sexta-feira, 4 de junho de 2010

CAPÍTULO 8

8.PRIMEIRO DIA DE AULA

Olhei pela janela, entre os arbustos que cercavam a casa, ao que me parece estava nublado.
-Nessie, levante, hoje é seu primeiro dia na escola em Forks...-não sei se era a voz da minha mãe ou a voz da minha consciência.
Escolhi uma roupa a qual tia Alice classificaria como sem graça ou até feia, dependendo do seu humor. Uma calça jeans preta, blusa pólo branca com um pôlver roxo por cima, a gola branca sobressaindo pelo pôlver. Calcei meu tênis favorito, Nicke preto de cordão branco. No meu estilo eu estava, mas pela cara de tia Alice que acabava de entrar no quarto, nem tanto.
-Eu e sua mãe temos uma loja de roupas legais... Te damos as roupas mais legais ainda e você se veste assim?-ela disse e eu me olhei de cima a baixo.
-Não estou tão mal.-falei, arrumando meu cabelo ruivo e percebendo a cara pensativa de tia Alice.
-Falta algo...-ela refletiu com um dedo no queixo- Ah! Sim! Já volto.
Rápida ela saiu e eu, bem, eu torci pra não ter que trocar de roupa.
-Aqui está!-ela voltou com uma linda boina branca nas mãos.
-Obrigada!-coloquei a boina na cabeça e pensei “Estou até bonita!”.
-Está linda, afinal, você é linda.-meu pai sorriu da porta do closet.
-Ok! Missão cumprida! Hora de ir pra loja. Fazer a maquiagem!-os olhos de tia Alice brilharam, ela sempre ficava muito empolgada quando o assunto era mudar o visual.
-E então, vai querer carona?-meu pai ofereceu, na porta da garagem.
-Hum... Tenho opção?-desanimada, perguntei, ajeitando a mochila nas costas.
-Ei! Ir pro primeiro dia de aula no colegial de carona com os pais... Não é o estilo Cullen, certo?-tio Jasper deu uma forcinha.
-Ah, Edward! Meu pai conversou comigo lá na loja a respeito da Nessie de moto...-minha mãe falou, entrando na garagem com tia Alice do lado. Aquela maquiagem deixava as duas realmente velhas.
-E...-meu pai olhou interrogativo, sem poder ler os pensamentos da minha mãe, ela não era muito a fim de ficar mostrando eles ao meu pai.
-E ele disse que tudo bem, se ela não saísse de Forks ou não desse entrada no hospital.-minha mãe sorriu, entrando no carro com tia Alice.
-Bem, sendo assim...-meu pai suspirou, entrando no Prisma preto.
-Nessie, pega!-tio Jasper jogou a chave da moto.
-Boa aula, querida!-tia Alice desejou.
-Cuidado, nada de atropelamentos!-tio Jasper riu, olhando meus movimentos.
-Tchau filha!
-Tchau mãe!
Liguei a moto, quando os carros de tia Alice e o do meu pai saíram, e saí também da garagem com um estranho frio na barriga. Será que eu iria me dar bem com tantos humano s? Só lá pra saber.
A estrada estava molhada, essa noite tinha sido chuvosa e fria. Senti meu instinto acusar como se alguém estivesse me seguindo. Acelerei vendo a água espanar, a boina estava dentro da bolsa e o meu capacete preto cobria meus cabelos. Eu já tinha uma noção do que encontrar, pelo que minha mãe e meus tios haviam me falo, mas não foi isso que eu encontrei.
O prédio estava maior, a frente havia sido reformada, afinal Forks havia crescido de seis anos pra cá, pouco mais cresceu.
Assim que estacionei, fiquei tão concentrada em olhar o lugar que nem percebi dezenas de olhos em cima de mim. O estacionamento estava lotado de adolescentes e alguns pais. Coloquei minha boina, acho que não demorei meio segundo, e olhei pra frente. Andie saltava de um carro prata quatro portas, logo que me viu sorriu.
-Bom dia! Primeiro dia ein?-ela disse, assim que encontrei-a, sua voz tinha um tom de excitação.
-Bom dia Andie! Oh! Sim! Vamos entrar?- sugeri .
-Claro. Vamos lá.
Começamos a andar em direção a entrada principal do prédio, eu com a cabeça um pouco baixa, não dando atenção aos olhos curiosos que me observavam.
Entramos acho que no corredor principal, paramos, Andie parecia indecisa, olhou para os dois lado e suspirou.
-Que tal irmos até a secretaria pegar nossos horários?-sugeri tendo com base os conselhos da minha família.
-Oh! Sim. É o certo a fazer.-ela sorriu e seguimos. Agora que estávamos em um ambiente mais fechado, senti os cheiros mais fortes, concentrados e isso fez minha garganta arder.
Me controlar seria fácil, já que eu não estava sedenta, mas parar a desconfortável queimação era impossível. Eu poderia conviver com aquilo muito bem. Quando nos aproximamos da secretaria, havia muita gente.
-Na biblioteca, agora a biblioteca a distribuição de horários será lá!-uma mulher alta de cabelos negros gritou, ela aparentava ter uns 35 anos. A secretária, eu deduzi.
Como eu e Andie não estávamos no meio da multidão, nós chegamos primeiro a biblioteca, já haviam pessoas lá, mas eram poucas. A biblioteca era ampla, cheiro de pó e mofo prevaleciam ante o cheiro fraco do aromatizador de ambientes.
Distribuindo os horários estavam três pessoas, duas mulheres e um homem. Todos pareciam ter a mesma idade, entre 30 e 40 anos.
-Bom dia! Vocês são do primeiro grau?-sorridente a mulher ruiva perguntou.
-Somos!-eu e Andie respondemos em coro.
-Ok, bem, qual o nome das duas?-ela perguntou.
-O meu é Andie Cristine Silverstone.
-Renesmee Carlie Cullen.-era estranho pronunciar meu nome completo no meio de desconhecidos.
-Oh! Certo. Seu horário, senhorita Silverstone, está com o senhor Deeps.-ela apontou para o homem um pouco calvo na direita.
-Já você, senhorita Cullen, é aqui comigo. Senhora Ellen Grabs.-procurando meu horário, ela falou.-Aqui está! Seja bem vinda a escola secundária de Forks, sou sua professora de Inglês e essa é a senhora Megan Spancer, professora de Biologia e o senhor Deeps Holling, professor de Matemática.-os dois me olharam e sorriram.
-Muito prazer!-sorri de volta enquanto via Andie pegar seus horários.
-Bom dia de aula!-senhor Deeps desejou.
-Obrigada!-nós duas falamos já saindo da biblioteca.
Andie pegou meu horário e comparou. Vi um sorriso nascer em seu rosto.
-Durante a semana temos 7 aulas juntas, não é um máximo?-ela me olhou com olhos brilhantes.
-Oh! Claro que é.-tentei elevar meu nível de excitação, para que pudesse mostrar como eu me sentia em relação a isso.
-Então sua primeira aula é de Física, na sala quatro. Boa sorte! A minha é de Biologia, com a senhora Megan, sala 5. Vamos lá! Hoje só nos encontramos na ultima aula, ótimo! Assim saímos juntas!-Andie sorriu e começamos a caminhar em direção ao pavilhão onde ficavam as salas 4, 5 e 6. Eu entrei no 4 e Andie foi andando até o 5.
A primeira coisa que me chamou atenção além dos cheiros, foram os batimentos cardíacos dos adolescentes que estavam na minha sala. Eram desritmados, rápidos, bobeava sangue muito rápido para todo o corpo, deixando-o ainda mais quente e atrativo. Sentei na primeira fileira da direita, esperei das pessoas que entraram, mas ninguém sentou ao meu lado.
O senhor Oregon era o professor de Física. Olhando para ele, eu lhe daria uns 37 anos. Era aula introdutiva, então não teve muito o que aprender. Ele falou mais nas leis básicas da Física, lei da atração e da ação e reação. Aquela aula poderia ser entediante para mim, pois já havia lido sobre tudo aquilo nos livros de meu pai e de Carlisle, mas não. Estava sendo fascinante ver como os humanos aprendiam limitadamente. As aulas eram superficiais e sistemáticas, lentas eu diria para resumir. Não me admirava a atenção que os alunos davam a aula.
Minhas próximas aulas eram de Matemática, Espanhol, Inglês e Química. O sinal tocou, e os alunos saíram da sala, rápidos, eu fui uma das ultimas, e percebi que ninguém se aproximou de mim. Por quê?
Fui andando até a sala três, onde seria a aula de Matemática. Entrei por último novamente na sala, e todos me olharam. Dessa vez não sentei sozinha, um garoto moreno claro, de cabelos encaracolados seria meu colega de carteira.
Assim que sentei, olhei para ele. Estava com um fone no ouvido, enquanto o senhor Deeps se apresentava.
-Oi?-ele disse, percebendo meus olhos curiosos a lhe observar.
-An? A é! Oi! Me desculpe... Sou Renesmee Cullen... prazer!-tirei a bolsa das costas e deixei minha mão livre e estendida para apertar a sua.
-Olá, Mett Casson! Prazer... você é nova na cidade?-sua pergunta me deixou sem ar. Pensar em uma mentira universal, na que eu tinha contado a Andie, para não me dar mal.
-Não, na verdade sempre morei aqui... é que estudava em casa, sabe?-eu havia dito isso pra Andie, acho que no dia da trilha.
-Em casa? Seus pais são professores?-ele parecia muito surpreso.
-Oh, sim! Meu pai ensina em uma universidade em Port Angeles...-sorri, tentando parecer normal.
-Hum... estranho! Parece método antigo de ensino! Estudar em casa!-ele sorriu, e se voltou para o professor.
Mett parecia nervoso com minha aproximação. Senti seu coração acelerar assim que lhe disse oi, e sua respiração ficou pesada. Típico humano sofrendo uma reação a aproximação do sexo oposto. Agora, com esses pensamentos, eu parecia até meu pai. Sorri sozinha, escutando a música que passava no mp11 do garoto ao meu lado.
Era hip hop. Não conhecia o cantor. Parecia antigo. Olhei suas roupas, não parecia nada com os garotos que eu costumava ver na internet e na TV, os que curtiam hip hop. Ele vestia uma calça jeans, uma blusa pólo verde, e outra blusa de manga comprida branca por baixo.
Usava um perfume amadeirado, que me fez lembrar o cheiro de Jacob. Balancei a cabeça, afastando esse pensamento e me concentrei no senhor Deeps, que já começava a aula de introdução. Percebi que essa aula estava mais quieta, os alunos estavam mais atentos.
Até o final da aula, eu e Mett não trocamos mais nenhuma palavra. Suspirei assim que a aula acabou. Ele saiu rápido da carteira, e eu me senti rejeitada. Que bom...
Acho que Andie era a única que foi atraída por mim. Será que minha parte humana estava tão forte que a sedução da parte vampira tinha acabado? Porque isso era uma característica vampira que eu pensava ter, a atração vampira.
Era um tipo de instinto de sobrevivência, afinal minha comida deveria se sentir atraída por mim. Olhei em volta, a sala vazia, fui a ultima a sair de novo, chegaria atrasada a aula que se aproximava também. O corredor, minha garganta me incomodou, vários cheiros de sangue, quente com o nervosismo do contato entre si.
Espanhol! Essa era a aula da sala sete.
-Ariba! –foi o gritinho que ouvi de uma mulher morena assim que entrei na sala. Dessa vez quem sentaria ao meu lado, ou quem eu seria colega de mesa era uma garota negra. Olhos grandes, lábios cheios. Um cabelo escovado, muito lindo, bem cortado.
Assim que sentei, ela sorriu e se apresentou, parecia simpática.
-Oi! Sou Vanessa Shine!
-Muito prazer, Vanessa! Renesmee Cullen!-apertei sua mão.
Lá na frente a mulher se apresentava como senhorita Mercedes, a professora de espanhol. Essa aula era totalmente dispensável para mim. Espanhol, francês, português, alemão e italiano eram minhas línguas de domínio. Eu falava malmente um pouco de mandarim... ou chinês, mas era péssimo. Teria que aperfeiçoar.
Ela cumprimentou a sala em espanhol, pediu que os alunos se apresentassem em espanhol. Fiquei nervosa em minha vez. Não queria transparecer qualquer conhecimento na língua, mas perece que falei de mais.
-Me nombre ser Renesmee Cullen, muitas gracias!-sorri, em um tom tímido.
-Mui bem, mu tchatcha!-ela parecia surpresa, mas rapidamente passou a vez para minha colega Vanessa.
A aula foi divertida, senhorita Mercedes era muito comunicativa e alegre. Ainda que dissesse ter naturalidade americana, seu sangue era espanhol, ou mexicano, acho que latino.
E o sinal tocou. Agora seria a hora mais temida, a hora do almoço. Andie me encontrou no corredor. Fomos juntas, eu calada e ela me contando que amigos tinha feito nas suas três primeiras aulas.
-E você?-sua pergunta repentina na porta do refeitório me fez parar. Como explicar que meus poderes de atração vampirescos não estavam muito bem? Melhor não explicar.
-Normal...-sem perceber, e voltando a andar, falei.
-Normal o quê?-Andie me olhou interrogativa.
-Hum? Oh, sim! Sobre meus colegas? Fiz dois, na primeira aula não sentei com ninguém. Na segunda conheci o Mett e na terceira a Vanessa.-suspirei, sentando em uma mesa quase vazia.
-Vamos sentar? Eu vou logo pegar meu almoço, você não vem?-empolgada, ela nem sentou.
-Não estou com fome...-menti, sabendo que essa mentira não colaria todo dia.
-Tem certeza?-com olhos apelativos, ela ainda esperou uma afirmação positiva minha.
-Tenho. Pode ir...-respirei fundo e senti minha garganta arder.
Andie deu de ombros e partiu. Logo a mesa lotou, Vanessa sentou do meu lado, com mais algumas amigas e me fez a mesma pergunta que Mett, se eu era de Forks, onde eu estudava, trivialidades. E quando Andie chegou, descobri que Vanessa e ela já se conheciam, acho que de séries passadas.
Com Vanessa estavam mais duas garotas, ambas morenas, peles não tão escuras, uma do cabelo bem curto e liso, a outra tinha um enorme cabelo preto, encaracolado na cintura. Eram Stephenie e Sophie, sorridentes e comunicativas. Elas tinham aula comigo nas terças, quintas e sextas.
Mett estava em uma mesa na frente da nossa, sua cadeira exatamente virada para mim, seus olhos castanhos, de vez em quando, procuravam-me em meio as minhas colegas. Ele conversava alegremente com alguns colegas, sorria, e falava, obviamente, de nós, de mim também.
Não me dei ao trabalho de escutar, até por que teria que me concentrar no que minhas novas amigas falavam. Trivialidades.
Após o almoço, lá fui eu, junto com Andie, empolgada por novas amizades. Sentamos juntas, (novidade), o professor de química com um nome meio estranho, Arquimedes Suffar, que fez todos rirem.
E, finalmente, sinal tocou. Andie na frente do prédio, pra ser mais exata, no estacionamento, se despediu das novas colegas com um singelo abraço. Parecia que não iam mais se encontrar. Dei apenas um ligeiro tchau, com a mão esquerda e me dirigi até minha moto.
-Então, seus pais vão vir te buscar, ou vai querer carona?-Andie perguntou, encostando na minha moto. Acho que ela não tinha me visto descer da moto. Tirei as chaves do bolso e retirei o alarme. Ela desencostou automaticamente, sorrindo desacreditada.
-Vou de moto...-sorri, retirando o capacete do guidão.
-É sua?-surpresa, a pergunta pareceu tão boa.
-Sim.-curtamente respondi.
-Você é cheia de surpresa, Nessie!-ela faltou o ar.
-Quer uma carona?-sorri, tirando minha boina e colocando na bolsa.
-Nem poderia aceitar. Sou proibida de andar em qualquer meio de transporte de duas rodas... ainda mais com uma adolescente. Você tem idade pra ter carteira de motorista?-Andie rodeou minha moto, com a boca aberta.
-Bem, sendo neta do chefe de polícia...-sorri, vendo os olhos de Andie se moverem atrás de mim. Mett se aproximava, nem precisei virar para reconhecer o cheiro amadeirado que vinha dele. Junto com ele, mais três colegas, da mesma estatura eu diria.
Andie fez um sinal com a cabeça para que eu me virasse. Revirei os olhos e olhei para os olhos castanhos que no refeitório me procuravam tanto.
-E aí?-ele sorriu para mim e Andie, seus colegas apenas moveram a cabeça.
-Tudo bem...-Andie disse, em meio a minha mudez.
-Então, ainda não fomos apresentados... sou Mett Casson, esses são David Jump, Cristian Wood e Hanley Stuart, você é?-ele disse, estendendo a mão, enquanto sua turma só dizia em coro um “E aí?”.
-Prazer garotos, sou Andie Silverstone!-simpática, a loirinha disse, encostando de novo na minha moto.
-E essa é Renesmee Cullen, a garota que falei pra vocês...-ele disse, me olhando dos pés a cabeça.
-Olá!-me esforcei para ser simpática também, apenas não sorri.
Andie estava nervosa, seus batimentos aceleraram e Mett também, ao me olhar. Tentei me controlar, estava prestes a dar risada daquela constrangedora situação.
-Bem, vou indo! Minha carona chegou!-Andie saiu, ao ouvir uma buzina vindo de um corsa prata- Até amanhã, pessoal!-ela sorriu e entrou no carro. Acho que seu pai ia no volante, buzinou e ela se foi, deixando eu e a galera do Mett, uns olhando pra cara dos outros.
-E então, Renesmee...
-Só Nessie, se preferir...-lentamente, falei, entre os dentes.
-Ok, Nessie. Quer carona, ou seu pai vai vir te buscar?-ele disse, enquanto eu dava a volta na moto.
-Não, obrigada. Eu sou minha própria carona!-sorri, sentando na moto, coloquei sutilmente o capacete e liguei-a.
-Ual!-foram as exclamações que saíram das suas bocas abertas.
-Cuidado, mocinha! As estradas costumam ser... perigosas.-Mett disse, se afastando, ele e seus colegas. Não dei atenção. Simplesmente dei uma leve arrancada, fazendo os pneus guincharem sem querer no asfalto da escola. Todos me olharam, vi pelo retrovisor. Por dentro de mim a adrenalina corria solta.
Sentir a velocidade, pra mim era de mais!
Peguei a pista que cortava a cidade, e nem notei quando alguns motoqueiros me cercaram, quatro no total. Deduzi, lógico, a turma de Mett. E como não senti, mesmo estando com o capacete e a 60 k/h na via pública, aquele amadeirado característico?
Será que Mett era um lobo? Não! Pensamento mais idiota! Eu sentiria um lobo, ah! Isso com certeza! Mas aquele cheiro...
Buzinas cortaram a minha concentração, e logo os quatro começaram a me fechar, estavam me seguindo. Assim que peguei a estrada federal, acelerei, iria levá-los para longe da minha casa. Eu tinha combustível suficiente.
100 k/h, essa era minha velocidade mínima. Eles estavam não atrás de mim, mas do meu lado. A moto de Mett era vermelha, se destacando entre as quatro pretas que o seguiam. Logo eles tomaram minha frente, e eu, em uma manobra de fuga, bem, só mais pra tirar uma onda com aqueles adolescentes, pisei no freio traseiro, fazendo a moto girar 90° graus, e segui, no sentido contrário, de volta para Forks, agora já com 120 k/h.
Ficou fumaça na estrada, mas senti que eles não voltaram, por isso, diminuí, e fui direto pra casa. Meu primeiro dia de aula, bem, foi muito emocionante. Nenhum problema aparente, meu auto controle estava forte...
Deixei a moto na garagem, minha mochila e as chaves lá também, não havia lição de casa, então não tinha necessidade de ter a bolsa ao meu lado em casa. Assim que me virei para sair da garagem, senti uma presença estranha lá.
Olhei em volta, não vi nada, não havia odores também no ar. Dei de ombros e caminhei até a porta. Foi quando a imagem de rabisco sumiu no ar. Primeiro apareceu, para depois sumir. Foi instantâneo, coisa de meio segundo ou menos. Uma imagem de TV quando falta energia, ou quando pifa, que some a imagem, assim foi a sombra que eu vi.
Meus músculos se contraíram, e senti que meu sangue estava prestes a congelar, por tamanha adrenalina, meu instinto assassino nunca esteve tão pronto para explodir. Olhei em volta, tudo calmo. Aquilo me tirou do sério.
Aquele silêncio...
-Nessie?-a voz de tio Jasper me vez voltar a minha posição normal, sair da ofensiva.
-Sim?-perguntei, me recompondo, olhando para seus olhos dourados na minha frente.
-Como foi a aula?-tranquilamente, ele perguntou, indo se sentar sobre o capô da BMW de meu avô. Pelo visto, tio Jasper não sentiu nenhuma presença estranha. Só eu.
-Dos piores, o melhor!-suspirei, rindo. Ele apenas contraiu os lábios, no que eu achei que era um sorriso.
-Hum... interessante. Sua garganta?
-Não, não me incomodou tanto. Normal...-respondi, de pé, olhando para sua cara curiosa.
-Certo... era só...-ele finalmente sorriu abertamente, e eu saí da garagem, sem comentar nada do que tinha visto, afinal não tinha certeza de nada.
Entrei em casa, fui tomar banho, troquei de roupa, coloquei uma mais leve. Pensei em ir a La Push, mas não sabia como estava o clima lá. Sentei na escrivaninha do meu quarto, dedilhando algo no computador, até que lembrei em fazer as rotineiras tarefas domésticas.
Acho que nenhuma empregada doméstica em sã consciência viria aqui. Pelo menos não na minha casa. Na de meu avô sim, como estavam sempre viajando, ninguém em casa, tinha sempre uma equipe de limpeza lá.
Meu pai ainda quis, mas eu não me neguei a fazer tarefas leves, como tirar o pó do chão, limpar a prataria, os móveis... nós não usávamos o banheiro com freqüência, era mais eu, pra um banho, já que o sangue ingerido por nós, era totalmente absorvido, não sobrava pra expulsar nada.
Isso era bom... sorri sozinha, só de entrar no banheiro e saber que o vaso sanitário era inutilizado.
A poeira estava tirada, com super velocidade era fácil fazer tudo, e a diversão sempre acabava rápido. Então fui limpar as janelas, com um pano úmido e um limpa vidros qualquer, comecei a limpar pelo quarto dos meus pais, e fui terminar no meu.
Esguichei alguma gotas do limpa vidros no vidro, que ficou todo embaçado, e com o pano fui secando. Havia alguém atrás do vidro, me arrepiei quando passei o pano e descobri um focinho. Jacob estava aqui.
Saí o mais rápido que pude de dentro de casa, e abracei, de um jeito desengonçado meu namorado peludo. Ele uivou, creio que de contente, fungou no meu pescoço, seus olhos tristes. Eu não precisava dos poderes psíquicos do meu pai para descobrir o que aqueles olhos significavam...
Não nos veríamos mais, pelo menos não hoje. Devia ser ronda fora da reserva, isso ele fazia antes de ser alfa, com Sam, e agora estava colocando os garotos na mesma linha. Entre as árvores senti o cheiro de Quil e Jared.
-Onde está Embry?-perguntei, assim que ele se deitou, colocando aquela enorme cabeça no meu colo, cabia pelo menos as orelhas.
Em resposta ele esticou a cabeça, como quem diz: “-Ficou na reserva”.
-Hum...-indaguei.
Alisei seu pelo macio, estava curto, havia pouco tempo que ele cortara os cabelos, acho que nem um mês. Ficamos assim, até que um lobo impaciente rosnou dentro da floresta, acho que Jared. Jacob rosnou de volta, e continuou ali, recebendo meus cafunés.
Mas como tudo que é bom dura o tempo certo para ser inesquecível, Jacob se levantou, sacudiu o pelo, me respingando água da relva.
-Boa ronda, Jake!-falei, passando a mão em sua cabeça, que ele fazia questão de abaixar, para que eu a tocasse. Jake fungou e saiu, devagar, olhou para trás,e sumiu na floresta. Meu coração se apertou, não de saudade, mas lembrei da sombra, me arrepiei, e a adrenalina veio a tona.
Só de imaginar algo perseguindo Jacob, ou o atacando, meu sangue parecia se estilhaçar. Meu coração bateu mais rápido e tive que me segurar para não me transformar. Aliás, as transformações estavam cada vez mais involuntárias, não sei até quando eu poderia me segurar.
Não segui a alcatéia por um simples motivo: eu com certeza atrapalharia. Até porque, a impressão de Jake era mais forte que ele. Eu estaria colocando seu bando em vulnerabilidade quando ele descobrisse minha presença.
Então, apenas voltei para casa. Estava escurecendo já, logo meu pai e minha mãe estariam em casa. Edward, sempre pontual, Bella e tia Alice nem tanto.
-Boa noite!-meu pai, passando no meu quarto, desejou, me dando um frio beijo na testa.
-Boa noite!
-E como foi a aula?-ele sentou-se na minha cama, e eu apenas girei a cadeira da escrivaninha para ficar de frente para ele. Eu não gostava de mostrar meus pensamentos de costas, afinal era uma conversa, diferente, mas era.
-Hum... que bom que seu auto controle está assim tão forte. Mas parece-me que sua auto confiança também está bem maior, não?-assim que pensei em me sentir auto confiante, ele cortou - Querida, não estou cortando, apenas alertando. Não é bom ser auto confiante demais. Temos sempre que atentar para os erros...
-Eu sei...-deixei escapar, além de uma revirada de olhos características do momento sermão.
-Sermão, não! Conselho... ei! Que sombra é essa, que está te preocupando?-automático como sempre, ele leu o que acabara de passar em minha mente.
-Nada de mais. Paranóia minha...-comentei, e pensei da mesma forma.
-Cuidado...-ele apenas disse, e saiu.
Eu sabia que ele ia passar a noite alerta, iria comentar com a mamãe, e enfim, alertar a família toda. Assim era o sistema de proteção dos Cullens.
Assim que Bella voltou, me deu boa noite, e eu me deitei. Estava com a mente, até então, vazia. Melhor assim, meu pai poderia ouvir qualquer pensamento meu dormindo, do outro lado da casa.
Não sei como, mas só entendi uma coisa, eu estava transformada. Quando um braço gelado me envolveu no meio da escuridão do meu quarto, minha adrenalina foi a mil. Meu coração parou de bater na hora, mas quando dei por mim, só ouvi um repentino barulho na porta.
Quando Bella ligou a luz do quarto, pude ver meu pai e a porta no chão. Edward tinha as mãos cravadas no ar. Como se estivesse agarrando alguém. Minha mãe tinha na face adolescente uma expressão de horror, revolta.
Eu não entendi nada, só quando meu pai, apenas com uma calça azul do pijama, se levantou e me olhou de cima a baixo, é que eu entendi que alguma coisa havia tentado me atacar.
-Você está bem?-mamãe perguntou, vindo me abraçar. Seu corpo agora parecia quente, comparado ao meu, que estava congelado.
-Acho que sim...-gaguejei um pouco.
-Desgraçado!-meu pai xingou, socando a parede.
-Como ele...
-Entrou aqui? Teletransporte! Maldito poder!-Edward tinha ódio no seu olhar dourado.
-Mas sua presença, não fica marcada... não há cheiro algum!-minha mãe constatou, e eu também. Nós duas estávamos sentadas na cama, ela ainda com as mãos envoltas em minha cintura.
-Ele não deixa muitos rastros... não sei como fazer pra proteger a Nessie... ela está muito vulnerável...
-Ei! Que barulho foi esse?-tia Alice apareceu na porta do meu quarto, com uma cara de susto, tio Jasper estava atrás dela.
-O vampiro teletransportador...-meu pai respondeu curtamente, encostado na parede, com olhos retos em mim. Mas só os olhos, sua visão estava além de mim.
-Ele feriu a Nessie?-tio Jasper perguntou.
-Não, estou bem!-sorri, ainda transformada.
-Nessie, querida, se destransforme, não sabemos que efeitos isso pode ter futuramente. Melhor ficar normal...-meu pai sugeriu.
Tentei, e dessa vez foi fazendo força, mas não sei como, não consegui.
-Não consegue?-meu pai me encarou, seus olhos se estreitaram.
-Alice?-minha mãe olhou para ela, que ficou parada olhando pro nada.
-Não, ainda resta algum tempo. Para a definitiva...-tia Alice respondeu, voltando a se.
-Você não consegue ver quem ele é?-tio Jasper a encarou e ela apenas baixou a cabeça, desapontada com sigo mesma.
-Ele é muito inconstante, mesmo que você conseguisse ver algo, não seria permanente.
-Será que ele volta Edward?-minha mãe encarou a fisionomia preocupada e interrogativa do meu pai.
-Acho que não. Essa noite estamos em alerta, talvez ele não apareça...
Diante do talvez, minha mãe, me olhou franzindo a testa. Eu me sentia super desconfortável. Eu estava sendo o elo fraco da corrente, a vulnerável da história.
-Mas você é!-meu pai disse.
-Mas eu não queria ser! Eu posso me defender...
-Tanto que nem está conseguindo se destransformar... filha, ainda falta muito. Você não está preparada para uma luta, não agora. O que podemos fazer apenas é irmos aos nossos aposentos. Não resta mais nada. Nessie estará segura essa noite.
Eu suspirei. Detestava causar aborrecimento a meus pais.
-Mas não é você que está causando, pare com isso! É aquele monstro a solta, que quer fazer algum mal a você! Pelo menos sabemos o que ele quer...-saindo com o resto da minha família, meu pai falou, meio sombrio. Aquilo me arrepiou.
Ainda transformada, tentei dormir, não dava, a adrenalina, que fazia meu sangue se congelar, não me deixava dormir.
Tentei, como ultimo esforço, colocar meu coração para pulsar, e com sucesso, demorado, mas com sucesso, ele bateu, e bateu forte e rápido, como nenhum coração humano bateria. Como eu queria sentir o pelo daquele lobo em volta de mim agora...

6 comentários:

  1. AHH nessie,eu tbm queria sentir o pelo em volta de mim agora!!!lindooo..mto perfeito!

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  2. eu queria ser a nessie
    o jacob é muito fofo
    alem de gatooooo

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  3. eu estou gostando ate da historia so q cho q jacob nao gosta tanto da nessie quero so ver quando ela virar vampira mesmo affff...

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  4. Ela não pode se trasforma em vampira ;'/

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