esperava que eu desistisse de nós. Eu sabia os riscos, os empecilhos, tudo, mas quando eu estava ao lado dela, não pensava em mais nada. Coisas da impressão.
Na noite passada eu não dormi, considerando possibilidades, hipóteses, soluções, mas sem parar de pensar em Nessie, em seu rosto, sua voz, seu corpo... Tudo nela havia mudado, e confesso que eu também mudei, antes eu abandonaria ela se rolasse algum sentimento, eu fugiria como fiz em outras ocasiões, lutaria contra o sentimento dentro de mim.
Eu agora não queria lutar, iria enfrentar obstáculos, desafios, tudo por esse amor, eu estava pronto, preparado para amar, finalmente! Minha vontade era de pegar Renesmee em meus braços e levá-la pra outro lugar, longe do mundo. Mas isso era impossível e romântico demais pra mim. Apenas enfrentaria o que tivesse que enfrentar, e agora, bem, agora eu só queria ter a certeza de que não lutaria sozinho, eu tinha que saber se Renesmee também faria o mesmo por... Nosso amor!
-Nessie, preciso saber... -peguei novamente em sua mão e apertei-... Você me ama?
-Sim...
-Diga isso olhando dentro dos meus olhos... -ela fez como pedi, e em seus olhos encontrei força para continuar a falar -Diga...
-Eu te amo... –ela disse e pausou longamente, olhou para a areia e suspirou- Um amor impossível! Por que tem que ser assim? Eu só queria ter você pra mim...
-Mas você já me tem!-passei meus dedos por sua face, sentindo suas bochechas ficarem quentes e rubras. Ela focou seus olhos no horizonte e deixou algumas palavras saírem como sussurros.
-Não para sempre...
Lágrimas rolaram de seus olhos, eu fiquei sem ação, ela sofreria mais se continuasse me amando, então seria melhor parar de pensar em não lutar? Eu fiquei confuso e, ao escutá-la soluçar, abracei-a fortemente, ela continuava olhando para o mar.
-Mas... Eu estou disposta a arriscar... Vou lutar até o fim... Se você puder ser meu, eu te terei, nem que seja por pouco tempo. Por isso não me deixe...
Renesmee parecia ter o mesmo poder do pai, ler mentes, pois suas ultimas palavras foram decisivas pra mim. Ela parecia saber o que eu pensava, e tinha dito exatamente o que eu queria lhe dizer, só que de maneira mais possessiva.
Ela se virou para mim e retribuiu meu abraço me apertando bastante, eu fiz o mesmo, mas eu queria saber ainda como iríamos fazer para superar os obstáculos, pois eles iriam aparecer, um por um, e eu sabia que poderíamos superá-los. Me afastei de seus braços e olhando nos seus olhos perguntei só para ter certeza:
-Você enfrentaria tudo por mim... Quero dizer, por nós dois?
Sem êxito ela afirmou que sim, sua voz era firme e decidida. Então resolvi descontrair o ambiente...
-Hei! Que história é essa de filhos meio lobo, meio humano, meio vampiro?
Renesmee riu gostosamente, e olhou para a areia, sua face muito corada, pegou na minha mão e me puxou, recomeçamos a andar pela praia de La Push.
-Bem... Era só brincadeira... Você sabe como é a minha mãe... Exagerada!
-E você não pensa em ter lobinhos como filhos?
-O quê? Vamos devagar ta bem. Acabamos de começar um... Um...
-Um namoro?
-É namoro? É que ninguém me pediu, oficialmente, então...
-Não seja por isso!-me ajoelhei na areia, peguei sua mão beijei e fiquei olhando dentro de seus olhos.
-Então, Renesmee Carlie Cullen, aceita namorar comigo? Jacob Black?
-Como poderia dizer não...
-Hum! Quer dizer que você quer passar o resto dos seus dias ao lado de um lobisomem?
-Se esse lobisomem for você, está faltando é dia para que eu possa estar ao seu lado...
Sua voz ficou com um tom triste, então percebi que os maiores obstáculos eram nós mesmos, quer dizer... Eu era um lobo, Renesmee meio humana meio vampira, e imortal... Eu morreria cedo ou tarde e ela continuaria viva. Sei que ela não iria suportar me ver partir mas ela teria que viver. Mas acho que se nós dois estávamos unidos por um vínculo como a impressão, então havia um jeito para que um tivesse o outro para si o tempo necessário.
-Isso é só um pequeno problema... -tentei brincar-... Sem contar que, quando eu desistir de ser lobo, vou ficar velho e feio, mas você? Vai continuar a mesma menina com carinha de 15 anos. Isso é uma desvantagem para um lobo... Nada de imortalidade!
Eu estava em pé e comecei a andar, ela veio me seguindo, mas nossas mãos não estavam unidas, então passai meu braço por cima dos seus ombros e ficamos abraçados caminhando em direção a floresta da reserva La Push .
-É, nisso eu devo te lembrar, ser vampiro é bem mais legal... -Nessie agora estava mais animada, estava sorrindo e fazendo graçinhas.
-Oh... Nada disso! Viver pra sempre é uma desvantagem, admito. Mas nada de os vampiros serem melhores que os lobos. Nós podemos nos transformar em lobos e os vampiros não se transformam em nada, nem em morcego.
-Só por isso...
-Não... Vampiros não comem comida humana, que é uma delícia, eles preferem os humanos, que não são lá essas coisas...
-É, você tem razão, os lobos são bem mais legais do que os vampiros! Mas nada de ficar convencido, tá bem?
-Ah! Pode deixar, mas o que te fez mudar de ideia?-eu brinquei, pois Renesmee era como o pai, não mudava de opinião tão rápido.
-É que eu tenho uma quedinha por sua forma de lobo...
As bochechas de Renesmee ficaram vermelhas como de costume, eu gargalhei, eu sabia que ela gostava de mim, porém não sabia que gostava mais da parte de lobo. Eu amava aquela maluquinha, agora que voltei, chegava a doer só de pensar em me separar dela de novo. Ficar tanto tempo assim perto da pessoa por quem o lobo sofre impressão é quase impossível, mas como tenho sangue alfa, para o saudoso Quil, podia ser normal eu ter poderes de superação maiores que os outros.
Finalmente o sol começou a esquentar, deveria ser mais de meio dia. O clã dos Cullen deveria estar meio que curioso e preocupado, já que Alice era bloqueada pra nos ver. O que era ótimo!
-É, acho que tenho que ir... Você não tem algo pra fazer hoje não?
Nós dois havíamos parado embaixo de uma árvore no começo da floresta. Eu estava sentado, ela abraçada comigo, olhando para a praia.
-Bem, tenho que fazer uma ronda junto com o meu bando. Voltando a ativa novamente. Já estava ficando louco de saudades daqui. Mas é coisa rápida, por volta das seis estou sem nada pra fazer novamente.
Renesmee se levantou e me puxou, nós dois estávamos em pé agora.
-Então você pode passar lá em casa mais tarde...
-Vou pensar... Talvez eu apareça, se não surgir algo mais importante pra fazer!-o tapa que recebi por essa graçinha doeu, embora eu não tenha demonstrado.
E lá se foi minha vampirinha, pulando de galho em galho. Ai, que droga! Esqueci de uma coisa importante para finalizar esse momento! Como sou idiota! Aposto que Nessie havia se lembrado, mas esperou que eu o fizesse! Mania que as mulheres têm de esperar pelos homens! Por que ela simplesmente não me beijou? À noite eu corrigiria esse erro.
Sai dali olhando sempre pra trás, me arrependendo de tamanha burrice. Não ter beijado ela... Era o que eu mais queria! Nessie realmente não me deixava pensar direito, ruivinha mais invocada! Quando cheguei na casa de Sue encontrei os outros lá, Leah parecia nada contente quando eu entrei. Eu saí e voltei e as coisas não mudaram muito.
O bando havia diminuído um pouco, com a desistência de Paul, que agora era meu, urgh! cunhado, e a saída esperada de Sam. Foi difícil no começo, pra ele, e principalmente pra mim, mas quando meu pai se foi eu não pensei muito nas coisas, só ficou a dor. Fugi como um idiota, forçando Sam a cuidar do bando por mais um tempo.
Mas agora eu não tinha escolha, era minha obrigação tomar conta da tribo e do bando. Eu ainda estava iniciando no grupo grande, pois mesmo com a desistência de dois, ainda sobraram os mais novos, que eu só recrutava para rondas ao redor da praia ou algo assim. O bando mais velho sempre ficava preto da fronteira com os Cullen ou fazendo rondas perto ou (transformado em humano) na cidade.
Leah também não ficaria muito tempo conosco. Por incrível que pareça ela também teve uma impressão. Era estranho, já que ela se lamentava tanto dizendo que não tinha impressão por que era estéril e tudo mais. Porém só foi ela ver Kall, o instinto veio a chamá-la. Sue diz que talvez ela não seja estéril, que quando ela desistir seu corpo volta ao normal. Mas, pra que ela desista outra loba tem que entrar em seu lugar, o que é muito raro.
Ignorando a expressão dura de Leah, fiz um rápido sinal, mas que todos compreenderam, e quando eu me virei para sair todo o bando já estava dentro da floresta me esperando. Me transformei, e comecei a ouvir os pensamentos insinuosos dos outros, Leah parecia irônica quando me perguntou se eu tinha pedido a vampirinha em namoro.
Alto e claro, uivei, e todos agora sabiam que eu e Renesmee estávamos juntos, mas mesmo assim nem todos aprovavam. Seth foi o primeiro a me interrogar se eu sabia em que estava me metendo, e é claro que eu sabia. Realmente, eu havia pensado em tudo, riscos, desvantagens, complicações, obstáculos... Mas o ponto que Quil me lembrou quando nós estávamos correndo por dentro da floresta, me fez refletir mais um pouco.
“Você não acha irônico que tenha se apaixonado pelo ser que deveríamos destruir?”-esses foram seus pensamentos, e isso me abalou seriamente. Eu me recordei de palavras que eu disse a Bella, quando ela descobriu o meu segredo: “Nós só existimos por que eles existem!”
As coisas estavam se complicando, porém eu não queria pensar nisso agora, não com um bando de lobos bisbilhotando meus pensamentos. Cruzamos uma clareira bem iluminada onde o vento fazia-se ouvir com mais facilidade e com ele um som estranho, parecia um grunhido.
-CAIN! Cain... -a voz se afastou, ficou distante. Todos nós corremos em direção ao som, agora podíamos sentir o cheiro de uma lobisomem fêmea, ela estava machucada, havia levado tiros, e o pior, parecia que estava mordida por um vampiro. Isso me fez correr mais rápido.
“Ela foi mordida?” Seth quis saber preocupado.
“Parece...” Quil puxou o ar e pensando com êxito.
“É esse o tipo de coisa que vai acontecer com todos nós se Jacob continuar com essa loucura!” Jared parecia mais raivoso do que de costume.
“Pare com isso, Jared! Corra mais e fale menos!” Leah ordenou aumentando o ritmo.
Todos nós paramos perto de uma moita de samambaia sentindo agora, o forte cheiro de sangue, que estava espalhado pelo chão. Atrás da moita a jovem loba parecia quase morta, sua pulsação era fraca, eu podia ouvir sua respiração falhar. Embry tirou as plantas do caminho e observamos com horror uma linda loba, mais linda se estivesse sã, deitada no chão, coberta com sangue e terra, seus pelos eram brancos, não tão brancos, mas um tom prateado que podia brilhar ao sol.
“Ela foi mordida!” Leah pensou alto com horror, chegando próximo da loba caída. Eu também me aproximei e os outros vieram atrás de mim com passos cautelosos. Ela parecia desacordada, mas ainda sim estava viva, por mais quanto tempo eu não sei, mas estava.
“Quil, você consegue colocá-la em minhas costas, por favor?” interroguei olhando na sua direção, mas Jared foi mais rápido, e ele sem dúvidas era mais forte do que Quil para fazer aquilo. Isso exigiu a destransformação do garoto, e Leah, como de costume, virou o rosto enquanto Jared, com facilidade, colocou a linda loba nas minhas costas.
“Corra, Jake, leve-a para a caverna além da floresta, Conor deve saber o que fazer.” Leah pediu, desesperada. Eu corri o mais rápido que pude, eu já havia ido até Conor para fazer alguns reparos, ele era um antigo curandeiro da nossa tribo. Tinha remédio para quase tudo, foi ele quem ajudou Emily quando Sam a feriu.
A tarde estava indo embora quando eu me aproximei da entrada da caverna, uivei alto e no mesmo instante Conor apareceu, seus olhos se arregalaram ao ver a loba nas minhas costas.
-Entre, rápido, ela não tem muito tempo!-ele falou apontando para dentro da caverna. Uma fogueira já estava acesa quando eu entrei, depositei a loba num tapete de pele de animal que estava ao redor das chamas e me maravilhei quando transformação dela se desfez.
Ela era linda, sua pele morena clara, cabelos castanhos escuros que pareciam dourados perto da fogueira. Eu tentei não reparar no seu corpo, já que ela estava sem roupas, porém eu não pude deixar de notar sua esbelta silhueta, ela possuía um corpão!
Mesmo ferida, coberta de sangue, ela era linda! Me fazia lembrar Renesmee em alguns aspectos. Como a mordida feita no seu pescoço, era exatamente para matar, não para se alimentar, isso fez meu corpo estremecer, minha raiva por vampiro desconsiderou Renesmee por um momento, pois eu sentia vontade de matar todos eles!
Conor cobriu a menina, e então eu voltei a mim. Os outros não demoraram muito a chegar na caverna, mas todos já estavam vestidos, coisa que os lobisomens modernos como nós faziam sempre era trazer amarrado em seu pelo as roupas. Assim, em alguma emergência, estávamos sempre vestidos!
-Jake! Vá se trocar!- Leah falou, indo se ajoelhar ao lado da garota desacordada. Eu saí e notei que estava tudo escuro, então me lembrei do encontro com Renesmee! Droga! Eu não podia decepcionar Nessie, não agora. Mas também eu não podia simplesmente abandonar meu bando num momento como esse, Renesmee iria entender, ela tinha que entender.
Eu agora havia assumido as responsabilidades aqui em La Push, Sam havia casado, e o único alfa era eu. Minhas responsabilidades cresceram dentro da minha tribo e isso era importante pra mim. Não por orgulho besta, não, mas por ter que ajudar meus irmãos. Meu namoro com Renesmee era importante sim, mas as responsabilidades primeiro. Isso era fato, desde que eu fui para o Texas para aprimorar minhas habilidades como alfa com o bando de lá, eu percebi a real importância de ser um lobisomem.
Eu não era apenas um monstrinho das histórias de terror, eu era um guardião, tinha que proteger não só minha tribo, mas as pessoas ao meu redor. Então eu tinha que fazer alguns sacrifícios para ser o que eu era, já que eu não tinha escolha. Um ano e meio longe passou tão rápido que quando eu voltei era como se as coisas não tivessem mudado muito, só meus sentimentos, já que meu amor por Renesmee cresceu enquanto eu estava longe.
Antes era como se eu só sentisse afeto, um carinho fraternal por ela, mas depois, com ela crescida, algo ascendeu dentro de mim, uma fagulha de paixão misturada com carência fez o amor nascer. Antes era só como irmão, amigo, nenhum sentimento além, mas eu e todos sabíamos que isso iria acontecer, só que não tão rápido.
O que mais me assusta é o fato desse sentimento ter aparecido cedo de mais, deveria ter esperado mais um pouco, mas foi só ter uma conversa, um olhar e pimba! Ele me pegou. Acho que a ela também foi pega de surpresa.
Todas essas minhas reflexões me fizeram demorar dentro da floresta, tanto que Jared apareceu para saber se estava tudo bem. É, estava, eu acho. Nós dois entramos na caverna e eu percebi a tensão nos olhos de todos, Quil me falou que Conor havia retirado o veneno, mas que ele já havia feito bastante estrago, pelo tempo que esteve dentro do corpo da garota.
-Ela quase que não escapa e ainda estamos esperando.
Embry fez uma cara séria ao dizer a frase.
-Jovem lobo alfa, você agora irá ter que fazer algo pela garota. -Conor falou sombriamente, o que me surpreendeu.
-Sim? O que estiver ao meu alcance. –eu adiverti.
-Você terá que doar um pouco de vitalidade par a menina, para salvá-la.
Doar vitalidade... Esse era um antigo ritual que, contam as lendas da tribo Quileute, os curandeiros usavam para restaurar a vida dos membros feridos da tribo. Mas pra mim era só lenda, isso estava ultrapassando as barreiras da lógica, da realidade. Que lenda mais seria real? Cada novidade deixava minha vida mais surreal, porém isso não me incomodava.
-Como faço isso?
Todos dentro da caverna olhavam curiosos para Conor, que pediu para que todos saíssem.
-No melhor do show!-Seth resmungou.
-Por que nós não podemos ficar?-Jared também chiou.
-Esse é um ritual que envolve a vida de duas pessoas e acima de tudo concentração. Vocês não querem ver seu amigo sem alma, morto?-a voz dele soava séria e obscura. Seu rosto ancião parecia ainda mais velho, sua pele marrom perto da fogueira parecia vermelha, seus olhos fundos e puxados estavam comprimidos e seu tom era de repreensão. -Saiam, ela não tem muito tempo!
Conor apontou para a garota que agora parecia mais pálida e estava respirando com mais dificuldade do que quando a encontrei. Em um segundo, todos haviam saído, e dentro da caverna restaram apenas nós três, Conor, eu e a garota lobo. Então o curandeiro pediu que eu me ajoelhasse ao lado da garota e que segurasse sua mão. Eu fiz como ele mandou, sentindo a mão um pouco fria da menina.
-Agora, preciso que feche seus olhos e pense em se transformar, invoque o espírito do lobo que há em você.
-Mas eu não posso me transformar aqui, agora!-eu disse olhando para seu rosto, que agora estava tranqüila. Com a mesma tranqüilidade ele me ordenou:
-Faça como lhe digo, confie em mim, isso não vai acontecer. Agora faça!
Eu fiz como o velho mandou, pensei como se estivesse prestes a me transformar, mas ouvindo ele murmurar algumas palavras na língua antiga dos Quileutes, e isso me surpreendeu, era raro alguém saber essa velha linguagem.
Mas algo estranho aconteceu, quando eu comecei a sentir os arrepios, o fogo subir por dentro, cheguei a pensar que ia explodir em um lobo gigante, mas isso não aconteceu. Em vez disso eu comecei a me sentir leve, minha mão começou a liberar algo que parecia um vento frio, passando para o corpo inerte da garota ao meu lado.
Eu tentei abrir meus olhos, mas não consegui, meu corpo não estava respondendo. Mas eu sentia o pulso da garota, o sangue circulando, o coração batendo, a respiração ficando forte...
-Bum!-bastou essa palavra para eu soltar a mão da menina como se tivesse recebido uma corrente elétrica que me fez cair ao lado dela, sem forças para levantar.
-Irado! Cara, eu pensei que você já era! Sua alma começou a vazar de seu corpo passando pra garota!-Embry estava excitadíssimo com a transfusão.
-Você está bem, Jake?-Leah quis saber chegando ao meu lado e me ajudando a ficar de pé. Eu me sentia estranho, como se faltasse alguma coisa em mim, um vazio percorreu meu estomago fazendo minha barriga roncar, eu estava fraco.
-Vocês não deviam ter visto a transfusão. Se algum de vocês tivesse sussurrado e quebrado a concentração do garoto, ele perderia sua alma, e a garota também!-Conor parecia bem irritado, mas com razão.
-Me explica aí como foi esse troço. Tipo, maneiro! O Jake colocou a mão na lobinha e ressuscitou ela ou foi uma troca de alma? Jacob, cara! É você mesmo?-Quil falou em tom de zombaria.
-Eu estou bem! Apenas com fome. -eu os assegurei, ouvindo minha barriga roncar novamente.
-Isso é normal. -Conor agora estava sentado ao redor da fogueira acendendo seu cachimbo.
-Jared, pode ir passando minha grana. -Embry disse estendendo a mão. Eu olhei pra eles confuso e Jared explicou tirando o dinheiro do bolso.
-Eu apostei que você não escapava. Droga de pessimismo. Me custou dez paus!-ele disse passando o dinheiro com desgosto para Embry.
-Ei, seus idiotas, ela está acordando!-Leah falou num sussurro e todos se viraram para ver a cena. Ela abriu os olhos, levantou a cabeça, depois se apoiou num dos braços e sentou-se, olhou em volta e parece que ficou tonta. Ela fraquejou e ia cair de cabeça se eu não a tivesse apanhado.
-Você esta bem?-eu perguntei reparando nos seus olhos cor de mel. Ela virou a cabeça e me olhou assustada.
-Onde eu estou?-sua voz era frágil, mas aveludada, tanto que a pergunta saiu como um suspiro.
-Nós te encontramos na floresta, você está na reserva Quileute de La Push. -Leah a informou amigavelmente.
-La Push? Em Forks?-ela parecia bem informada.
-Sim, de onde você é?-eu perguntei assim que a vi mais lúcida.
-Eu sou do Alaska, meu nome é Sarah, qual é o seu?-ela saiu dos meus braços e se sentou, parecia bem agora.
-Oi, Sarah! Sou Jacob e esses são...
-Você é o alfa?-ela perguntou depois que encheu seus pulmões de ar.
-Eh, sou... -eu disse meio sem graça.
-Bem, continue as apresentações!-ela pediu sorridente, seu sorriso me deixou encabulado.
-Eh... -eu gaguejei um pouco, ainda sem fôlego- Esses são Quil, Embry, Leah, Seth e Jared. -eu apontei para cada um deles enquanto falava.
-Oi! Muito prazer!-ela parecia alegre e sorridente, muito comunicativa.
Eu tinha várias perguntas pra fazer a ela, mas minha barriga roncou e a dela roncou mais alto ainda, fazendo todos rirem.
-Crianças, vocês devem ir, se alimentar. Jacob e Sarah, nenhum pode se transformar por dois dias contando apartir de hoje. Se isso ocorrer vocês terão que lidar com as conseqüências.
Conor ajudou Sarah a levantar e lhe levou até um lado obscuro da caverna onde ela colocou uma capa bem fina de lã. Os machucados já estavam cicatrizando, só o do pescoço que era saliente e destacável. Um grande círculo abaixo da sua orelha.
Ela nos acompanhou até a porta da caverna.
Seguimos a diante, eu olhei para o céu, já era madrugada, olhei e me lembrei de Renesmee. Será que ela havia me esperado?

CAPÍTULO 4

RENESMEE...


4. PACIÊNCIA


Um breve flash back: Eu saí da praia de La Push quase flutuando, está certo que eu corria, mas isso não importa! Cheguei correndo em casa e fui voando para o meu quarto, ninguém estava lá, Edward e Bella deviam estar trabalhando. Isso foi o suficiente para que eu me largasse em cima da cama e fechasse os olhos para repassar para mim mesma todas as cenas que eu vivi essa tarde, com Jake!
Eu parecia boba, para uma garota que já havia viajado tanto, que falava fluentemente quatro línguas e que já havia enfrentado os Volturi, é eu estava meio boba mesmo. Mas o que importa! Eu amava aquele lobo mais do que tudo em minha vida, mais até do que minha própria vida.
Eu estava ansiosa para que a noite chegasse, totalmente empolgada, nem parecia mais a mesma garota que mofava sozinha em uma casa, só ouvindo musicas em um antigo mp8. Claro que eu não estava pretendendo planejar nada, do tipo, jantar romântico ou coisa assim, mais uma estranha vontade de ficar bonita para ele me ocorreu.
Estranho que nessa mesma hora eu tenha ouvido tia Alice se aproximar da casa cautelosamente, minha mãe e tia Rosalie vinha logo atrás dela. Bem, elas deviam estar na loja... Mas não estavam. Elas entraram e então eu rapidamente me recompus, sentei na cama e fingi que estava mexendo em meu celular quando as três entraram no meu quarto.
-Oi, filha. Como foi em La Push? Se divertiu com Jake?-minha mãe sentou-se na cama ao meu lado,tia Rosalie ficou de pé e tia Alice sentou na cadeira da minha escrivaninha.
-É, parece que foi bem divertido, os olhinhos dela estão brilhando como eu nunca vi!
-Não a constranja, Rose, deixe-a falar!- tia Alice disse e todas me olhavam curiosas, mas era pra me dizer o que?
-Que tal se você nos mostrar?-minha mãe sempre interessada nos detalhes. Então elas deram as mãos e eu tentei fazer uma coisinha que eu tinha aprendido faz pouco tempo. Eu já consigo mostrar meus atos para mais de uma pessoa, se todas estiverem conectadas. É muito útil, levando em conta a família curiosa que eu tenho.
-Ai! Que fofo! Jacob Black está ficando romântico, ein Bella?-tia Alice disse em um tom sarcástico.
-É, ele parece bem mais amolecido. E quer dizer que ele vem essa noite pra cá?-o tom dela não era de reprovação, era mais como esta pensando em voz alta.
-É. -eu disse timidamente.
-Ótimo, ele terá uma noite que ele nunca mais esquecerá!
-NÃO!-o grito saiu involuntário da minha própria garganta. Tia Alice me olhou pasma com meu comportamento, tia Rosalie também estava me olhando de modo assustado, só minha mãe que compreendeu minha reação, afinal ela também já tinha sido vítima dos exageros de tia Alice.
-Bem, nós podemos então só jantar todos juntos!
-Tia Alice! Nós não comemos, esqueceu!-é obvio que não, mais ela fazia questão de exagerar em tudo.
-Ok! Você quem sabe. Mas uma coisa você não pode me negar fazer por você...
Eu a olhei e imaginei: lá vem bomba!
-Eu vou te produzir! Arrumar seu cabelo, suas roupas, tudo!-ela apertava suas mãos juntas contra o peito de tanta empolgação, seu sorriso era maior do que costumava ficar. Eu girei meus olhos para minha mãe, ela balançou a cabeça me encorajando.
-Tudo bem, mas nada de exageros, não é um encontro formal! É apenas uma visita!-eu adiverti.
-Sem exageros?-tia Rosalie riu debochando da capacidade de tia Alice.
-Eu consigo, pode deixar, agora me acompanhe! Vá tomar um banhozinho relaxante, eu sei que sua parte humana vai ficar melhor com ele. Eu vou escolher alguns looks.
-Nada de exageros. -eu a lembrei.
-Certo, confie em mim. -ela apenas balançou a cabeça.
Deixei o quarto ainda temendo uma insanidade e fui até o banheiro do quarto de minha mão, pois Esme o havia incrementado com uma linda banheira redonda, embora raramente meus pais a utilizassem. Eu enchia a banheira e mergulhei algumas pedrinhas de sais de banho na água morna. Tirei minha roupa, sentindo em minha pele algumas pedrinhas de areia que me fez lembrar o rosto de Jacob e a tarde maravilhosa que nós passamos juntos. Parei em frente ao espelho, mirando minha figura com insatisfação. Eu reparei que eu estava vaidosa, me preocupando com coisas que normalmente eu não me preocuparia.
Tudo bem que eu não era uma vampira completa, linda como minha mãe ou minhas tias e até minha vó Esme, mas eu tinha minha beleza. É, eu usava isso pra me convencer e parar de paranóia sem importância, afinal Jacob já era meu. Mergulhei na água morna sentindo uma sensação gostosa na minha pele fazendo com que eu me arrepiasse.
A temperatura amena da água me fez lembrar um pouco a pele quente de Jacob, seu toque macio, sua mão grande envolvendo meu rosto, seu olhar no meu! Ah! Como era bom amar! Agora eu entendia como meu pai pode amar tanto a minha mãe e isso me fez lembrar o amor que minha mãe um dia sentiu por Jacob e ele por ela.
Minha cabeça rodou só de lembrar desse passado, eu não gostava de pensar o quanto eu tinha mudado a vida dos meus pais, a vida de Jacob. Afinal ele antes amava minha mãe e agora já me amava? Um pouco rápido. Mas rápido nada. Seis anos eram tempo suficiente para ele ter esquecido ela.
Terminei meu banho e me dirigi ao meu quarto e quase caí pra trás quando vi a pilha de roupas que estava em cima de minha cama. Tia Rosálie me olhou e riu da minha expressão, minha mãe me mandou um olhar como que dizendo: “Eu tentei impedir, eu juro!”.
-Oi! Bem vamos começar logo a experimentar os modelitos. Rápido senão não da tempo de provar todos!-ela disse me empurrando até meu closet para que eu pudesse colocar a primeira peça. Eu não percebi, mas depois eu notei que tia Rosálie havia saído, eu não fazia idéia do porque, mas não me importei.
-Oh, vejam só! Está linda, mais ainda sim eu achei muito simplesinho, o que você acha Bella?
Minha mãe fez uma expressão de dúvida que foi decisiva para tia Alice me mandar desfilar pelo quarto e ir além...
-Até a sala? Não é um pouco de exagero?-eu perguntei, me olhando no espelho e vendo o vestido de seda rosa que tia Alice chamava de simplesinho. Era curto, decotado, tinha babados e um laço nas costas, ele era tudo menos simplesinho!
-Não! Vá! Toda roupa tem que ser bem experimentada antes de ser usada. Vá!
-Eu saí do quarto me achando uma completa maluca como aquela roupa e para minha surpresa, tia Rosália tinha aprontado uma que eu não esperava. Quando eu apareci na sala, os sofás estavam cheios de expectadores curiosos. Tio Emmett e tio Jasper, meu pai, meus avós, Esme e Carlisle, enfim uma enorme platéia que me fez recuar.
-Fiu, Fiu!-tio Emmett foi o primeiro a chiar, seguido pelas risadas de tio Jasper.
-Venha, meu bem, você está linda. -vó Esme me encorajou.
-É, querida, venha! Não ligue para eles!-meu pai me deixou ainda mais sem graça.
Eu olhei pra trás e tia Alice estava barrando a porta, mesmo sem poder ver minhas reações ela sabia exatamente como eu iria me comportar.
Não fraquejei, fui em frente, sem olhar para os lados. Ainda arrisquei uns passinhos de modelo que fizeram todos chiarem mais ainda. Tio Emmett era quem comandava a trupe.
Quando voltei para o quarto, a sala estava tomada por gargalhadas, minha mãe me deu um olhar de compadecência e tia Alice me olhava radiante e curiosa por minha reação, mas eu não reclamei, embora estivesse cheia de raiva e vergonha. Me dirigi até o closet para vestir a peça que eu mesma tinha escolhido em cima da cama.
-Esses não vão combinar, Nessie, são muito apagados, meu bem! Olha, eu prometo não prolongar essa experiência. Mas você vai ter que cooperar um pouco, ok?
Ela segurou uma saia de oxford preta e uma camiseta de malha bege, não era mais do que eu costumava usar, então, mediante aos seus olhos pedintes, eu dei meia volta e peguei as peças na mão estendida de tia Alice.
-Você vai ficar simples, mais se é assim que você quer... Paciência! Você é igualzinha a sua mãe, só mais empolgada com festas, mais no resto...
Minha mãe suspirou, Bella era a ultima pessoa ou vampira na terra a ir em grandes eventos, mesmo depois de ter se transformado ela não havia se acostumado aos eventos que sempre a família Cullen promovia. Tia Rosálie vivia dizendo a ela que ser um Cullen fazia parte de viver aquilo, mas ela se recusava a aceitar, dizia que preferia ser Bella Swan naquele aspecto.
Me vesti rapidamente e sai do quarto esperando enfrentar minha platéia, que estava ansiosa no sofá da sala, menos meu pai que já estava na porta do quarto conversando com tia Alice. Ele me ofereceu sua mão assim que me viu e me conduziu pra fora do quarto.
-Isso, Edward, ajude-a a parar de ser tão boboca!-tia Alice exclamou assim que eu estava enfrentando minha platéia sorridente.
-Meu bem, relaxe, você sabe o quanto é importante fazer tia Alice feliz, e você também está se divertindo!-meu pai falou no meu ouvido assim que cruzamos a porta do quarto. Novos gritos e chiados e mais bochechas vermelhas.
-Você está maravilhosa, Renesmee!-meu avô me elogiou, eu apenas abaixei a cabeça.
-É, ela ta maior gata! Vai deixar aquele cachorro sem palavras!
-Eu queria ver a cara dele quando você o encontrasse!-tio Emmett e tia Rosálie sempre pensando em Jacob. Eu ainda não tinha me lembrado em pensar se Jacob ia gostar ou não, talvez eu não me importasse... Mas eu me importava.
-Eu tenho certeza que o mon... O Jacob vai gostar, querida!-meu pai sussurrou novamente quando entrávamos no quarto- Bom trabalho, Alice! Renesmee está maravilhosa!-meu pai tinha que incentivar! Tia Alice deu um sorriso expressando pretensão, que meu pai logo respondeu:- Não precisa ser tão pretensa, se eu soubesse não tinha elogiado.
Não era muito difícil imaginar o que tia Alice tinha pensado, provavelmente alguma coisa com “Eu sei disso” ou “Claro que fiz”, mas ela mesmo assim se desculpou com um olhar sincero.
-Às vezes eu me empolgo... -ela falou e voz baixa, mas audível.
Então era isso, eu já estava pronta, embora não precisasse ter passado por tudo que eu passei só por que eu ia receber a visita de meu namo... Eh... Meu amigo. Mas minha família era aquela e como eu era a mais nova eles tinham o direito de fazer aquela farra toda.
A sala já tinha esvaziado quando me virei pra olhar pela porta do quarto, meu pai também logo escapou e só ficou tia Alice e mamãe para me maquiar ou o que quer que fosse que elas iam fazer. Logo escureceu e eu estava saindo de minha casa, então, quando tia Alice se foi minha mãe me chamou e eu me sentei ao seu lado no sofá. Eu não tinha ideia do assunto, mas se minha mãe tinha me chamado era algo importante.
-Nessie, meu bem, você está feliz?-ela me perguntou olhando nos meus olhos, sua expressão era preocupada, mas sua pele pálida disfarçava a angústia em seu rosto.
-Sim, eu estou feliz, mãe!-minha resposta foi rápida demais então eu baixei minha cabeça e olhei para minha sapatilha dourada, sem querer encarar a expressão de minha mãe. Ela não sabia mentir muito bem, mas reconhecia uma mentira, ainda mais se fosse tão mal contada como aquela.
-Renesmee filha, o que está te incomodando? Nós não temos segredos uma com a outra, lembra?-é claro que eu me lembrava, mesmo por que eu sempre a mostrava tudo o que eu vivia, sem cortes.
-Bem, eu não consigo esconder muito bem, não é?-minha mãe balançou a cabeça, sua face branca se abriu em um sorriso incentivador. - Sabe, essa coisa toda de eu poder durar pra sempre e as pessoas que amo não, dói muito, mãe. Principalmente quando você as quer pra sempre ao seu lado.
-Você está falando de Jacob? Filha ele não vai morrer ou envelhecer tão cedo!-ela parecia certa disso, mas não me fez sentir mais tranqüila.
-Mãe, ele um dia vai ter que desistir de ser lobo, eu não quero ser a culpada por ele ter que carregar esse fardo, e ainda sim ele não vai ter a eternidade não. É só questão de tempo para que o gene de lobisomem para de agir, então ele começa a envelhecer, e então ele vai... -uma lágrima rolou dos meus olhos, e um soluço que estava engasgado na minha garganta saiu um pouco alto demais.
Minha mãe me envolveu nos seus braços gelados, limpou minhas lágrimas com seus dedos frios, e começou a acariciar meu cabelo, e isso me fez sentir melhor, as mães, principalmente as vampiras, devem ter algum tipo de poder de manipulação sobre os filhos, embora Bella fosse uma das poucas privilegiadas com um filho.
-Meu amor, você não precisa se sentir assim, você me lembra eu quando ainda era humana, só que eu temia ficar velha e morrer, não ficar com seu pai pra sempre, já você se preocupa em não ter Jake pra sempre, isso é muito difícil filha, complicado. São coisas que você não resolve tão facilmente, mais sempre há um jeito. Veja o meu caso, por exemplo, eu me tornei vampira e continuo ao lado de seu pai. Mas o que acontece entre você e Jacob é meio complicado.
Agora eu estava ereta olhando nos olhos dourados de minha mãe que tinha uma expressão de desesperança em seu rosto. Realmente, eu não podia transformar Jacob em um vampiro mesmo se desse, pois ele nunca ia querer e eu não podia obrigá-lo a ser o que ele mais odiava. Também não podia pedi-lo que permanecesse como lobo, eu e minha mãe sabíamos mais do que ninguém o quanto ele não gostava daquele fardo.
Eu apertei meus olhos e observei o céu pela janela no corredor que liga á cozinha, o céu estava muito escuro agora, mesmo sendo lua cheia, as nuvens a cobriam, deixando a noite negra. Black, Jacob Black! Eu tinha que me recompor, ele deveria estar vindo. Me afastei da minha mãe, e me levantei, ela me encarou com os olhos apertados, sem saber o que dizer para me confortar.
-É, depois eu resolvo esses problemas. Primeiro eu quero aproveitar o tempo que eu tenho com ele. -Bella forçou um sorriso, ela era péssima disfarçando emoções, mas eu sorri de volta. Ela levantou e foi comigo até perto do rio, aonde eu ia esperar Jacob e depois seguiu para a casa de Carlisle.
Agora eu tinha desabafado um pouco, mas não me sentia melhor, e o pior era que eu tinha me obrigado a esquecer essa parte difícil do meu relacionamento com Jacob, então eu acho que a noite estava perdida. Ou não, se eu conseguisse esquecer aquela conversa tudo ficaria bem, por enquanto.
Eu comecei a pensar na minha infância curta, nos momentos tristes e felizes que eu já havia passado entre outras coisas. Me lembrei do verão que Jacob, após perder Billy, resolveu ir pro Texas, eu não entendi muito bem esse negócio de ir se relacionar com outras tribos, mas eu acho que ele queria era um tempo pra ele mesmo. Foi um pouco doloroso, mesmo eu ainda gostando dele como meu irmão mais velho, eu me sentia sozinha, tanto que minha mãe chegou apensar que eu tinha entrado em depressão. Aí a ficha caiu e eu comecei me relacionar de novo com todos.
Eu não saía com freqüência, e quando isso ocorria, eu não me sentia confortável quando tinha que mentir para as pessoas dizendo ser parente de Edward ou de Carlisle. Eu cresci rápido demais para me passar por filha de Bella, então eu preferia ficar em casa para não ter que fazer esse teatro todo. Meu avô Charlie quando vinha me ver ou acontecia de eu ir vê-lo, sempre pulava pra trás toda vez que me via, por que eu sempre estava com um tamanho diferente.
Isso era estranho pra mim, porém suportável, e a falta de contato com Jacob, as viagens que meu pai inventava pra me tirar daquela solidão sempre me distraiam, como aquela que eu fui para o Brasil, lá no Amazonas ver Zafrina e as outras amazonas. Ou quando fui visitar a família de Tânia e mamãe acabou querendo voltar mais cedo, mesmo vendo que ela não estava fazendo nada de errado e meu pai sempre sendo cavalheiro demais.
E assim minha família ia querendo me envolver e não me excluir de uma vida normal e longe do meu lobo. Eles já tinham abdicado coisas demais por mim, até nosso segredo estava em risco. Bem, seis anos em uma cidade só era tempo o suficiente pra qualquer humano notar, a não ser que morássemos em um castelo e não saísse com freqüência, como os Volturi.
Mas minha família, os Cullen como a cidade costuma generalizar, eram e sempre vão ser diferente, até no modo de se proteger dos curiosos e desconfiados. Com o tempo, meu pai e minha mãe fizeram faculdade, algo novo pra minha mãe e trivial para meu pai. Tia Alice queria fazer outro curso dos muitos que ela já tinha feito, mas resolveu apenas em investir algo na cidade mesmo, então abriu uma boutique, nada muito sofisticado, mas bem elegante.
Cullens Boutique, assim a loja era conhecida. Minha mãe trabalhava lá também, para não ficar tão distante de Charlie. Já papai estava dando aulas em uma universidade em Port Angeles, nada muito classe Harvard, mas que disfarçava aos olhos humanos.
A aparência era outro ponto fundamental para nós, ou para minha família. Entrou em cena então tia Alice e seu estojo de maquiagem super moderno. Deixou meu pai com uns cinco anos mais velho e minha mãe com uns três. Todos eles, que sempre viam o pessoal de Forks, sempre estavam devidamente mascarados com uma aparência mais velha ou normal, pra os humanos.
Só vó Esme e vô Carlisle que escaparam. Vó Esme não anda muito em Forks e vô Carlisle agora está trabalhando em um hospital longe de Forks. Uns cem quilômetros pra ser mais exata. Era o que minha família havia feito pra me manter em Forks até o fim do meu crescimento e eu sou muito grata a eles por isso.
Essas lembranças eram tão estranhas. Eu olhei no visor de meu celular, já passavam das oito da noite, e nada de Jacob. Então as lembranças me vieram cada vez mais monótonas, como quando tia Alice me deixou dirigir o seu Porshe pela primeira vez, eu já sabia mais ou menos. Tinha praticado com a antiga Ferrari da minha mãe, com meu pai do lado, me ensinando.
Mas o Porshe era bastante potente, mais do que eu imaginava, então desastre na certa. A cara que tia Alice fez quando viu seu lindo carro amarelo debaixo de um pinheiro numa das curvas que vão para a casa dos Cullen, eu até hoje não esqueço. Mesmo meu pai tendo lhe prometido outro, ela não ficou conformada. Tio Emmett riu por uma semana, toda vez que descia na garagem.
O pior pra ela foi a frustração de não poder prever minhas atitudes, senão poderia ter evitado. Era pra pisar no freio aos poucos, pisar na embreagem e reduzir a marcha, eu fiz tudo, só que em uma ordem meio louca. Até hoje me pergunto se tia Alice já me perdoou, mesmo meu pai tendo lhe comprado outro Porshe.
Cada passagem da minha vida veio a minha mente, e o tempo parecia passar devagar, eu olhei para o céu novamente, estava claro, a lua havia surgido em meio às nuvens. Eu pensei se isso não seria m sinal, será que ele estava por perto?
De repente um vento soprou frio, fazendo com que minha pele se arrepiasse, isso me fez tremer um pouco, será que ele ia demorar muito? Que droga toda essa espera!
Dez e meia e nada, minha mãe veio caminhando, sua pele iluminada pelo luar parecia ainda mais pálida.
-Nessie, melhor entrar, filha. Acho que Jake não vai vir. -os olhos dela estavam depreciados, seu rosto estava contorcido no que eu imaginei que fosse decepção.
-Deve ter acontecido algo, meu bem. Ele deve ter tido alguma emergência na reserva. Venha, vamos entrar. -Bella me abraçou, passando seus braços gélidos sobre os meus ombros e eu, sem dizer uma palavra, entrei em casa.
Fui direto pro meu quarto, fiquei sentada na cama tentando encontrar um bom motivo pra ele me dar quando aparecesse. Meu Deus! Eu me arrumei feito uma idiota! Por que eu fui tão boba? As lágrimas quentes teimaram em cair mesmo eu apertando as pálpebras para conte-las. Meu coração estava doendo, pulsava forte, fazendo minha cabeça girar. Um leve mal estar passou pelo meu corpo quando eu me levantei.
-Renesmee, você está... Chorando, filha!- Edward me amparou quando eu cambaleei. Seu rosto estava transtornado, como se ele, de alguma forma, sentisse minha dor. Foi mais angustiante e deprimente quando eu o abracei e comecei a chorar alto no seu ombro frio.
Minha mãe apareceu na porta com uma cara confusa, mas seu olhar estava cheio de dor. Eu não compreendia, era eu quem estava sentindo a dor da rejeição, não eles. Era como se eles estivessem ligados a mim, passando por tudo que eu estava passando. O quarto estava mergulhado em silencio, que foi quebrado com mais um de meus altos soluços.
-Eu te disse, Bella! Eu te disse! Ele não tem o direito de fazer isso com ela! Ela é só uma menina! Eu vou acertar as contas com aquele cachorro logo pela manhã!-meu pai rosnava por entre os dentes para minha mãe na porta.
Eu não podia ver a expressão no rosto dele, mas eu tinha certeza que era a mais fria e dura que ele fazia, era só olhar para a cara de minha mãe para descobrir, pois ela era um reflexo do meu pai.
-Edward, ele deve ter tido seus motivos! Não é o fim do mundo! Nessie só está tendo uma crise por causa da rejeição, ela não esperava que ele pudesse a deixar esperando. Mas ela vai ter que se acostumar, Jacob ainda é meio humano também!-minha mãe se aproximou, mas recuou quando meu pai assobiou:
-Não me diga o que ela está sentindo, Bella! Eu sei muito bem qual é a dor dela!
Eu me afastei, limpei minhas lágrimas e percebi que meus pais estavam com as mascaras que eles usavam quando discutiam por alguma besteira.
-Por favor gente, eu estou bem. Pai, não precisa dizer nada a Jacob ou fazer nada contra ele. Eu só estou chorando por que eu me desapontei com o comportamento dele e mais ainda o meu.
-O seu?!-minha mãe me olhou confusa e meu pai também mirou-me com mais atenção, lendo minha mente, tentando descobrir o resto dos meus motivos.
-É, quer dizer, era só uma droga de uma visita, como ele faz todos os fins de tarde, e eu me arrumei demais, como uma idiota! Eu fantasiei expectativas para essa noite, e ele não veio, então eu me sinto uma total idiota. -mais lágrimas rolaram dos meus olhos e eu arrebentei em soluços, mas dessa vez foi minha mãe quem ficou ao meu lado. Meu pai estava imóvel, pensativo, acho que ele queria dizer alguma coisa, mais não sabia o que.
“Pai, não precisa ficar assim, você não pode me proteger de tudo, esqueceu?” eu queria dizer a frase, mais o choro estava saindo sem o meu controle estrangulando minha voz, mas minha consciência, embora dolorida, conseguiu tranquilizá-lo. Seu sorriso torto foi quase imediato, e minha mãe também relaxou, o que me fez parar de chorar.
-É bom aquele mestiço ter um bom motivo para dar, do contrário ele vira cachorro quente!-eu ri, minha mãe também, e os dois, em um ato melancólico e desesperado de afeto, me abraçaram ritmicamente.
Eu me senti melhor, mesmo ainda me achando uma idiota, então eu bocejei e meus pais automaticamente se afastaram e se levantaram.
-Boa noite, filha!-meu pai me deu um leve beijo na testa e saiu.
-Boa noite, querida! Se quiser que eu fique aqui com você... -Bella queria ainda tentar ficar comigo em uma tentativa de sentir mais seu instinto materno, mas isso não era muito o forte dela.
-Boa noite mãe, não precisa. Eu me viro!-eu sorri para ela e de volta recebi uma careta-Eu vou sair dessa, prometo! É só coisa de vampiro adolescente.
Seu sorriso agora estava sereno e tranqüilo, o que me deixou mais segura, eu queria ter a certeza de que não estava magoando nem Bella nem Edward. Se eu machucasse eles não me perdoaria nunca, ver a dor nós olhos do eu pai, a angústia nos da minha mãe, isso me deixava mal, pior do que ficar sem Jacob.
Antes de sair, ela ainda me abraçou e me deu um beijo gelado e se foi. Eu tinha certeza que eles ainda iam discutir, reconsiderando meu relacionamento com Jacob, e era culpa minha, também, que idiotice eu ter ficado daquela forma só por que Jacob não veio me visitar. O resto da noite eu passei me lamuriando, acho que era madrugada quando eu peguei no sono, imaginando o que Jacob ia ma dizer.
O dia amanheceu nublado, como sempre, eu me vesti sem pressa, revirando meu closet atrás de algo que me agasalhasse. Revirando meus cachecóis, descobri minhas antigas roupas de infância, eu me lembrava de algumas delas. Novamente memórias nostálgicas tomaram conta de mim, eu senti lágrimas rolarem nos meus olhos quando me lembrei de momentos ruins da minha vinda ao mundo.
Afinal, eu quase matei minha mãe, isso me consome até hoje. Que tipo de criança mata sua própria mãe para vir ao mundo? Uma bem má, eu suponho.
Sempre que meu pai me pegava pensando essas coisas, ele me repreendia na hora e ainda por cima contava a minha mãe. Ele sabia que eu não continuaria pensando essas coisas vendo a cara triste que mamãe fazia ao saber o que eu sentia por ter vindo ao mundo.
Um discreto golpe baixo.
Puxei de uma pilha de suéteres uma linda caixinha que parecia ter sido escondida para que eu nunca achasse, a menos que eu fosse perder meu tempo revirando roupas velhas. Era preta, e pelo peso continha algo dentro.
Eu a abri, era toda revestida de camurça e dentro tinha um anel. Claro! O anel da promessa quileute! O que meu pai não gostava que eu usasse. Foi Jacob que me deu num desses natais da minha fase como criança. Como o tempo passou! Eu já havia me esquecido desse anel. Ele era perfeito para o momento de agora.
Mais tarde eu agradeceria ao meu pai por tê-lo escondido tão bem, a ponto de eu só achar no momento certo. Ele se encaixou direitinho no meu fino dedo. Acho que na época ficava tão grande que eu o usava no meu pulso. Mas agora cabia certinho, como se tivesse sido feito no meu dedo.
Será que Jacob ia gostar se eu o usasse? Dane-se ele, o anel era tão lindo... Eu ia usá-lo papai ou Jacob gostando ou não. Afinal o dedo era meu!
-Nessie? Já acordou?
-Sim, mãe!
Bella entrou no quarto com uma cara apreensiva, sem expressões.
-Como você está se sentindo?-seu abraço fez com que minha pele se arrepiasse.
-Estou bem. Acho que ontem tive um ataque histérico, mas fique tranquila, não farei de novo.
Terminei de me vestir com um velho suéter roxo e encarei minha mãe. Ela parecia zangada agora.
-O que foi, Bel... Mãe? O que eu disse?-eu perguntei, indo até a cama sentar ao lado dela.
-Renesmee, pare de falar como se você tivesse culpa de se sentir assim! Você pode ter ataques o tempo que quiser, e não precisa se martirizar por isso. E não me chame da Bella de novo, ouviu?
-Mas eu... -ela me cortou com um olhar frio e depois se levantou, porém sua expressão já havia se suavizado.
-Olha, eu e seu pai vamos a Port Angeles, temos que rever umas escolas pra você em um lugar distante ou pelo menos uma matricula falsa para tranquilizar seu avô. -ela disse saindo do quarto. Eu me levantei e a segui para protestar.
-Mas mãe, eu pensei que vocês iam me deixar estudar aqui em Forks!-Bella já atravessava o caminho de pedra que levava a casa de vô Carlisle.
-Nessie, entenda, as coisas não são tão fáceis como parecem. Você sabe que não é totalmente humana e nas mentiras que teríamos de sustentar para que você possa estudar aqui!-minha cara deve ter me traído e feito uma expressão de derrotada, porque minha mãe finalizou o assunto ali.
-Se você se sentir muito sozinha vá à casa de Charlie, a La Push, ou qualquer outro lugar. Pode usar a minha moto, mas com responsabilidade! Tome cuidado para não machucar pessoas, tá?
Minha mãe me deixando pegar sua moto turbinada para dar um passeio em Forks? Isso estava muito estranho, e o mais estranho foi meu pai concordar com essa estúpida idéia. Quando nós entramos, ele estava sentado, assistindo algo. Mas então se levantou, abraçou minha mãe e me beijou na testa e olhou para minha expressão perplexa.
-Nessie, por que quando a gente libera pra você, você sempre acha que tem algo errado? Pegue a moto e se divirta filha! Em casa só é que você não deve ficar!
Ok! A linda mensagem que eles queriam passar era: “NÃO QUEREMOS QUE VOCÊ FIQUE DEPRESSIVA!”
-Não é bem isso, meu amor, mas se você quer por assim...
Meu pai começava a me irritar com aquele seu talento “maravilhoso!”. Mais uma vez ele me beijou e os dois desceram para a garagem subterrânea.
Tio Emmett estava no sofá ouvindo tudo, e quando eu me sentei ele emaranhou meu cabelo e começou com suas piadinhas.
-Então, quantas pessoas vai matar hoje? Hum... Deixe-me ver... -ele fingiu contar nos dedos e tia Alice surgiu no topo da escada- Ah! Alice. Quer dar um palpite sobre quantas pessoas você acha que Nessie consegue matar com a moto de Bella?
Tia Alice nos encarou, parou de descer e fez uma cara pensativa.
-Ahn... Acho que se a moto de Bella sobreviver à primeira curva da estrada, pode matar umas duas ou três pessoas nas ruas da cidade!-ela falou, seu tom divertido. Eu corei por lembrar de seu Porshe na primavera passada.
-Ow! Você esta sendo otimista de mais! Pense que se ela conseguir sair da estrada de terra e chegar a uma rua escolar ela pode atropelar uma vinte pessoas no mínimo!-tio Emmett falou mais gargalhando do que falando.
Tia Rosalie vinha saindo da cozinha nesse instante, me beijou e sentou-se comigo no sofá, recebendo um beijo de tio Emmett que ainda ria de sua piada.
-Oh querida, não deixe Emmett te chatear!-ela disse dando um soco no ombro dele- Pegue a moto e vá onde quiser, matando pessoas ou não! Só precisa se divertir!
Tio Emmett gargalhou de novo e fez um sinal de positivo com o polegar para tia Rosalie que lhe retribuiu com uma careta.
-OK! Muito obrigado pelo incentivo mais eu não pretendo atropelar ninguém, pelo menos não meus futuros colegas de escolas, tio Emmett!
Eu me levantei a tempo de receber tia Alice que acabara de descer as escadas e me abraçou sorrindo.
-Você já vai sair para onde, amorzinho? E se o lobo aparecer, o que eu digo?-tia Alice quis saber, sem conseguir ver o futuro de Jacob.
-Diga a ele que mais tarde eu estarei de volta, que é para ele me procurar. Tchau!
Eu saí pela porta da frente e desci até a garagem. Lá me encostei na linda moto prata, muito pouco usada por minha mãe ou qualquer outra pessoa da minha família. Levei alguns minutos para decidir se ia usar ou não o capacete. Mas com minha aparência eu não ia precisar dele. Apesar de minha cara ter aparência de pouco mais que quinze anos, meu corpo era bem mais desenvolvido.
Eu era mais alta que minha mãe, acho que do tamanho de tia Rosalie mais ou menos. Então qualquer guarda rodoviário ou policial poderia constatar antes de me parar que eu já tinha tamanho suficiente para andar numa moto daquela.
Sem capacete. Eu me decidi.
Fui até a gaveta onde ficavam as chaves e peguei a mais proeminente que achei, com um chaveiro nada irreconhecível. Era de metal, em formato de coração e tinha meu nome, o da minha mãe e o do meu pai, gravados nele.
Subi na moto e girei a chave, ia dar a partida quando algo me surpreendeu. Uma sombra passou por frente dos meus olhos, alguma coisa parecida com a silhueta humana, mais que desapareceu como uma cena de TV, quando alguém puxa o fio da tomada. Eu fiquei perplexa, pensei por um momento em gritar, mais seria muita covardia da minha parte. Então eu decidi que era minha imaginação e liguei a moto.
O som do motor ligado pareceu afastar a imagem borrada da minha cabeça. Quando eu passei a primeira marcha senti a adrenalina tomar meu corpo, então fui soltando a embreagem pouco a pouco até eu sai completamente da garagem e fui passando as outras marchas.
Não pude sentir a potência da moto até que cheguei à estrada que leva a cidade.
O vento batia em meu rosto fazendo meus cabelos voarem, foi então que eu percebi que teria que chegar a algum lugar. Decidi ir à casa de Charlie, afinal já fazia uma semana que eu não o visitava. Ele tinha deixado vários recados na nossa secretária eletrônica pedindo pra que fosse vê-lo. Eu pensei apenas por um instante se ele me visse em cima dessa moto se ia ter um infarto ou coisa do gênero. Meu avô não era chegado a motos.
Então, meio que a estacionei na esquina, e segui para a porta de meu avô e bati. Pelo volume da TV ele estava assistindo algum jogo de beisebol. Não demorou muito ele abriu a porta, e que surpresa ver a reação dele.
-Uau! Você parece que é minha filha e não minha neta! Meu Deus! Quando foi que você esticou desse jeito?-ele me abraçou e eu fiz uma careta quando estávamos dentro de casa. Não cresci tanto assim em uma semana. Meu crescimento estava parado ou lento, como dizia meu vô Carlisle. Charlie exagerado.
-O senhor não tem nada mais original pra dizer não, vô Charlie? Assim eu vou me sentir mais velha do que eu já sou!-eu disse, brincando com sua expressão de confusão.
-Velho quem se sente sou eu, por ter uma criança deste tamanho como minha neta! Quantos fajutos anos?-ele disse quando nos sentamos.
-Hum... Acho que fiz quinze há alguns meses... Mas eu não tenho certeza. - Charlie deu um pequeno pulo do sofá. Esse sábado seria bem divertido.
-Sério? Bem, eu não deveria me surpreender mais com sua idade... Ok! E a Bella?! Onde está aquela ingrata? Esqueceu da família. Também, com tantos novos parentes...
Charlie fez uma cara de amargura, minha mãe tinha culpa naquele caso. Ela sempre me mandava vir visitar Charlie, mas ela esquecia-se que ela era a filha, e eu, apenas a neta. Apesar dela viver na loja, Charlie não passava muito por lá. Mas sempre que dava minha mãe vinha, não era assim também! Eu segurei seu ombro e balancei de leve.
-Ela não te esqueceu, vô, só esta ocupada demais para ficar com a família. Até de mim... -eu suspirei, tentando melhorar a situação dele me incluindo no que ele estava sentindo.
-Depois que ela montou aquela loja com Alice, hum, tem se dedicado bastante. Logo ela que nuca se importou muito com essas coisas. -meu avô disse num tom nostálgico, parecendo lembrar de algo de um passado distante -É, só sobramos nós!-Charlie me puxou e me abraçou, e eu fiquei lá, entre seus braços - Puxa, que tacada! E você veio com quem?
A expressão dele estava radiante e eu não queria enfartá-lo, então decidi não mentir, mas também não contar toda a verdade.
-Eh...Eu vim sozinha, vô, eu já sou bem grandinha! O senhor queria que eu viesse com alguma babá?-a cara dele ficou um pouco pensativa, mas depois relaxou, agora ele estava olhando para a TV na sua frente.
-Não é questão de tamanho, Nessie, só que seu pai e sua mãe sempre tão preocupados com você e tudo mais. Pensei que você ia ficar mimada, como a netinha dos Cullen. -a voz de Charlie pareceu um pouco irritada, ou revoltada.
-Eu? Mimada? Netinha dos Cullen? Ah, corta essa vô Charlie! Eu ainda sou uma Swan, esqueceu? E além do mais eu não sou tão mimada, eles nem se preocupam tanto comigo como o senhor pensa. -me lembrei da moto estacionada na esquina, se eles se preocupassem de verdade não me deixariam andar nela! Mesmo eu sendo meio vampira.
-É, esqueci que você é minha neta! E um Swan que se preze nunca se deixa mimar!-eu ri com o soquinho que ele me deu no braço. Eu parecia não à neta, mais o neto que ele pediu a Deus. Acho que ele nem se importava de eu ser menina ou de que eu era supostamente adotada.
-Hei, fiquei sabendo de você e o Jake... Achei interessante, mas ele está um pouco ultrapassado pra você... -pensei ter sido uma pergunta, então neguei com a cabeça, mas parece que foi uma conclusão própria.
-A tá! Melhor um ultrapassado e com juízo, do que um novo coma a cabeça de vento!-eu fiz uma careta e ele olhou para mim e suspirou.
-Quem te contou?-claro que tinha sido a Sue, já que agora os dois estavam juntos, quer dizer, namorando.
Essa história é um pouco engraçada. Uns dois anos atrás Charlie ficava todo envergonhado quando qualquer um tocava no assunto, mas agora não, ele parecia bem à vontade. Eu até já chamava Leah de tia, embora ela detestasse esse tipo de apelido, mas começou a se acostumar com a idéia.
Seth era o que mais se agradava, quando eu o chamava de tio, ele pirava! Ficava todo bobo, começou até a chamar Bella de maninha, o que minha mãe tolerava. O importante para ela era que meu avô estava feliz e, assim como Renée, ele teve uma nova chance de ser feliz no amor.
Envergonhado e sem responder minha pergunta, ele mudou a conversa.
-Sabe, Nessie, eu notei que você está meio preocupada. Se você tiver algo pra fazer eu não te empato não, meu bem. –Charlie mudou de posição e ficou sentado ereto com o controle nas mãos olhando para o chão.
-Se eu tivesse não estaria aqui. Eu sempre venho te ver aos sábados, esqueceu? Os sábados são seus, vô, então acho melhor me tolerar!-ele me olhou, sorriu meio torto e relaxou novamente, colocando a cabeça no outro braço do sofá e os pés em cima de mim.
-Então por que essa cara de preocupada?-ele estava mesmo a fim de estragar o dia. Mas eu também contribuí, claro, eu deveria ter disfarçado melhor minha cara de decepcionada.
-É, eu tô só um pouco mal com uma coisa aí que me desapontou... -eu baixei meus olhos, ficando um pouco envergonhada.
-Um... Entendo, coisa de adolescentes. Mas deixe isso de lado e veja que tacada que vai sair agora!- é, Charlie era bem legal! Realmente a tacada foi espetacular, a bola voou por cima da torcida. Eu acabei gostando de beisebol, afinal toda a minha família era fanática pelo esporte.
-Nessie, vá a geladeira pegar uma cerveja pra mim...
-Hum... Mamãe não vai gostar nem um pouco de saber que o senhor esta bebendo... O que o médico falou, vô? Nada de bebidas, por um pouquinho que fosse... -eu estava encarando ele seriamente, e sua expressão ficou de piedade.
-Vocês e esses médicos. Como um homem pode viver sem beber uma cervejinha no final de semana? O que querem que eu beba? Coca? Pepsi? Não mesmo!-ele disse erguendo as mãos.
-Tá, a saúde é sua! Eu só não quero perder o meu avô querido!
Meu tom estava quase de dar dó, essa era uma das vantagens da minha parte vampira, eu sempre sabia fazer com que meus pedidos e ordens fossem mais apelativos do que de costume.
-Ok! Hoje eu não bebo! Por você! Mas não dá pra aguentar por muito tempo... Ah, isso é pedir demais! Uma vez ou outra não vai me matar de repente...
Charlie me olhou, pidão, eu simplesmente suspirei, pois sabia que quando eu fosse embora ele certamente beberia.
As horas se passaram um pouco lentas, então quando o meio dia chegou, Sue apareceu para fazer o almoço de Charlie, o que me deixou um pouco desconfortável, afinal ela sabia notícias de Jacob que eu não queria escutar, a não ser que fosse dele mesmo.
Ela me cumprimentou e foi para a cozinha, eu a segui, para ajudar em algo, e ela aceitou minha ajuda, me deixando fazer a salada da dieta que Charlie estava seguindo agora. Depois que seus amigos mais íntimos se foram, mamãe obrigou Charlie a afazer alguns exames de rotina, que meu, já gastado avô, não passou muito bem.
Então caiu na dieta.
-Nessie, você já viu Jacob?-Sue quis parecer uma pergunta rotineira, mas não a entendi assim.
-Quando?-eu falei indiferente.
-Hoje! Ele estava querendo te ver. Acho que era pra ele ter ido ver você ontem, mas...
Eu levantei meus olhos e a encarei e esperei terminar sua longa pausa.
-Bem, é que surgiu uma emergência em La Push. -sempre La Push, eu pensei amarga - Eles encontraram uma garota lobo machucada na reserva. Ela tinha sido atacada por um vampiro... Então ele teve que ajudar...
Claro que teve, eu revirei meus olhos e voltei a encará-la, ela agora estava com a cabeça baixa cortando algumas verduras.
-Vampiro?!-eu aspirei, esquecendo de mim e Jacob por um minuto e reavaliando as palavras dela.
-Isso. Foi Leah quem me falou. Até tiveram que fazer um antigo ritual para salva-lá.
-De onde é essa garota? Pensei que só existia Leah de garota lobo... -era o que eu imaginava, mas algo me fez estremecer com a palavra garota. Outra garota no bando? E se Jacob...
Eu afastei esse pensamento sombrio de ridículo ciúme bobo.
-É, parece que Leah não é a única. Segundo ela, a garota é do Alaska.
Alaska? Esse estado me lembrava à família de Tânia. Será que havia ocorrido algo por lá? Assim que eu chegasse em casa eu faria vô Esme ou Carlisle ligar par lá.
-E o que ela estava fazendo aqui? Quer dizer, vir de tão longe até aqui?
-Não sei muito bem, mas tem algo haver com um vampiro maluco que andou rondando um vilarejo por lá. Eles vieram em perseguição do monst...do vampiro, mas ele atacou o bando e conseguiu fugir, matando a maioria dos lobisomens do bando. Só restou a garota, que quase não escapa.
Meu Deus! Quem teria sido esse vampiro? Eu precisava ver Jacob! Eu teria que esquecer meu orgulho e ir falar com ele e com meu pai, quando ele voltasse. Mas agora Jacob era minha prioridade.
Fiz uma cara de súplica para Sue, que suspirou e me olhou perguntando se eu precisava mesmo ir agora, e eu olhei de volta com uma cara totalmente desesperada.
-Nessie, querida, você pode ir até La Push dar um recado pra mim? É coisa rápida...
-Ir onde, Sue?-Charlie perguntou da sala, por cima do ombro. Então Sue olhou pra mim e balançou a cabeça e eu saí pela porta, voando, nem olhei pra cara de Charlie. Mas eu ouvi ele perguntando se eu ia a pé e, quando eu montei na moto, vi Charlie colocar a cabeça na porta. Eu nem tive tempo de observar a expressão dele, acelerei, e sem querer fiz os pneus cantarem no asfalto, e corri, levantando água em algumas poças pelo caminho.