sexta-feira, 4 de junho de 2010

CAPÍTULO 5

5. TRANSFORMAÇÃO

Quando cheguei à reserva, estacionei minha moto em frente à casa de Sue, e entrei lá para saber de Jacob, mas só achei a porta aberta, nada mais. Corri até a casa de Rachel, a irmã de Jacob, mas ela não sabia e Paul também não estava lá.
Resolvi aparecer na casa de Sam, eu não gostava da ideia, e não tinha certeza de que ele me ajudaria, mas tentar não custava. Bati umas duas vezes e Emily apareceu com uma cara desconfiada, logo Sam estava do lado dela. Foram eles meus salvadores.
-Bem, eles acabaram de almoçar e saíram com a nova garota para dar algumas voltas na floresta, achar pistas. Se você correr ainda alcança eles. -Sam parecia tão bonzinho, agora. Acho que o instinto lobo dele era o que o deixava ranzinzo.
Emily me desejou boa sorte e eu saí correndo para dentro da floresta. Eu não sabia muito bem que direção seguir, mas farejei até senti o cheiro forte de lobisomem. Pra mim eles não fediam tanto, acho que era a convivência ou minha parte humana que gostava do cheiro deles.
O norte, era pra lá que eu devia ir. Corri o mais rápido que pude e senti um cheiro novo quando me aproximei de uma grande árvore no meio da floresta. Meus instintos ficaram ainda mais aguçados, algo em minha cabeça começou a latejar, fazendo meu coração bater mais rápido. Algo estava vindo na minha direção, era um lobo desconhecido para mim, meu corpo tremeu e minhas veias começaram a inchar.
Aquilo estava ficando anormal, pois quanto mais perto o lobo ficava mais o meu senso de perigo aguçava. Foi quando ele atacou, e me atacou por trás. Eu senti o pesado impacto que me jogou no chão. Mas eu fui rápida e num segundo me pus de pé, mirei o lobo na minha frente, branco com um pouco de prata nos pelos do pescoço, era um pouco pequeno para os que eu estava acostumada a ver, mais ainda assim me fez ficar em alerta.
O lobo rosnou para mim e começou a circular ao meu redor, ele ia dar o bote quando... Eu não era mais eu. Meu sangue começou a... Congelar nas veias causando uma sensação de resfriamento, minha pele ficou rígida e o mais incrível... Eu não senti mais meu coração. Ele não estava batendo, mas eu ainda estava viva.
Quando o lobo pulou de novo, fui em sua direção também e, com um empurrão certeiro o derrubei em cima de uma árvore, derrubando ela também. O estrondo foi um horror, mas eu, incrivelmente queria mais. Esperei o lobo armar seu bote de novo e avancei ferozmente. Não era eu, não podia ser. Eu, ansiando uma luta sangrenta?
Ainda mais assustador, querendo matar o ser na minha frente com toda a força que eu tivesse. Eu queria me controlar, mas algo em mim era mais forte, meu corpo também parecia mais forte, o que me fez ficar ainda mais confiante. De repente eu rosnei, alto e medonhamente, o que fez o lobo recuar. Dessa vez foi eu quem pulou em sua direção, segurei-o pelo pescoço e arribei-o, arremeçando ele pra dentro da floresta.
-Nessie, pare!-aquela voz era familiar. Jacob? Eu não estava sentindo mais tanto amor por ele agora. Meu objetivo era matar aquele lobo que tinha me afrontado.
-Nessie, pare agora!-eu não conseguia! Meu corpo não me obedecia, e quando eu tentei falar outro rosnado saiu do meu peito, alto e forte. Jacob recuou o que me deixou ainda mais livre pra atacar o lobo caído dentro da mata.
Eu segui em direção da criatura, mas algo me parou, pra minha sorte. Acho que era Seth ou Jared, não deu pra diferenciar muito bem. O lobo ficou em cima de mim, mas ele não ia me segurar por muito tempo.
O que eu havia me tornado? Meu Deus! O que aconteceu comigo?
Eu agora tremia entre as patas do lobo, um calor me tomou e eu senti o sangue voltar a correr por minhas veias e meu coração começou a trabalhar como se nunca tivesse parado. Então eu pude notar agora o que estava acontecendo com o lobo caído ao chão. Ele tremia, não de dor, mas como se estivesse tendo uma convulsão, o que fez o resto do bando ficar ao seu redor. Mas, quando o lobo mostrou sinais de que ia se destransformar, todos se afastaram, só restou um lobo que eu acreditava ser Leah. O lobo acima de mim me liberou assim que sentiu que eu não ia mais resistir, afinal eu estava imóvel embaixo de suas enormes patas.
A transformação se desfez revelando uma garota. Devia ser a que Sue havia me dito. Ela era muito bonita, e estava completamente pelada e desacordada, tendo um ataque que parecia ainda mais forte na forma humana.
-Renesmee, se afaste daqui!-era Jacob, ele falava friamente, por entre os dentes, o que fez meu estomago revirar e meu coração doer. Ele estava na forma humana, e isso me desnorteou um pouco, ele parecia preocupado, não comigo, mas com a menina caída a uns passos de distância.
Leah a cobriu com algumas folhas e Jacob se aproximou, sacudindo a garota e sussurrando algo em seu ouvido. Eu estava totalmente de pé, mais ainda sim, não conseguia sentir o chão nos meus pés. Era como se eu não estivesse ali, e a garota na minha frente tivesse sido uma vítima minha, eu era a criminosa e ela a vítima.
Isso me fez cair na real e sentir o peso do que eu havia feito, como eu tinha agido, Jacob na minha frente me ignorando,dando atenção a uma loba que eu ataquei. Mas ela quem começou... esse pensamento não ia me salvar, era tão infantil pensar isso. Eu deveria ter fugido, não machucado ela.
-Acorde, Sarah! Vamos lá!-Jacob parecia desesperado. Então a menina parou de tremer e ficou imóvel nos braços dele. Leah, que havia sumido, voltou na forma humana com alguma roupa na mão, então Jacob se afastou.
A dor no seu olhar me causou mais sofrimento ainda. Se eu pudesse me matar, eu o faria. Ele não falou comigo, apenas deu as costas para Leah colocar as roupas na garota desacordada. Ela já parecia melhor, que dizer, não estava mais tremendo nem respirando com dificuldade como antes. O que eu fiz! Eu abaixei meu olhar e senti as lágrimas rolarem, pesadas, meus soluços fizeram Jacob erguer a cabeça, então eu levantei meus olhos para enfrentar a fúria dos seus.
Mas a fúria não estava lá. Havia algo pior. Ele estava decepcionado.
A sua decepção foi pior do que qualquer ódio, e isso me fez sentir meu corpo, e com ele a dor que emanava do meu peito. Jacob viu meu sofrimento, mas não estava querendo me ajudar, pois quando Leah o chamou ele se virou sem ao menos me dizer uma palavra.
-Jacob, é melhor tirar ela daqui!-a voz de Seth parecia um pouco nervosa. Ele e os outros já vinham se aproximando de onde nós estávamos. Seth me olhou com uma cara desconfiada, eu ainda estava chorando, então ele virou-se para Jacob que parecia nem perceber que havia alguém ali.
Eu sabia que era intrusa então, sem dizer uma palavra, me virei para ir embora, foi então que Leah me chamou.
-Renesmee...-eu me virei assustada, Jacob estava encarando Leah com us olhos entreabertos e de cara feia.
-Sim...-minha voz saiu junto com um soluço.
-É... Desculpe pela reação da Sarah, é que foram os vampiros que mataram o bando dela, e por isso, quando ela sentiu seu cheiro confundiu você com um vampiro. -eu não acreditei, Leah pedindo desculpas? Sua cara parecia sincera. Mas ela tinha razão, foi à loba quem me atacou. Eu só me defendi, quer dizer, eu também quis continuar lutando, mais foi por causa da transfor... Ops! Eu tinha me esquecido do que eu tinha me transformado enquanto lutava.
Eu me tornei uma vampira completa! Foi só por isso que eu lutei! Agora as coisas estavam claras, não fui eu, propriamente dizendo, mas sim meu lado vampiro que tomou conta de mim!
-Não seja ridícula, Leah! Renesmee continuou a lutar por que ela quis! Sarah só estava descontrolada, mas Renesmee parecia saber muito bem o que estava fazendo, não é mesmo, Nessie?-Jacob estava sendo o que eu mais odiava que ele fosse, irônico! Que inferno! Não fui eu!
Eu queria gritar pra ele, pra todos que me olhavam com cara de juiz, menos Jacob, esse estava com uma cara dura, séria me encarando, esperando minha reação. Eu simplesmente dei as costas e comecei a correr, correr e correr, sem olhar pra trás. Minhas lágrimas eram levadas com o vento.
Não demorei muito a chegar em casa, e só lá eu me lembrei da moto. Mais, que se dane a moto, meu pai comprasse outra ou fosse buscar! Eu estava mais interessada em saber o que ocorreu comigo, isso sim. Entrei em casa de supetão, batendo a porta e enxugando as lágrimas que teimavam em cair. Notei algo frio e de metal no dedo. O anel! Retirei-o com ira e o atirei em algum ponto da sala. Fui para meu quarto.
Deitei na cama querendo ficar sozinha, mais não foi possível. Tia Alice entrou com tia Rosalie logo atrás. Eu estava no meu quarto, deitada de bruços, soluçando alto e dando socos na cama. Totalmente descontrolada.
-Nessie, querida, o que aconteceu?-tia Alice sentou-se do meu lado e me puxou para seu colo frio. Tia Rosalie estava de pé me olhando com uma cara assustada.
-O que aquele cachorro te fez, Renesmee? Por que está assim?-tia Rosalie tirou os cabelos da minha cara e me encarou. Eu não estava em condições de responder, só soluçava.
-Acalme-se querida! Conte-nos tudo, por favor!-tia Alice estava com uma cara super preocupada, sua testa enrugada, me mirava assustadamente.
-E...u...so...u...sninf!...um...monstro!-eu, com muito esforço consegui gritar e arrebentar em choro novamente. Tia Rosalie, beijou minha testa e se ajoelhou na minha frente segurando nos joelhos de tia Alice.
-Meu bem! Quem te disse isso? Você nem é totalmente uma vampira e se acusa tanto!-tia Rosalie me disse esfregando minhas costas.
-O que você fez para se acusar desse jeito?-tia Alice me perguntou depois de um longo silencio. Eu já estava fisicamente mais calma, então a única coisa que eu pude pensar era em falar com meu avô, Carlisle! Só ele poderia saber o que estava havendo comigo.
-Onde...onde está meu vô?-eu disse me levantando.
As duas me olharam assustadas e depois de se entreolharem responderam em coro:
-Está trabalhando!
Peguei meu celular na cabeceira da cama e procurei o número dele na agenda e o disquei. Chamou e Carlisle não demorou muito a atender.
-Alô? Nessie? O que acont...
-Eu preciso que o senhor venha agora!-eu disse recomeçando a chorar.
-Mas o que aconteceu meu amor?-a voz de Carlisle parecia preocupada.
-Eu preciso de ajuda. Por favor, vovô, venha rápido!
-Está bem, estou indo!
Ele desligou e eu sentei na cama chorando. Levantei minha cabeça e percebi que minhas tias estavam me olhando curiosas. Desde quando eu me levantei elas não tinham mudado de posição, pareciam duas estátuas de mármore.
-Então, vai nos falar?-tia Alice me encarava, séria.
-Eu me transformei em vampira!-eu disse vendo suas expressões ainda mais confusas.
-Como assim?
-Eu não sei explicar, tia Alice. Só sei que eu estava na floresta e uma garota lobo me atacou e então meu coração parou de bater, meu sangue parou de circular, e como uma recém nascida, eu comecei a ter sede por luta, por vingança e por morte.
A cara delas estava perplexa. Nenhuma falou mais, só piscavam sem compreender muito bem. Foi então que eu ouvi um carro chegando, não podia ser Carlisle, ele tinha acabado de desligar.
Então só podia ser meu pai! Que ótimo, eu estava salva. De supetão me levantei da cama e sai correndo pelo curto caminho que levava a garagem da casa de Carlisle.
Minha mãe desceu do Volvo primeiro e me viu com os olhos inchados e veio correndo me abraçar. Meu pai saiu do carro já com uma cara de desespero, ele já devia ter lido minha mente.
-Me conte tudo!-mamãe implorou.
-Eu...
-Ela se transformou em vampiro! Mas como? Como foi isso, Renesmee?-meu pai me interrompeu, sua expressão estava perplexa.
-O quê? Me mostre agora, Renesmee!
Eu, ainda com os braços ligados a ela, passei uma das minhas mãos por seu pescoço gelado e lhe mostrei o bizarro acontecimento, escutando os “oh!” de minha mãe em cada cena perturbadora.
Meu pai esperou tudo em silêncio, ele devia estar vendo tudo como minha mãe, então me poupava explicações.
-Mas como isso aconteceu? Isso pode realmente acontecer?
Virando-se para meu pai, minha mãe o interrogou e ele com a cara mais confusa ainda, só deu de ombros, sempre me encarando.
-Quem é essa loba?-minha mãe me olhou e fez outra cara de interrogação.
-A melhor pergunta, Bella meu amor, seria quem foi o vampiro que massacrou o bando dela. Não percebemos nenhuma presença de vampiros na área.
-Sim, mas da onde veio essa garota? E...-acho que ela ia perguntar o porque ela me atacou, mas depois da pergunta de meu pai, ela percebeu o motivo.
Quando nós três nos calamos e entramos, passou-se mais ou menos uns quinze minutos de interrogações sobre a transformação e vô Carlisle chegou.
-Carlisle?-meu pai me olhou - Você o chamou?
Eu afirmei com a cabeça, e ele tirou seus olhos de mim para esperar Carlisle entrar em casa.
-O que houve? Qual é a urgência?-Carlisle estava perturbado ao ver nós três reunidos assim cedo na sala.
-Bem, mostre a ele, Nessie.
Eu fiz a mesma coisa que fiz com minha mãe e Carlisle reagiu parecido, acrescentando em suas exclamações algo do tipo “fascinante!”, “incrível!”, isso me deixou um pouco nervosa.
-Nessie! Você se tornou vampira? Meu Deus! O que houve? Vamos até meu laboratório, tenho que examinar seu sangue!
Meu pai pareceu concordar, e lá fomos nós, mas não sem antes crescer o grupo, agora eram seis, pois tia Alice e tia Rosalie se juntaram a nós. Eu precisei lhes mostrar tudo para elas me deixarem em paz e a meu pai também.
-Sente-se, vou usar essa agulha de titânio para tentar penetrar sua pele e colher uma amostra.
Realmente não doeu tanto, afinal quase a agulha não entra, por um momento Carlisle pensou em rasgar minha pele com os dentes, mas não foi necessário.
Da agulha, meu sangue foi direto para uma lâmina no microscópio, que foi analisada por meu pai e vô Carlisle, a cada olhada um olhava para o outro e falavam alguma coisa. Todas as mulheres aguardavam ansiosas na sala do laboratório, minha mãe do meu lado, em pé e eu sentada em uma cadeira reclinada de cirurgia. Tias Alice e Rosalie esperavam em pé na porta.
Depois de vários minutos de espera meu pai e meu avô nos encararam surpresos e um pouco desapontados, o resultado não devia ter sido dos mais animadores.
-É, eu acho que Renesmee vai sim se tornar...
-Vampira?-eu interrompi, com uma voz estrangulada.
-Isso. Seu sangue está mudando, lentamente, mas está. Em alguns meses você deve se juntar a nós.
Carlisle foi mais forte do que meu pai para me dar a notícia, pois ele parecia petrificado, me encarando com uma expressão de dor e angústia. Ele sabia que em minha mente eu não queria aquele destino.
-Enquanto a mutação não se completa, é bom não ficarmos irritando Nessie. -tia Alice os advertiu - Ela ativa o modo vampiro por meio de raiva ou adrenalina.
-É, isso é uma curiosidade que se assemelha mais ainda aos lobos, ela parece um tipo transmorfo, pois tem o poder de mudar de forma em situações que sejam desconfortáveis ou ameaçadoras, porém ela age como se fosse uma recém nascida.
Eu já tinha me dado conta disso antes, então eu era capaz de me transformar em vampira para lutar? É, tirando a parte de que eu posso ficar assim pra sempre, minha transformação era bem legal. Meu pai me encarou quando ouviu meu estranho pensamento de animação. Ele me olhou com repreensão, querendo me dizer que isso não era brincadeira, pois se tratava da minha vida.
Baixei minha cabeça e pensei por um minuto, o silencio reinava no laboratório, até que meu pai olhou para tia Alice e perguntou:
-Alice... Você não vê nada, quer dizer, mesmo Nessie se tornando vampira?
Tia Alice parou por alguns minutos. Seus olhos perderam o foco e em alguns segundos um oh! escapou da sua boca.
-No verão... Vejo uma linda vampira no verão. E só.
Meu pai franziu a testa de dor. Minha mãe me abraçou com mais força e meu pai se juntou a nós.
-Mas Edward, por quê Nessie? Nahuel e suas irmãs não passaram por isso, passaram?-minha mãe encarou seriamente meu pai.
-Não sabemos, Bella. Isso é um fator genético e não poderia ser normal. Um meio vampiro não é um ser comum e nem com um modelo comum. Veja Nessie. Em seis anos seu desenvolvimento parece completo.-vô Carlisle falou quando meu pai se afastou de nós.
-É uma raça imprevisível, Bella. Nunca foi estudada, não a um padrão a seguir. E como o desenvolvimento de Nessie se deu mais rápido que os outros, isso implica em aceleração no gene de vampiro todo. Assim, por ter tido um rápido crescimento, seu lado vampiro se mostrou maior que sua parte humana.
Meu pai completou. Todos no laboratório pareciam derrotados. Minha mãe ainda me apertava junto aos seus braços frios. O desânimo estava na face de todos que resolveram se retirar.
Tia Rosalie foi a primeira a sair do laboratório, eu também queria sair mais não conseguia, eu parecia paralisada em cima daquela cadeira. Vô Carlisle ainda estava analisando a amostra quando eu achei forças para descer da cadeira e ir para minha casa.
-Meu bem, não fique assim, você vai gostar de ser uma vampira, afinal você já é quase uma.
Minha mãe me encorajou, descendo a escada abraçada comigo.
-Não diga isso, Bella amor. Você sabe que Renesmee nunca gostou dessa condição. Filha, não é culpa sua, e ele não vai te deixar, nunca, nem se você for uma vampira.
Meu pai me fez corar, pois eu havia acabado de pensar em Jacob, ele detestava vampiros, como ele poderia amar uma? Era pedir demais.
-Não pense assim, Nessie, você não sabe o quanto ele está ligado a você.
Minha mãe fez uma cara de repreensão para meu pai, que, mesmo não podendo ler a mente dela, ficou quieto. Enfim, em casa. Fiquei deitada pensando, meus pais conversavam na sala, falavam tão baixo que se eu fosse humana não ouviria nada. Eles sussurravam algo sobre uma atração que poderia acabar, eu não entendia muito bem.
Depois de algum tempo os dois se levantaram e vieram me ver. Meu pai deve ter percebido que eu estava escutando a conversa, era difícil ouvir qualquer coisa deles quando meu pai consegue descobrir a distância que eu estou ouvindo.
-Nessie. Podemos entrar?-minha mãe perguntou apenas pela delicadeza do momento, por que realmente ela não se importava com essa condição. Os dois entraram com caras mais otimistas, o que será que estavam planejando? Alguma viagem?
-Não, filha, não se trata de viagem. É sobre o colégio em Port Angeles, achamos um perto da universidade onde eu estou lecionando. Não é interno e você pode ir e voltar de moto ou de carro, como preferir.
-É, a escola é muito boa, mas estamos considerando Forks como uma segunda opção, bem forte!
Minha mãe tentou suavizar a minha expressão que ficou totalmente revoltada com a possibilidade de meu pai. Mas ele não parecia gostar da ideia, e me olhou pensativo.
-Talvez, Nessie, talvez, não se anime, Forks é uma candidata, mas não a preferida.
Ele me disse me olhando repreensivamente, seu olhar estava contraditório, pois meus pensamentos estavam revoltos.
-Como posso estudar fora da cidade prestes a virar uma vampira?-eu atirei.
-Mas esse é um dos motivos pelo qual estou te afastando. Uma revelação aqui em Forks implicaria em mudanças e outras consequências, então estudar em Port Angeles seria bem mais seguro.
É, seria, como é que ele podia ser tão lógico? Meu pai nunca apresentava uma possibilidade sem antes saber suas complicações. Eu refleti por mais alguns segundos, olhei pela janela e suspirei.
-Filha, só por três anos, só isso! Você vai gostar de se relacionar com os humanos, antes de...
Bella não completou a frase, eu pensei na possibilidade de me controlar e não me tornar um monstro na frente de ninguém em Forks, mas meu pai, ao ouvir meu pensamento ficou perturbado com minha insistência e me encarou querendo falar algo. Até minha mãe percebeu e nós duas ficamos olhando para ele esperando suas ultimas palavras, pois sempre ele encerrava as discussões.
-Bem, essa é uma possibilidade, afinal eu me controlei por que você não pode o fazer?
A esperança brotou em meu rosto em forma de um sorriso.
-Não considere minha dúvida com um sim. Vamos te matricular aqui, afinal o ano letivo está prestes a começar. Mas será apenas como experiência, a qualquer sinal de fracasso você vai para Port Angeles sem direito de apelação!
Eu pulei da cama e abracei meu pai como nunca tinha feito, pelo menos uma boa notícia nesse dia tão triste da minha vida.
-Não pense assim, pode vir dias piores!-meu pai sussurrou por debaixo do fôlego.
Quando nos separamos olhei pela janela do quarto e a noite já estava chegando, e com ela o barulho do motor de uma moto.
-Renesmee, onde está a moto de sua mãe?- meu pai perguntou ao ouvir o barulho também.
-Deixei em La Push. -eu respondi sem me preocupar com a reação dele.
-Então alguém veio trazer. -minha mãe sussurrou com um sorriso no rosto.
Será que Jacob havia esquecido a raiva e tinha vindo falar comigo? Improvável, mas possível.
Nós saímos do quarto e fomos direto para a garagem, mas quase chegando à porta, meu pai me deteu.
-Jake quer falar com sua mãe, Renesmee, sua presença causará um constrangimento desnecessário, então acho melhor você esperar comigo na casa de Carlisle.
Eu acenei com a cabeça, sem entender muito bem as intenções de Jacob de conversar com minha mãe. Minha mãe entrou me encarando e meu pai seguiu para dentro da casa, eu ia segui-lo, mas ao ouvir a voz de Jacob eu resolvi ficar na porta escutando a conversa. Meu pai não voltou para me chamar, ele deve ter ouvido minha intenção.
Mas com meu coração batendo aceleradamente seria difícil não ser notada em uma casa que só havia vampiros. Então, ao passo de toda adrenalina e excitação, me concentrei e imaginei a cena da luta na floresta e novamente senti o gelo me subir nas veias, afinal não era tão difícil fazer a transformação, eu só tinha que controlar meus instintos, que agora estavam mais aguçados.
Assim eu o fiz e fiquei escutando a conversa dos dois e eles não pareceram notar minha presença. Como meu coração não estava batendo, o silencio ficou propício para ouvir qualquer barulho vindo de dentro da garagem.
Primeiramente Jacob cumprimentou divertidamente minha mãe, ele não parecia irritado. Minha mãe quis parecer casual e lhe interrogou sobre quem era a garota lobo e outras trivialidades que não me interessavam. Depois, começaram a falar de mim, se meu coração estivesse batendo, com certeza estaria disparado.
Jacob falou que estava ali pra se explicar comigo, pois agiu errado na floresta, e que agora estava pagando um alto preço por não ter me protegido. O arrependimento era visível em sua fala, em um momento eu cheguei a pensar que ele estava quase chorando, mas ele não estava.
Continuei escutando, lutando contra meus outros sentidos que estavam aguçardíssimos, inclusive minha sede por lobisomens. Então minha mãe lhe deu a notícia bombástica, eu me tornaria vampira em alguns meses. Ele pareceu emudecer, estava respirando mais depressa e seu coração deu um salto. Foi então que eu ouvi uma palavra que me causou dúvida e apreensão.
“-A impressão é para perpetuar a espécie e se ela não puder fazer tal coisa, talvez vocês não mais se amem... essa foi a suposição que Edward fez.”
Impressão... Eu já tinha ouvido meu pai falar sobre algo do tipo ou até mesmo o próprio Jacob, mas agora eu não lembrava muito bem o que era, acho que se tratava de algum tipo de atração que os lobos sentiam por suas almas gêmeas. Mas o que me chocou foi o final da frase da minha mãe, nós deixarmos de nos amar, isso seria mesmo possível? Mas meu pai tinha lógica, como sempre.
“-Mas Leah pensava a mesma coisa, e ela teve a impressão!” Jacob parecia desesperado por um argumento que convencesse minha mãe e a si próprio.
“-Edward considerou isso também, porém para ele, Leah é muito diferente de Renesmee, e suas transformações se divergem em temporária e permanente, com é o caso da de Nessie.”
Minha mãe parecia disposta a sustentar a tese de meu pai, tentando preparar Jacob para uma decepção futura.
“-Não, Bella! Isso não pode ser possível, eu já omito muito a impressão com amor... ela não pode terminar em nada!”
“-É, eu sei que é difícil de aceitar, você era totalmente encantado por Nessie quando criança, parecia um bobão. Qualquer coisa que ela pedia pra você era uma ordem, sua face resplandecia de ver o sorriso dela. Eu morria de medo de seu sentimento passasse de amor fraternal para amor carnal cedo demais.”
“-Eu sei, a impressão nos deixa assim mesmo, e quando eu fui para o Texas, todos se assustaram, pois para um lobo que já sofreu a impressão é muito difícil se separar da criatura escolhida, e para mim foi difícil, mas nem tanto como eu imaginava. Acho que era porque o sentimento ainda era fraterno, só a vontade de proteger. Mas agora, só de imaginar uma separação, tudo por dentro fica sangrando.”
Jacob fez uma pausa, parecia tentar segurar um soluço, e continuou.
“-Lá na floresta, só de negar proteção a Nessie, eu senti como se uma faca tivesse me cortando ao meio! A dor é insuportável, algo como o que você sentia quando Edward te deixou, naquele tempo, só que aumentada cem vezes!”
“-Nossa! É tão pior assim?”
“-Oh! Você não sabe o quanto. Quando Nessie saiu correndo pela mata, chorando eu ainda pensei em correr atrás dela e pedir desculpas, lhe implorar pra que me perdoasse, mas Sarah estava um pouco mal e a voz do alfa falou mais alto do que a impressão.”
“-Então você veio se desculpar com ela?”
“-Não somente, eu entrei aqui querendo desabafar, e você sabe que eu confio bastante em você e o seu sugador de sangue não pode ler sua mente então não vai saber como me sinto fraco longe de sua filha.”
“-Você quer ver Renesmee?”
Minha mãe pareceu estar caminhando para a porta e eu involuntariamente me afastei dela alguns passos.
“-Sim, poderia fazer isso por mim?”
Essa resposta me forçou a sair correndo, eu estava agora tentando me destransformar, mas estava sendo difícil. O que havia de errado? Eu não podia falar com Jacob como uma vampira descontrolada.
Minha mãe apareceu na porta e foi em direção a casa de Carlisle, e eu ainda não estava na forma meio humana, mas quando eu a vi entrando, o desespero tomou meu corpo e a onda de calor voltou, para minha salvação.
Eu saí de trás das árvores nas quais eu havia me ocultado e me dirigi a garagem, Jacob estava sentado em cima do capô da Ferrari tope de linha da minha mãe com os olhos baixos. Senti minhas bochechas queimando quando ele me encarou, seu rosto se iluminou com se ele estivesse vendo o sol pela primeira vez.
As suas palavras vieram a tona, como se elas tivessem sido explicadas com aquele seu olhar de vitória. Meu coração, que ficou tantos minutos parado, agora trabalhava como nunca, parecia querer saltar do meu peito.
-Hei, Nessie! Eu queria me desculpar, não agi certo na...
Ele não terminou, eu já estava em seu pescoço, apertando-o com meus braços envolvidos nele.
-Wow! Isso parece um “está perdoado”, eu imagino.
Eu suspirei, ainda com a cabeça em seu ombro. Quando eu me separei de seus braços e encarei seu olhar, suas mãos quentes percorreram minha testa e foram direto para minha bochecha, nós dois, um de frente para o outro, um olhando para o outro, com nossos rostos a centímetros de distância. Seu hálito quente varria minha face, me deixando trêmula, e quando ele encostou seus flamejantes lábios aos meus, o mundo deixou de existir.
Confesso que o chão desapareceu abaixo dos meus pés. Seus lábios percorriam suavemente os meus, eu tentei acompanhar o ritmo para não parecer tão inexperiente assim, mas eu não consegui entender direito o que eu estava fazendo. Quando ele foi reduzindo o ritmo, encerramos nosso primeiro beijo com um discreto selinho.
-Eu te amo.
Ele sussurrou no meu ouvido, seu hálito quente fez minha pele se arrepiar, Jacob riu ao perceber isso.
-Eu também!
Sussurrei de volta, rindo junto com ele. Eu não tive coragem de olhar em seus olhos de novo, eu tinha certeza que estava vermelha da cabeça aos pés. Suas mãos febris deslizaram pelo meu cabelo e voltaram para minha bochecha, ele estava querendo erguer meu rosto que estava mirado o chão agora.
Eu o olhei, mas ele não parecia que ia me beijar de novo, acho que era hora de conversar.
-Quer dizer que agora você também se transforma em vampiro?
-É, acho que sou um transmorfo também. Isso nos faz parentes!
Ele riu sutilmente e parecia não se importar muito com a idéia da transformação. Na verdade eu acho que o que incomodava ele era o fato da transformação ficar permanente.
-O que vem depois? Transformação em morcego?
Como Jacob estava se adequando aquela bizarra idéia de transformação? Ele era realmente incrível. Ou era coisa da impressão?
-Jake, por que você nunca me disse que havia tido impressão comigo? Por que me esconder?
Ele ficou serio e me encarou, seu olhar estava especulador e acusativo, como se dissesse “Quem te contou?”. Eu esperei paciente sua resposta.
-Bem, eu achei que você não ia querer que uma impressão estúpida tirasse seu direito de escolha, embora eu soubesse que seria difícil você não querer ficar comigo.
Eu soquei-o no ombro.
-Au!-ele gemeu, exagerando.
-Convencido!-eu atirei, pois pra mim aquela história de impressão era novidade, eu não sabia muito bem como funcionava.
-Não estou sendo convencido, apenas sei que esse negócio de impressão não deixa a pessoa escolhida com muita opção, ela sempre acaba se apaixonando pelo lobo que teve a impressão.
-Hum... Então nesse caso eu gosto de você por causa da impressão?
Minha pergunta teve um tom afirmativo que fez ele sorrir de repente.
-Bem, não só, tenho certeza que minha beleza e o meu charme ajudaram a te convencer.
Eu gargalhei, era tão bom ficar assim com Jacob, como era bom ter alguém só pra mim, que cuidasse e me amasse. Nossos olhares se encontraram e ele não perdeu a chance. Prendeu minha face entre suas quentes e grandes mãos e levou-a de encontro a sua.
Novamente eu senti seus lábios macios e calorosos nos meus, que agora tremiam um pouco. Por um momento ele ficou urgente e fez o beijo ficar rápido, eu acompanhei o ritmo dele, mas logo ele já tinha saído da minha boca e percorria meu pescoço, beijando-o suavemente. Uma onda de arrepios tomou meu corpo, eu levei minhas mãos ao seu cabelo curto e comecei a acariciá-los.
Porém um barulho na porta fez com que parássemos, era meu pai.
Nos separamos como se tivéssemos sido eletrocutados, eu e ele encostamos na Ferrari e ficamos olhando para o chão, de mãos dadas, Jacob sussurrou algum xingamento ao meu pai, mas eu não fiz questão de ouvir. Edward entrou sem dizer uma palavra, mas tinha um sorriso irônico no rosto, ele devia estar ouvindo nossos pensamentos agora.
Jacob e eu o olhamos ir até o Volvo e apanhar sua pasta, quando ele ia saindo se virou e nos encarou, nos mirou por alguns instantes e atirou:
-Acho melhor vocês entrarem, Bella está querendo vir até aqui e eu não acho boa idéia vocês ficarem aqui em baixo sozinhos.
A cara de meu pai não poderia ser mais sutil, ele disse a frase com um sorriso torto nos lábios, se ele corasse, com certeza estaria rubro.
-É... Nós já estamos indo. -Jacob falou olhando pra minha cara e rindo por baixo do fôlego.
Meu pai saiu sem olhar pra trás e, antes de nós o seguimos, Jacob ainda me roubou um beijo que demorou mais do que o esperado, ele parecia querer prolongar só para tirar meu pai do sério. Jacob não tomava jeito, sempre tentando causar ciúmes em meu pai.
-Aff... Vamos lá... Enfrentar a vida real de novo. -eu disse tomando fôlego. Jacob gargalhou e segurando minha mão, me arrastou até a porta.
Não dissemos uma palavra até entrarmos na casa de Carlisle. Eu sabia que todos iriam me zoar, e logo tio Emmett estava deitado no sofá, com a cabeça repousada no colo de tia Rosalie.
Foi certo como 2 e 2 são 4, tio Emmett gargalhou extravagantemente, quando eu entrei, toda corada, na sala, de mãos dadas com Jacob.
-Ei, lobo! Edward acabou com a brincadeira, ein?-ele perguntou irônico, tia Rosalie riu quando Jacob rosnou para Emmett.
-Então, fizeram as pazes?-tia Alice estava vindo da copa com tio Jasper ao seu lado.
-Nós não brigamos!-Jacob falou olhando sério para a expressão confusa de tia Alice.
-É... Claro que não! Só perguntei por perguntar! Você vai ficar para o jantar? Estamos indo caçar uns quadrúpedes, se quiser vir...
Agora ela estava encostada na escada, nos olhando, parados em frente da porta.
-Hum, acho que não. Daqui a pouco tenho que voltar para La Push, ainda estamos em alerta por lá...
Jacob agora estava sério.
-Jacob! Era sobre isso que eu gostaria de conversar com você. -era vô Carlisle, vinha descendo as escadas junto com vó Esme.
-Boa noite, Jacob!-ela disse, sem perder a educação.
-Boa noite!-a voz de Jacob estava um pouco irônica, mas Esme fingiu que não percebeu, quando ela estava na sala veio me abraçar.
-Oi, vovó!
-Oi, meu bem. Soube do que aconteceu, que tristeza!-ela suspirou e eu olhei para o chão, eu e Jacob ainda estávamos de pé na porta.
-Por favor, Jacob, venha até a mesa da copa, tenho algumas perguntas.
-Claro.
Jacob soltou minha mão, porém eu acompanhei os dois. Meu pai e minha mãe logo se juntaram a nós. O assunto era realmente sério.
-Vocês reconheceram o cheiro do vampiro?-Carlisle perguntou.
-Não era familiar a nenhum de nós, até Sam foi lá para tentar ver se reconhecia, mas ele também não reconheceu.
-Bem, e onde é esse lugar?-meu pai quis saber.
-É na floresta da reserva, ao norte. Está misturado com a vegetação e também é bem sensitível no local onde achamos Sarah caída.
-Sarah é a outra garota lobo?-minha mãe perguntou num tom de admiração. O rosto de Jacob se contraiu, e ele apenas gesticulou um sim com a cabeça.
-Você consegue nos levar até lá?-meu pai quis saber, claro que ele não queria me deixar aqui com Jacob enquanto toda a família ia caçar. Sempre meu pai!
-Acho que sim. -claro que Jacob ia levá-los lá, até por que a pergunta de meu pai foi meio desafiadora.
-Então o que estamos esperando?-tio Emmett estava em pé olhando para nós sentados na mesa. Todos nós levantamos e saímos da casa, Jacob foi na frente. Ele não se transformou em lobo, o que nos perturbou, mas mesmo assim ele era bem rápido, corria lado a lado com meu pai.
Todos nós corremos em direção à trilha que o cheiro de Jacob deixou pra trás. Não demorou muito e já estávamos na reserva indo em direção ao norte, como o próprio Jacob nos disse. Também não demorou muito e nós estávamos cercados por lobos, só não senti o cheiro da loba que me atacou. Leah também não estava no bando.
-Por que Jacob não se transformou?-eu escutei minha mãe perguntar ao meu pai.
-Ele não pode, está se recuperando de um ritual quileute. -meu pai disse por baixo do fôlego.
Perto de onde paramos, havia uma moita de samambaias, ali o cheiro da tal Sarah estava forte, também tinha o cheiro de sangue e outro cheiro, o do vampiro.
Meu pai puxou o ar com gosto e soltou lentamente, vô Carlisle também fez o mesmo.
-É meio difícil sentir o cheiro de algo com tantos lobos fedorentos ao redor. -tio Emmett chiou com o nariz retorcido.
Ninguém deu atenção a esse comentário a não ser pelos rosnados ocultos na escuridão da floresta. Era uma noite sem lua, o que deixava tudo mais escuro.
-Não pode ser!
-Impossível!
Meu pai e Carlisle sufocaram ao analisar o cheiro.
-É ele mesmo!-tia Alice concordou.
-Mas ele não tinha sido trucidado pro Demetri?-tio Jasper perguntou incrédulo.
-Era pra ter sido. Será que ele conseguiu escapar?-tia Alice disse.
-Isso é possível, Edward, quer dizer, alguém escapar de Demetri?-minha mãe perguntou encarando meu pai.
-Eu pensei que não.
Mas afinal de quem era o cheiro? Eu puxei o ar e tentei buscar na minha memória algo parecido e encontrei. Joham! O pai de Nahuel, aquele que trouxe uma criança como eu para minha família criar, que Demetri estava perseguindo. Mas meu pai tinha dito que Demetri o tinha matado. Como ele escapou?
-Não pode ser. Isso é ilógico, Demetri não fracassa nunca. -meu pai estava confuso e pegou um ramo da samambaia e cheirou.
-Mas pode estar havendo uma coincidência aqui. -Carlisle estava tentando arranjar uma explicação para um fato tão inusitado -Ele pode ter sido morto por Demetri aqui ou ter passado por aqui. Vocês não perceberam nenhuma movimentação desse tipo em suas rondas, Jacob?
-Não, quer dizer, perto da fronteira das nossas terras até sentimos um cheiro diferente do de vocês, mas eu me lembrei desse tal vampiro que naquele dia Alice disse que estava vindo e eu não dei importância. -a expressão de Jacob ficou um pouco decepcionada com sua atitude.
-Seria coincidência demais, Carlisle. Até por que não tinha como um cheiro ficar tão impregnado assim a não ser que Demetri o tivesse destruído nesse local. -meu pai apontou para as samambaias.
-Onde esta a garota lobo? Temos que conversar com ela. Só ela poderá nós dizer como foi esse ataque. -Carlisle parecia bem decidido.
-Eu não acho uma boa ideia. Ela não gosta muito de vampiros e eu nãos sei se ela vai querer falar com algum de vocês. -Jacob falou me olhando e me fazendo lembrar do ataque que eu havia sofrido pela loba.
-Isso é mal.-Carlisle suspirou.
-Bem, a solução temporária para esse infortúnio seria você, Jacob, buscar mais informações junto a essa garota. Tente descobrir como foi o ataque e como era o perseguidor. Isso nos ajudará muito!
Jacob apenas acenou com a cabeça e virou-se para a floresta, chamando Seth. Logo o lobo cor de areia estava ao seu lado. Ele fez algumas perguntas sobre a ronda, enquanto essa cena se passava, tio Emmett e tio Jasper deram algumas voltas por La Push, tentando encontrar um rastro,uma pista, mas nada.
Resolvemos desistir por enquanto e a família Cullen voltou para casa. Jacob assegurou a Carlisle que falaria com Sarah e descobriria o máximo possível, só assim ele ficou mais descansado. Antes de partir, com todos indo em frente, Jacob me segurou, seus olhos mirando cada Cullen que saía floresta a fora, até estarmos absolutamente sozinhos. Acho que nem os lobos estavam mais lá.
O silêncio estava emanando tranquilidade, só o vento frio que balançava as folhas quebrava a paz do momento. Eu fiquei nervosa quando, na escuridão, ele me puxou contra seu peito quente e ficou só me olhando.
-Ok, que história é essa de que você está de recuperação e não poder se transformar em meu lobo?-eu falei, minha voz tremendo, quase saiu como um sussurro. Jacob gargalhou, meio baixo, mas soou alto demais no silêncio da noite.
-Ah! É sua forma de lobo? Pensei que sua transformação fosse de vampiro!-ele disse ainda rindo.
-Ei! Quem te disse que eu sempre posso me transformar em vampiro? Não sou como os lobos, tá!-eu falei virando o rosto.
-Ué, eu pensei que era você que estava na garagem escutando a conversa entre eu e Bella. -que droga, ele descobriu! Mesmo eu tendo todo aquele trabalho para não ser percebida. Eu corei e agradeci aos céus por ser uma noite tão escura, se não minha cara teria me dedurado.
-Bem, você não respondeu minha pergunta. -eu estava tentando mudar de assunto rápido, antes que eu acabasse confessando meu crime.
-É só mais uma das muitas coisas estranhas que nossa tribo guardou. Uma espécie de transfusão de vitalidade, coisa muito impressionante!-ele falou e eu notei uma pontinha irônica em sua exclamação.
-Mas, para que serve isso?
-Para salvar pessoas a beira da morte, que estão com o pé na cova. -ele riu, mas eu não entendi muito bem. Foi então que eu liguei os fatos. Depois do meu confronto com a garota lobo, ela deve ter se machucado pra valer, ela devia já estar fraca com o ataque e eu ainda reagi daquele modo com ela. Então, Sarah devia ter estado à beira da morte e Jacob fez a tal transfusão de vitalidade.
Eu era a culpada de tudo, como sempre. Mas o que estava me doendo agora era meu ego, um ciuminho infantil invadiu meu coração, me fazendo ficar um pouco irritada. Como eu conseguia isso? Eu sabia que era a culpada da transfusão, mas mesmo assim eu tinha ciúmes do que Jacob fez para salvar a tal Sarah.
-Nessie? Você esta me ouvindo?-realmente, eu não tinha ouvido mais nenhuma palavra, eu me desliguei para imaginar como foi a tal transfusão e nem ouvi mais o que Jacob havia dito.
-Eh...Me desculpe, Jake, eu viajei! O que você estava dizendo?
-Eu estava te contando como foi a transfusão. -ele parecia irritado com minha falta de atenção.
-E como foi?-eu fiquei empolgada agora, até pra disfarçar minha fugida de antes.
-Ok, não viaje novamente! Nós encontramos Sarah na floresta baleada e mordida pelo vampiro. Então nós a levamos para Conor, velho curandeiro da nossa tribo, e ele me mandou fazer uma transfusão de vitalidade. Foi estranho, parecia que minha alma estava escorrendo do meu corpo. -ele agora tinha soltado minha cintura e estava passando as mãos por seus longos braços. Então não fui eu quem fez Sarah ter que fazer a tal transfusão? Ótimo!
-Hei, se não fui eu, por que a Sarah caiu no chão tremendo daquele jeito?-encarando ele, eu notei que sua cara na escuridão aparentava sinais de estar confusa.
-Bem, como eu te disse eu não me transformei em lobo por causa da transfusão e Sarah também não podia se transformar. Foi por isso que lá na floresta ela caiu daquele jeito. Era o efeito colateral da transfusão. Por quê? Você pensou que foi você que tinha feito aquilo?
-É, eu pensei!-Jacob riu.
-Nessie, ela não é tão fraca assim... -ele disse me puxando de volta para seus braços.
-Como você sabe?-eu perguntei mais desconfiada ainda.
-Pela transfusão... É uma coisa estranha, você parece que está saindo do seu corpo... E passando para o de outra pessoa.
-E você viu?-minha curiosidade queria perguntar outra coisa, mas eu estava com vergonha de parecer ridícula.
-Eu não podia abrir os olhos, eles estavam pregados. Eu só sentia uma coisa fria passando por meu braço, indo até a ponta dos meus dedos e entrando em Sarah. -quando ele falou o nome dela com tanta casualidade, eu senti o ciúme pressionar ainda mais forte meu coração.
E ele estava mais forte porque não tinha sido eu a culpada da transfusão, então não havia remorso nem dor na consciência que segurasse aquele sentimento bobo.
-Mas... Você fez a transfusão na forma humana?-tentei fazer a pergunta sair natural.
-Claro!
-E você encontrou Sarah na forma de lobo?-continuei com o tom assimétrico, me esforçando ao máximo para não parecer que eu estava tendo uma crise de ciúmes.
-É. -ele pareceu desconfiado então eu recuei, mas minha curiosidade era mais forte e meu ciúme também.
-E a transfusão foi feita nela como lobo? Quer dizer, ela estava na forma humana desacordada ou como lobo, desmaiada?
Jacob riu e pensou um pouco. Esse seu êxito me fez ficar ainda mais desconfiada, confirmando minha suposição.
-Nessie, você quer saber o quê exatamente?-ele estava me encarando, e eu sabia que estava corando. Jacob era esperto e passou as suas mãos por minhas quentes e provavelmente, rubras bochechas, rindo baixinho e sussurrando em meu ouvido a pergunta que não saiu da minha boca.
-Você quer saber se eu vi a Sarah sem roupas?-eu tremi, e senti minhas pernas fracas. Meu coração disparou e, sem a menor desfaçatez eu falei tremendo e piscando, com a cara olhando o chão:
-Sim...-minha voz pareceu um sopro.
Jacob riu alto, quebrando o silencio da floresta. Eu coloquei minha cabeça em seu peito quente, tentando esconder a cara de vergonha. Parecia ridículo perguntar aquilo.
-Nessie, eu não vou mentir... -ele me avisou confirmando minhas suspeitas.
-Vá em frente, perguntei por que quero saber. -falei sem humor ainda com o rosto em cima de seu tórax.
-Foi inevitável, ela se destransformou na minha frente, mas eu não vi tudo. Ela estava deitada de costas, mas deu pra ver o... -interrompi sua fala com um soco no estômago.
-Ow!-ele gemeu.
-Sem detalhes, ok?!-eu disse.
Ele suspirou, e ergueu seu rosto, olhando o céu escuro.
-Nessie, a impressão, lembra? Não vejo mais as garotas...
-É, mas você viu ela direitinho, não foi? –falei sem demonstrar agressividade na minha voz. O momento não era pra isso.
-Isso tá me cheirando a ciúme...
Jacob voltou seu olhar para mim, que estava mirando seu queixo fino e perfeitinho. Simplesmente olhei-o. Era ciúme sim e o quê eu poderia dizer?
-Foi só curiosidade. -menti desviando meu olhar.
-Rum... Sei. -ele bufou, não acreditando em minha negação.
Um vento frio passou suavemente na floresta, tremi com o contato e Jake percebeu. Me abraçou fortemente contra seu tórax febril e seu calor logo aqueceu meu corpo, que começou a se arrepiar com a proximidade daquele musculoso corpo.
-Engraçado o que você sente quando está perto de mim. –Jacob disse passando a mão no meu braço arrepiado.
Permaneci quieta, sentindo o calor percorrer minha pele. Jacob passou seus grandes dedos por meu cabelo e parou sua mão na minha nuca. A mão que estava na minha cintura, me prendendo contra seu corpo, veio para meu queixo, erguendo meu rosto, para encarar o seu.
Senti meu coração saltar quando sua respiração ficou perto do meu rosto. Meu corpo começou a tremer, minha pele a se arrepiar, e os lábios de Jacob a se aproximar dos meus. Suas mãos desciam até metade das minhas costas, e sua boca calidamente pressionava a minha, em um longo beijo.
Meus batimentos foram acelerando e Jacob foi percebendo e parou por um minuto, beijando minha bochecha e rindo de mim.
Jake me abraçou e ficamos assim, eu me aquecendo em sua pele quente. Até que novamente me senti forte o suficiente para encará-lo e beijar seus lábios novamente.
Quando finalmente o beijo se encerrou, eu olhei em volta e me lembrei da minha casa, da minha família. Jacob bocejou, devia estar cansado. Mesmo não podendo se transformar em lobo, seguir seu bando como humano devia ter dado um enorme trabalho.
-É... Já é um pouco tarde. Acho melhor eu ir indo, antes que meu pai apareça... -falei me libertando dos seus braços.
-Eu adoraria... –Jacob me puxou e colocou sua boca no meu pescoço, fungando.
-É sério, Jake. Você não gostaria de ter meu pai aqui... -tentei novamente me libertar.
-Você quer ir?-com uma cara pidona, que eu imaginei pelo tom de voz, ele disse me encarando.
-Oh! Eu? Bem... Por mim ficava o resto da noite aqui, mas é sério, tenho que ir o sono nos chama. -falei bocejando.
-Tá... –ele disse colocando os lábios em minha bochecha e beijando-a.
-Por favor... Se você não me soltar vai ficar difícil... –falei sem forças pra me soltar daquele abraço de urso.
-Se você quer...
Jacob me soltou e ficou ligado a mim apenas pela mão. Quando dei meus primeiros passos, voltei, só fui até onde seu enorme braço deixou. Ele me puxou de volta e com um fervoroso beijo, me deixou partir, definitivamente.

7 comentários:

  1. ai q lindo!!! chorei muito, mas muiot memso
    hehe:D

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  2. ai,mto perfeito esse capitulo,eu fikei com borboletas no estomago o tempo todo!!

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  3. nossa to impolgada muito perfeito ^^

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  4. muito legal a sua fanfic sobre a renesmee,
    você escreve muito bem pareçe até que estou lendo uma obra da propria sthep,
    eu amo a saga muitoo,o pesoal da minha escola vive me encomodando por causa disso.
    eu tambem estou fazendo uma fanfic da renesmee mas asua da de 10 da minha, eu ainda não terminei a minha.
    parabems vc escreve muito bem, tenho certesa que vc tera muito sucesso se fazer um livro de sua altoria!!! bjs!!!

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