sexta-feira, 4 de junho de 2010

CAPÍTULO 6

JACOB...


6. DESCONSIDERANDO NESSIE, EU MATARIA A DROGA DE TODOS OS VAMPIROS!


Domingo de manhã! Antes de abrir os olhos o cheiro de panquecas me fez levantar. Olhei em volta, para as paredes cinza do meu apertado quarto que minha irmã me cedeu depois de Paul implicar muito. Procurei uma camisa em algum lugar por ali, mas a pilha que estava junto à porta só havia roupa suja, então desisti.
Resolvi tomar café sem camisa, mesmo sabendo o ódio que isso despertava em Rachel. Passei pela porta e cheguei no apertado corredor onde ficam a porta do banheiro e do quarto principal, o do casal. Entrei no banheiro, descalço, sentindo o frio piso de madeira nos meus pés.
Enquanto escovava lentamente os dentes, olhando para as enormes olheiras abaixo dos meus olhos, o cheiro das panquecas foi ficando mais forte. Acelerei a escovação e saí correndo do banheiro. Meu estômago deva cambalhotas e meu nariz me conduzia quase que hipnoticamente a cozinha.
Lá não havia ninguém, estranho para um domingo de manhã, e com panquecas. Hum, melhor que sobra mais pra mim. Sentei na mesa e estendi meu braço até o balcão do armário para pegar um prato e um garfo, a pilha de panquecas estava na minha frente e parecia bastante apelativa.
Mas quando a primeira garfada na pilha foi feita, um rosnado alto me fez parar. Paul estava da porta me olhando de cara feia, apenas passei um olhar rápido para ele e me voltei as panquecas.
-Bom dia, Paul.-atirei.
-Essas panquecas são minhas!-ele falou, vindo agarrar a travessa com a refeição.
Como por um impulso, agarrei também, rosnando pra ele.
-Não seja egoísta, Paul! Eu também estou com fome!-falei quando ele puxou atravessa para si.
Eu estava de costas para a porta da cozinha, que dava para a sala e não percebi quando Paul parou de me olhar para observar algo lá.
-Mas essas panquecas são especialmente para mim, não é amor?-melosamente Paul disse olhando para trás de mim, no que eu imaginei que fosse Rachel, entrando na cozinha.
-Fiz pra todos. -ela entrou e sentou-se na minha frente – Bom dia, Jake. -ela sorriu.
-Hum! Pode ficar, Paul. Depois desse melodrama todo, perdi a fome.-falei cruzando os braços sobre o estômago, que me dedurou com um barulho incrível.
-Ou não... – Rachel falou rindo – Coma, Jacob, não seja tolo. Paul nem vai comer isso tudo sozinho. Nem se ele ainda fosse lobo.
Não precisei de outra ordem. A travessa que antes estava nos braços de Paul, agora repousava sobre a mesa, ainda pela metade. Virei a travessa e comecei a comer rapidamente, sem notar Paul e Rachel me observando.
-O que foi?-falei de boca cheia.
-É que eu já tinha até me esquecido como é que um garoto lobo come. Paul pelo menos era mais educado. -Rachel disse, suspirando.
-E menos porco. -Paul acrescentou, parando de comer.
-Ok! Se pararem de me olhar, eu prometo que vocês não vão me ver comendo assim... –falei o óbvio, rindo.
Os dois ficaram quietos enquanto eu devorava minha suculenta refeição. Para essa manhã eu teria trabalho a fazer. Ir até a casa de Sue e falar com Sarah.
Desde o ataque não conversei nada a esse respeito com ela, porque, sei lá, ela ficava sempre com Leah, muito reservada e perdida em pensamentos. Muito estranho.
Quando meu prato não continha nenhuma migalha (e como minhas panquecas evaporaram rápido!), me levantei de supetão.
-Onde o senhor alfa vai essa manhã?-Paul falou, enfatizando com uma ironia irritante a palavra alfa.
-Não é de sua conta. –por entre os dentes, eu rosnei pra ele, já saindo da sala.
-Hum... Nossa, é tão secreto assim?-Rachel perguntou em um tom de desleixe.
-Oh, na verdade não. Estou a procura de pistas sobre o vampiro que atacou Sarah.-respondi com educação e um pouco detido entre a sala e o lado de fora da casa.
-Então está virando Sherlock Holmes agora?-Paul zombou, mas só com a porta. Bati com toda força, pensei ter quebrado, mas não, só balançou um pouco o telhado, mais nada de risco.
Dois passos e eu já estava na rua da vila, que agora podia ser considerado um povoado de tão grande e populoso que estava. O turismo rendeu, mesmo em uma cidade tão chuvosa, lendas atraíram os curiosos e turistas, fazendo os moradores locais abrirem lojas de conveniência e lembrancinhas de La Push, o santuário Quileute.
A casa de Sue não era muito longe, do outro lado da rua praticamente. Um pouco pequena, cinza e de madeira, nada muito óbvio... Pra não dizer o contrário. As casas em La Push eram quase todas iguais, só mudavam de rua e de dono, fora isso, as pessoas viviam se confundindo.
Agora de manhã não havia muitas pessoas na rua, só quem tinha comércio, então ninguém iria reparar em um enorme garoto sem camisa, mesmo com o céu nublado e a temperatura baixa que o dia estava. Ninguém na porta da casa, ótimo. Eu teria que bater. Parei em frente a porta e dei apenas duas batidas de leve e Leah apareceu na porta rindo.Nossa.
-Hei! Jake, bom dia! Entra.-ela parecia mais contente do que nunca e isso me deixou assustado.
-Oi, eu acho. Bem, Sarah está aí?-falei entrando e reparando nas caras sorridentes sentadas no sofá. Os Clearwaters estavam mais feliz do que criança em véspera de natal.
-E aí, Jake! Já sabe da novidade?-Seth se levantou e veio me cumprimentar.
-Hum, não. Temos novidades?-perguntei indo para perto do sofá.
-Bom dia Jacob. Sente-se, temos uma boa notícia pra dar a você.-Sue falou emocionadamente, o que me deixou assustado e curioso.
-Ok, estou sentado.-falei, assim que me encostei na poltrona do finado Harry.
-Leah não é mais lobo. Quer dizer, ela não se transforma mais.-na maior calma, Seth falou, um enorme sorriso iluminou sua cara e Leah ficou vermelha. Sarah, que estava sentada do lado de Leah, a abraçou. Ela já devia estar sabendo.
-Como assim? Leah não pode parar de se transformar, só se ela encontrasse uma outra garota pra ficar no seu lugar...-eu disse, incrédulo e Sarah sorriu pra mim.-Não! Isso não é possível.-eu aspirei.
-É sim. Ontem quando eu estava em casa, chorei e pedi para não ser mais lobo e Sarah me ouviu, acho que o ritual se completou. Hoje de manhã, tentei me transformar e não consegui.
-Um momento, Leah. Isso não quer dizer nada. Pode ser algo estranho com você... Qual a relação de Sarah com nossa tribo? Nenhuma? Então. Ela não pode simplesmente te substituir.-isso era claro, pelo menos pra mim, por que eles me olharam como se eu fosse louco.
-Mas, Jake, Embry também não é da nossa tribo e é lobo...-Seth tentou rebater a falta de lógica daquilo.
-Nada disso, Seth. A mãe de Embry não é da nossa tribo. O pai dele era um de nós, então isso faz dele parte da tribo também.-falei olhando para a expressão do garoto, que apenas balançou a cabeça.
-Olha, o fato não é bem assim sem provas não, Jacob. Leah não se transformará mais em lobo, sua desistência está completa.-Sue falou com voz firme.
-E o que dá tanta certeza a vocês?
-Lembra, Jacob, que eu te falei que já estava na menopausa...-Leah começou a falar, suas bochechas ficando vermelhas.
-É, acho que sim... mas eu não entendi muito bem. O que isso tem a ver com o agora?
-Por causa da transformação, Jacob, Leah não menstruava mais e essa manhã aconteceu de novo. Isso quer dizer que ela vai envelhecer e que a desistência realmente aconteceu.-Sue falou e todos olharam para o chão, menos eu. Agora dava pra entender.
Outro fato que confirmava isso era a impressão. Só podiam ter impressão os lobos saudáveis, para perpetuar a espécie, e Leah, depois que se transformou, não ficava fértil e isso talvez a tirasse o direito de ter a impressão. Mas ela teve, então era porque ainda daria pra ela ter filhos e seguir sua vida quando ela desistisse.
Todos esperavam em silêncio minha conclusão. Eu agora olhava para o nada, não ia mais a sala, só a imagem de Leah e Kall.
Finalmente os dois poderiam casar. A única coisa que não fazia sentido era Sarah entrar no bando.
-Então Leah desistiu e não vira mais lobo? Ok! Compreendi. Só na entendo uma coisa... Onde Sarah entra na história?-perguntei vendo todos os rostos se voltarem pra mim.
-Não sei. Só sei que eu estou livre. E graças a chegada da Sarah.-Leah falou, sorrindo para a garota ao seu lado.
De repente, não mais que de repente, Sarah bateu na testa.
-É isso, gente! Só pode ser isso!-ela disse se levantando.
-Isso o quê?-perguntei e todos queriam saber o mesmo.
-A troca de vitalidade. Você deve ter me passado algo Quileute, uma aura, um DNA, não sei. Mas deve ter sido isso. Só pode ser isso.
Sim, sim! Fazia sentido. Afinal agora corria algo Quileute em seu corpo. Graças à transfusão, que ótimo! Então teríamos mais uma no bando, e novos constrangimentos, isso, essa era a palavra.
-Oh, sim, tá. Acho que isso justifica essa loucura toda. Afinal, nada disso é pra entender, só pra acontecer, certo?-falei rindo e perturbado. Todos na sala confirmaram com a cabeça.
-Então acho que você merece parabéns, Leah. Parabéns!-falei me levantando e olhando para o sorriso no seu rosto.
-Obrigada! Eu acho... -ela falou, revirando os olhos.
-É, sim, Sarah. Preciso falar com você. E é importante. -mudei de assunto.
Sarah acenou com a cabeça e fomos para fora da casa, sentamos no degrau do piso de madeira do rol da frente da casa de Sue. Virados para onde podia sentir o vento frio que vinha do mar que ficava naquela direção.
-E então?-Sarah perguntou depois de um silêncio curto.
-Oh, sim. Eu queria fazer algumas perguntas sobre você, seu bando, essas coisas.
Ela me encarou, séria, mas não fez cara de quem era contra me contar algo.
-Você quer saber sobre a luta ou sobre tudo, desde o Alaska?
-Acho que tudo seria bom. Comece do começo.-falei assim que a vi querer recuar.
-Certo. Como você sabe, vim do Alaska. Lá, nossa tribo de Snow Wolves cuida de uma área, da nossa tribo também, que tem alguma coisa a ver com esquimós, meu pai era esquimó e essas coisas que todo mundo sabe do Alaska. Pois é. Tendo nossa área demarcada em todo território da cidade de Icecrystal, perto de Denali, uns quarenta quilômetros, eu acho.-ela olhou para longe, percebi que ela ia começar a narrar a história e procurei aguçar minha audição para não fazer perguntas ou atrapalhar o retorno dela a essa história tão dramática.
-Bem, certo dia, eu e meu bando estávamos fazendo uma ronda quando de repente achamos um cadáver humano enterrado no gelo. A causa da morte você pode imaginar.-rapidamente ela olhou pra mim e encarou o chão- O alfa do meu bando, Abraham, pediu que fossemos cautelosos ao fazer rondas e tronou-se quase impossível esconder as mortes provocadas pelo monstro. Mais de vinte cadáveres em apenas um mês. Era insultante. Mas a gota d’água foi quando o vampiro atacou a irmã de Abraham, Catherine. Ele não perdoou, quis perseguir o vampiro até onde ele fosse. Foi então que viemos parar aqui.
Sarah respirou, olhou para as marcas nos braços, cicatrizes ainda recentes. No pescoço havia uma marca circular de dentes, impossível ninguém reparar.
-Foi difícil achá-lo. Não havia, no começo, sinais nem pistas. O desgraçado não deixava cheiro, simplesmente evaporava no ar. Abraham logo deduziu que esse devia ser o poder do vampiro. Mas chegou um ponto, perto já da fronteira com o Canadá, onde conseguimos farejar alguma coisa, começaram então a trilha de pistas. O vampiro de alguma forma queria nos trazer até aqui, por que não daria pra aparecer o cheiro dele de repente. Ele devia estar deixando de propósito, mas Abraham nem se deu conta disso, estava cego de ódio, queria vingança.
Sua voz ficou alta de repente, seus dentes travaram, e ela parou de falar, apertou os olhos e alguma coisa caiu na terra molhada, uma lágrima, Sarah estava chorando.
-Me desculpe. É doloroso lembrar. Eu era muito amiga de Abraham. Ele foi o que mais me deu forças quando eu me transformei. Lá tem poucos meninos, sabe, então sobrou pra mim.-ela enxugou o rosto molhado e passou os braços em volta dos joelhos e continuou.
-Quando estávamos perto daqui, tentamos convencer Abraham a desistir, não valia a pena. Nos já tínhamos afastado o monstro do nosso território. Ele devia estar com medo, afinal éramos quinze lobos fortes, não tão grandes como vocês, mas fortes. Mas ele estava incontrolável, disse que continuaria sozinho, pediu que voltássemos, mas sem uma ordem do alfa, não há acordo. Continuamos a acompanhá-lo até que nessa floresta, em Forks, descobri que havia lobisomens também, toda a floresta está impregnada com o cheiro do seu bando. Tentei procurar algum de vocês, mas era tarde. O vampiro parou de fugir e apareceu. Naquela noite todos nós estávamos reunidos em uma clareira, só Abraham estava transformado, o resto de nós estava descansando, foi quando o desgraçado surgiu.
O soco que Sarah deu no piso do rol de Sue fez a madeira rachar, mas ela não ligou muito, e com um fogo no olhar, começou a narrar como se eu nem estivesse ali.
-Primeiro ele atacou Abraham, só ouvimos o grunhido dele dentro da floresta, depois todos nós nos transformamos e ficamos tentando farejar algo, mas ele atacou de novo, simplesmente aparecia e do nada, em uma fração de segundos, sumia com alguém do bando. Foi quando Álephe gritou para que eu corresse, fugisse e pedisse ajuda. Desnorteada no meio da floresta, corri sem direção. Mas o vampiro me acompanhou e me atacou, me jogou no chão com uma força terrível, eu não pude me levantar. Fiquei indefesa, presa fácil para ele, que não pensou duas vezes e me mordeu. O veneno era cruel, queimava todo o meu corpo, desejei morrer. Foi então que surgiram os tiros, alguns me acertaram, mas nenhum me livrou daquela dor terrível. O monstro sumiu na minha frente, na escuridão, como num vulto falho. Pensei que iria ser encontrada, mas as samambaias me cobriram e os caçadores se foram, me deixando lá, agonizando.
Como queimava o veneno. Eu... eu... me senti tão... tão... só. Tão desamparada...queria morrer, mas nem... nem isso acontecia.
Esganiçada pelo choro, sua frase ficou melancólica, suas lágrimas rolavam aos montes, parecia uma cachoeira. Quando ela limpou com violência os olhos e colocou a cabeça entre os braços, a dor dela passou a ser minha também, senti um aperto no peito, como quando eu brigava com Nessie. Mil facas estavam em meu coração.
Desejei matar todos os malditos vampiros, desconsiderando Renesmee naquele instante, eu mataria, exterminaria a droga daqueles vampiros, um por um. Malditos.
-Foi então que você e seu bando apareceram. Acho que eu não duraria nem mais um minuto se não fosse por seu bando.-ela disse erguendo a cabeça para me olhar, seu sorriso parecia sincero, livre de qualquer dor, agora.
-Era o mínimo que poderíamos fazer. Não sei como, a presença do vampiro não foi sentida. Acho que temos alguns lobos aqui em La Push com defeito.-falei girando o dedo indicador perto da orelha, e ela riu.
-Obrigado, obrigado mesmo. Agora estou aqui, na casa dos outros que nem me conhecem direito. Minha sorte é que onde eu morava não tinha responsabilidades. Não estudava, não trabalhava, não tinha pai nem mãe. Só meus tios, que devem estar preocupados. Mas logo, logo vou voltar. O pior, Jake, é ter que dizer a... aos parentes dos lobos mortos do meu bando, o que aconteceu... dizer pra eles que... que eu fugi, isso é o que mais me dói...
-Não chore, Sarah. Não vale a pena chorar por causa daquele vampiro desgraçado. Fique tranquila que aqui em La Push os lobos são bem preparados para matar esses sanguessugas nojentos!-falei, muito empolgado, pra dizer a verdade, empolgado e confiante demais.
Faltava ainda constatar algo pros Cullens, como era o vampiro. Será que seria demais pra Sarah? Eu só ficaria sabendo depois que perguntasse.
-Sarah, é... Enquanto você lutava ou até mesmo quando o vampiro te atacou, você pôde ver como ele era, alguma coisa, qualquer coisa para achar ele mais rápido...
Ela hesitou, me olhou um pouco confusa, depois encarou o chão.
-Não, eu não me lembro.-duramente ela falou. Minha pergunta não tinha nada demais, então porque ela respondeu de modo tão estranho? Será que... não. Ela apenas não queria se lembrar, era só isso. Devia ser muito ruim pra ela.
-Me desculpe. É que voltar a cena da mordida doeu de novo. Só isso. Mas não pude ver a cara dele não. Estava escuro, no meio da floresta, ele era muito rápido...-rapidamente ela disparou a falar, com a mão no pescoço, em cima da mordida.
-Ok! Ok. Não precisa forçar. Relaxe, deixe isso com a gente. Vamos encontrar aquele maldito e acabar com ele.-de novo falei muito empolgado, mas agora eu não estava tão convencido disso. Minhas palavras pareciam só palavras. O vampiro parecia arredio demais, impossível demais. E o dom dele então? Se fosse como Sarah disse, ele sumisse no ar, isso não seria bom. Nós não voamos muito, bem, na verdade lobos não voam.
Essa é a grande vantagem dos sugadores de sangue, seus poderes extras. Nós tínhamos que matá-los, mas a natureza não nos reservou nada além de garras e dentes afiados. Tá bom que a rápida regeneração era uma vantagem, mas também, se não fosse isso, não existiria lobisomens, seria até uma vergonha lutar contra os vampiros.
Sarah me olhou nos olhos e baixou a cabeça envergonhada. Acho que eu deveria sentir o mesmo, mas não. Sei lá, era só estranho, mas nada embaraçoso. Devia ser a impressão. Como Quil um dia me disse “Não reparo mais nas garotas, não vejo os rostos delas” e eu estava passando por tudo isso agora. Era difícil admitir que um dia falei pra ele arranjar uma garota, mesmo sendo o guardião da Claire. Eu estava pagando minha língua, e quanto ele tinha falado. Merda! Se eu fosse pagar tudo o que eu falei, bem, eu estaria em apuros. Ahãm, eu estaria.
Em La Push, do bando dos mais velhos, só Seth e Embry que não tinham sofrido o lixo da impressão. Fora eles e os mais novos, como Collin, Brady e os outros, bem, até Leah tinha tido impressão. Recapitulando, acho que ficou assim... Sam e Emily, que foram os primeiros a se casar. Depois Paul e Rachel, se casaram e tanto Sam como a peste do Paul desistiram, afinal Sam ia ser pai e Paul, bem ele por ser folgado e preguiçoso mesmo.
Dos que estavam casados nesses últimos seis anos e que não saiu do bando só Jared, que casou por ultimo, com Kim, mas não desistiu. Agora, até Leah, que em breve estará virando senhora Leah, (nossa!) desistiu.
Ah, ainda tem Quil e Claire, que já está com seus nove anos. Um bom avanço, agora ele é o irmão mais velho dela. É lindo e irritante ver ele de babá, ainda bem que Renesmee cresceu rápido, mas mesmo assim ainda paguei por ter zoado o Quil uns belos três anos. Ou foram quatro? Acho que é por aí. Só sei que eu paguei e Quil diz que vou pagar ainda mais.
-Jake?
Sarah passou a mão em frente dos meus olhos. Eu tinha viajado legal, nem percebi que estava estátua.
-Oh, bem, me desculpe. Acho que entrei em curto. -sorri para ela que pareceu sem graça de novo.
Será que eu estava fazendo algo de errado? Parecia tudo muito estranho, agora. Estar perto de uma garota. Ela podia gostar de mim, mas eu nunca iria poder retribuir. Renesmee era minha vida agora e ela, bem, ela era apenas um lobo pra mim. Um novo membro do bando, nada mais. Como qualquer um dos outros caras.
-Certo. Está perdoado.
-Ei, galera!-Embry vinha surgindo num dos becos da rua. Estava de calção, eu já imaginava pra quê.
-E aí? Vai onde a essa hora?-perguntei olhando ele se aproximar.
-O que você acha? Mergulhar do penhasco, ué! Oi Sarah!-ele cumprimentou assim que chegou onde estávamos.
-Oi, Embry.-ela respondeu timidamente –Ei! Você disse que vai mergulhar de penhascos?-Sarah parecia mais empolgada agora.
-Sim.-Embry falou vibrando.
-Que altura?-com um tom duvidoso Sarah quis saber.
-Hum... tá vendo aquela montanha ali?-Embry apontou para uma montanha na direção do mar.
-Sei. Tô vendo.-Sarah afirmou olhando na direção do dedo indicador de Embry.
-Mais ou menos da metade daquela montanha. É um pouco alto, mas você consegue, quer ir?-ele olhou apelativo para a cara indecisa de Sarah.
Ela olhou pra mim e mordeu o lábio inferior.
-Posso dizer que é legal, mesmo quando eu tive algumas experiências traumáticas com algumas pessoas pulando de lá.-falei lembrando de Bella há muitos anos atrás.
-Tá, eu vou. Me deixe por uma roupa adequada. Vou pedir um short a Leah.
Muito interessada, Sarah saiu dali quase pulando.
-E você, Jake, vai superar seus traumas e mergulhar com a gente? Já faz anos, cara!-Embry sentou do meu lado e me deu um soco no braço.
-Acho que não. Vou ter que ir na casa dos Cullens passar umas informações. Talvez eu pareça mais tarde, não sei. Meu trauma é velho. Mas sem a Bella por lá, quem sabe eu não me recupero?-falei e Embry riu.
-Hum, então vamos a casa dos sogros hoje a tarde... que programão. Ainda bem que não tenho esse tipo de parente, ainda mais vampiros. Se não bastasse todos o mitos sobre sogra, agora você bate as barreiras do sobrenatural e prova uma relação ainda mais restrita entre as sogras e os genros... uma sogra vampira e um genro lobisomem! Cara, você é o homem das experiências paranormais!
-É, acho que sim.-foi o melhor que pude responder, além de rir um pouco da piada.
-Mas é sério. Aparece lá depois.
-Se der... quem vai?
-Bem, acho que o Quil, o Jared e a Kim, Collin e Brady, eu e agora a Sarah.-ele falou contando nos dedos.
-E porque você não chama o Seth. Ele tá muito feliz hoje, quem sabe isso não completa o dia dele.
-Hum, feliz é? Ele teve a impressão?-Embry caçoou do desejo do pobre Seth.
-Não, melhor que isso... Leah, ela desistiu.
Ele levantou e me encarou com uma cara suspeita e de boca aberta.
-Como assim desistiu? Ela pode desistir?
-Oh, se não podia agora pode. Parece que umas coisas de menina andaram acontecendo com ela e ela não se transforma mais.-falei meio por cima, vendo a cara dele se contorcer em um bico de curiosidade.
-Que coisas?-ele perguntou se sentando e agarrando em meu braço.
-Ei, coisas de menina. Eu sou menina por acaso? Tenho cara de menina por algum motivo?-falei revoltado com a curiosidade absurda dele.
-Hum, não sei. Sempre te achei estranho...-ele falou colocando a mão no queixo.
-Ah, vai te catar, Embry!-empurrei ele que bateu na viga de sustentação do telhado do rol de Sue.
-Mas, é sério isso da Leah?
-Claro que é, mané! Não teremos mais tia Leah no bando, ela vai casar e nos deixar...-falei, lamentando falsamente.
-Oh, nem me lembre, cara! Vou ter que comprar presente, droga! Vou falir. Além de tudo tenho que explicar pra minha mãe por que o dinheiro da oficina do Sam não tá rendendo.-Embry colocou a mão na testa e balançou a cabeça.
-Não tá rendendo... sei. Não por causa de presente pra casamento e sim por causa de presente pras garotas. Sei conquistador barato! Você devia ter sabe o quê?
-O quê?
-Uma impressão. É. Só aí você vai se amarrar e parar de paranóia e de gastar dinheiro, afinal Sam não te paga tanto assim.-quando terminei de falar, encarei o rosto do garoto e ele estava com cara de ofendido.
-Não me joga praga não, tá! Tô muito bem assim. Mas me diz uma coisa... será que a Sarah tá dando mole pra mim?-ele olhou para trás, em direção a porta e virou de novo pra me olhar.
-Hum... Acho que não. Ela só está sendo educada. Como você é otário! A garota mal chegou e você já quer dar uns pegas nela. Tenha pelo menos um pouco de cérebro, ô seu animal! Ela acabou de sofrer um trauma, perdeu todo o bando, e você quer se aproveitar!
-Calma, Jake. Não se irrite!-ele disse, imitando chaves, um homenzinho mexicano dos programas infantis que eu odeio.
-Eu tô calmo, só estou te dando um toque pra...
-E aí pessoal, quem vai?-era Sarah que apareceu na porta junto com Seth.
-Uma galera aí.-Embry mirou a garota de cima a baixo.
-Eu também vou. Tenho que aproveitar meu domingo!-Seth disse esfregando as mãos.
-E quem te chamou?-Embry flou se levantando.
-Não preciso de convite pra pular dos penhascos da minha reserva, seu lixo!-Seth disse, empurrando Embry.
-Ah, Seth! A cesta com o almoço. Não podemos esquecer!-Sarah entrou na casa.
-E você Jake, não vem?
-Não, Seth. Hoje é dia de trabalhar pros Cullens.
-Ei, diga a Nessie que mandei um abraço. E a Bella e Edward que eles estão me devendo uma visita e um presente... pelo meu aniversário de vinte e um. Diga que foi um barato e eles perderam.
-Tá, chega de recados, não sou lobo correio.
-Vamos?-Sarah disse já ficando no meio da rua de terra.
-Oh, sim. Vamos lá, pessoal.
-Valeu, Jake. Até mais.-Embry bateu em meu ombro.
-Tchau, Jake!-Sarah gritou de longe.
-Tchau, cara.-Seth apertou minha mão como os garotos lobos faziam.
-Até mais.
Coloquei as mãos nos bolsos do short e fui indo de volta pra casa, mas parei e pensei. Era melhor ir direto à casa de Nessie, talvez ela até quisesse ir comigo mergulhar com os garotos. Seria bom pra ela se entrosar com o meu bando.
Sem poder correr como um lobo, ainda restavam habilidades para correr com minha duas pernas. Foi rápido o suficiente para me fazer ofegar, uma desvantagem quando se vai ver a namorada.
Quando bati, coincidência ou não, foi Renesmee que abriu a porta.
-Oi, Jake!-ela disse sorridente.
-Oi!-falei e me inclinei para beijá-la, mas ela recuou, fazendo uma careta. Claros, estava com vergonha de me beijar na frente dos parentes. Garotas!
-E então, quais as novidades, cachorro?
-Agradável como sempre, não é, Emmett?-falei rindo quando entrei na sala e dei de cara com todos os Cullens reunidos, muito bonitinho! Credo...
-Bom dia, Jake!-Bella disse, desviando a atenção de Emmett.
-Olá, Bells!
-E aí, pulguento? O que a garota lobo lá disse?
-Bom dia pra você também, loira. Eu posso convocar uma reunião com a família Cullen, pra não ficar repetindo, sabe como é... então, que tal uma reuniãozinha familiar?-ironicamente atirei.
-Eu já ia sugerir, mas um pouco menos irônico.-Edward disse se levantando.
A trupe toda veio atrás dele e fomos nos sentar em uma mesa velha, que segundo Bella, era importada.
-E então, meu rapaz? O que exatamente você sabe?-Carlisle perguntou me encarando.
-Não muito...-Edward devia ter lido minha mente, e se adiantou.
-Eh... eu conto ou você quer terminar?-falei com um tom reprovativo.
-Oh! Se você faz questão...
-Bem, obrigado, eu acho. Como eu iria contar, mas Edward se adiantou, Sarah não sabe muita coisa. Me contou somente que o vampiro era muito forte e abateu os quatorze membros do seu bando rapidamente com uma habilidade extra, ele sumia no ar...
-Ou se teletransportava. Eu já ouvi falar desse dom e parece ser muito difícil de se derrotar alguém com tal poder.-de novo e irritantemente, Edward me interrompeu –Sim, continue.-ele observou.
-Não, só era isso. Ah! Sarah tem a tribo dela perto de uns vampiros lá do Alaska, perto de Denali, acho que esse é o nome. Lá esse vampiro matou umas vinte pessoas em menos de um mês. Parecia estar com muita sede...-eu apontei olhando para o parceiro de Alice, Jasper, que me encarou de volta sorrindo.
-Denali? Meu bem, porquê você não liga para Eleazar, para saber se ele ou alguém das meninas não viram nada estranho?-Esme falou, olhando para o marido que logo atendeu seu pedido.
Enquanto Carlisle foi par sala com o celular no ouvido, o resto ainda estava concentrado na copa, uns me olhando, outros encarando Edward, que permaneceu calado.
-Essa fome desse vampiro está muito estranha. Nem um recém nascido beberia tanto sangue assim. Vinte pessoas em menos de um mês?-Emmett observou rindo e cruzando os braços em cima da barriga.
-É, realmente é estranho. Me lembro quando o exercito de Victória veio nos atacar, os mortos não chegaram a tudo isso, bem, não os que eram a refeição.
Jasper pareceu perturbado com a palavra.
-Isso é verdade. Mas ele estava sozinho? A garota não te disse se ele agia com uma parceira ou algo assim?-Alice me olhou, com expectativa.
-Não, era só ele, pelo menos foi o que ela me disse.
-Há algo errado nisso.-Bella observou.
-E de muito errado, amor. Um vampiro abater vinte pessoas pra sua própria alimentação, eu acho um pouco demais.-Edward concordou.
Todos voltaram-se para a porta de entrada da copa, Carlisle vinha vindo e Esme se levantou para acompanhá-lo até a mesa.
-E então?-Alice quis saber.
-Eleazar não prestou atenção na presença de outro, mas notou a notícia do massacre. Disse que parece que as mortes não eram ao mesmo tempo, eram com intervalos diários. Então ele não ligou muito. Achou que fosse gangues ou alguma outra coisa do gênero.
Carlisle disse indo sentar no lugar que ficou vazio, perto de Esme. Eu olhei para Nessie, ela parecia um pouco nervosa, até assustada. Seus olhos castanhos olhavam preocupados para a expressão que o vampiro Carlisle fazia.
-Ei, Nessie. Não tenha medo. Ele não vai voltar. Acho que alguma coisa na floresta assustou ele. Acho que foram os caçadores, ele deve ter complicações com o instituto de caça daqui.-falei com a mão no ombro dela, arrancando um meio sorriso da sua cara preocupada.
-Isso é outra coisa que estou intrigado. Como ele pode ter simplesmente fugido dos tiros? O que importaria a um vampiro tão sanguinário a vida de alguns caçadores?-Edward passou os olhos por todo pessoal que estava sentado na mesa.
-Talvez ele não queira chamar atenção, não aqui. Se ele deixou esse rastro de sangue lá no Alaska, acho que ele não que ser encontrado por aqui.-Jasper pareceu ter razão, por que todos olharam para ele e depois ficaram de olhos mortos, parados, olhando para o nada.
-Isso faz sentido. Claro! Se os humanos provavelmente vissem ele matando as pessoas ou os cachorros grandes aqui, com certeza ligariam os fatos aos acontecimentos no Alaska. É uma opinião muito certeira!-Emmett disse, batendo com o punho na mesa.
-Ok! Meu relatório é esse. E digo outra coisa, se esse vampiro ficar dando sopa por aí, bem, os lobos vão fazer uma festinha. Espero que não seja nenhum parente de vocês...-falei olhando para a cara de Edward e Carlisle, que só levantaram as sobrancelhas.
-Bem, quanto a isso você pode fazer seu trabalho tranqüilo. Creio que nenhum vampiro conhecido nosso faria tal ato. Não em uma área tão próxima a nossa casa.-Esme me olhou docemente, e acho que corei. Maldito afeto materno que sempre me batia quando olhava para aquela expressão amorosa.
Olhei para a mão quente que apertava meu braço. Renesmee, observava a expressão de todos na mesa. Quando percebeu meus olhos em seu rosto, sorriu, ficando de bochechas vermelhas. Muito engraçado.
Olhei para a mesa preta ou era marrom, não sei bem. E me lembrei que era hora do almoço. Hora de vazar. Senti uma pontada na barriga, as panquecas tinham evaporado muito rápido do meu estômago. E olha que nem estou me transformando em lobo.
-Jacob, se estiver com fome, bem, a geladeira tem comida. Vá e sinta-se em casa.-Edward disse com um sorriso inescrupuloso no rosto. Droga de lixo de dom de ouvi mentes.
-Jake, não se faça de visita. Entre lá e sirva-se.-Bella me ofereceu, com uma cara sincera.
-Hum, vamos, Jake! Venha comer.-Renesmee levantou e pegou na minha mão.
-Se a família toda insiste...-falei, já sentindo o aperto no estomago ficar mais forte. Só a ideia de comer já foi o suficiente para atiçar as vermes dentro da minha barriga.
Na cozinha, lugar muito chique, por sinal. Toda metálica, um balcão muito bem posicionado, fogão industrial e um convencional cinco bocas de sensor de calor. Fiquei até perdido. O refrigerador era grande. No dia que fiquei conversando com Nessie, assim que voltei, e Bella me trouxe aqui para tomar café, não reparei no tanto de coisas muito caras que essa cozinha continha.
Talvez se um ladrão roubasse essa cozinha seria condenado igualmente quem rouba uma loja de computadores super turbinados. Sentei na mesa de quatro cadeiras com a tampa de mármore preto e fiquei olhando para Renesmee, que se encostou no balcão e ficou olhando pra mim.
-Então, o que você quer comer?-ela perguntou sorrindo.
-Não! Não me diga que você vai cozinhar?-falei surpreso com aquela iniciativa, me afastando da mesa com um impulso. A cadeira ficou um dois palmos longes da mesa e eu lá, sentado, olhando sua cara de despeitada.
-O que eu não faço por você...-suspirando ela me deu as costas e foi abrir a geladeira.
-Qual o cardápio?-eu atirei.
-Bem, temos bacon, bife, costeletas para microondas, lasanha congelada...Tudo rápido e prático, o que me diz?-Nessie tirou a cabeça de dentro do refrigerador e me encarou em dúvida.
-Acho que uma omelete sairia mais rápido...-chegando mais próximo da mesa, eu sorri, fazendo uma cara de dúvida também. Será que Renesmee faria? Gargalhei só de imaginar.
-Ok, Jacob Black. Você acha que não vou fazer, certo? Pois você está redondamente enganado! Vou parar de respirar e começar a fritar sua omelete. Aguarde e verás...-pretensiosa, ela se virou e vi quando retirou seis ovos de dentro da geladeira. Eu ia impedir, dizer que não precisava de tudo aquilo, mas minha barriga dizia o contrário. Me concentrei em vê-la preparar os ingredientes.
-E vo a lá! Uma omelete para o lobo mais esfomeado de toda La Push...-sorrindo e com ar de vitoriosa, Renesmee colocou um prato em cima da mesa com uma enorme quantidade de ovos mexidos.
-Você diz isso por que nunca viu o Embry comendo...-falei, antes de encarar o prato na minha frente. Tinha um cheiro bom, não posso negar.
-E então? Não vai comer?-ela se sentou na minha frente e ficou olhando meus movimentos.
Coloquei a primeira garfada na boca e tentei ao máximo não fazer cara feia, mas acho que não consegui. Nessie me encarou, juntou as sobrancelhas e me olhou interrogativamente.
-Tá tão ruim assim?-ela perguntou, sua cara insegura estava engraçada.
-Eh... não tá ruim não...-eu tentei falar assim que engoli a primeira garfada. –É que você esqueceu de um ingrediente...-já sem comida na boca, eu falei melhor.
-O quê?-ela estava nervosa, sentou automaticamente reta na cadeira e com uma careta fixou seu olhar no meu.
-É que, Nessie, amor...-sorri- Você esqueceu do sal...-finalmente falei e ela desabou na mesa. Cruzou os braços na frente do rosto que estava sobre a mesa.
-Sabia que tinha esquecido de algo!-ela disse, sem levantar a cabeça.
-Nessie, não se maltrate...isso é fácil de resolver! Me passe o saleiro e pronto! Seria pior se você tivesse colocado açúcar, mas não! Viu!-eu disse tentando animá-la.
Renesmee levantou os olhos e sorriu, se levantou e colocou o saleiro em minha frente.
-Besta!-ela deu um tapinha na minha nuca.
Eu a olhei e sorri, levantando as mãos interrogativamente, como se dissesse “o que foi que eu fiz?”. Nessie só se encostou no balcão e ficou me olhando. Me lembrei de Bella, era como se eu estivesse vendo ela. Balancei a cabeça e continuei a comer.
Até que com sal aquela omelete não estava tão mal, deu pra matar minha fome. Quando acabei, me levantei e caminhei até ela, seus olhos ficaram perturbados e ela sorriu de repente. Tentei beijar Nessie, ela me afastou.
-É... bafo de omelete...-ela sorriu e eu gargalhei.
-Ops! Foi mal, alguma coisa aqui que resolva meu problema?-falei, me aproximando de novo dela.
-Sim, bala de menta...não gosto de açúcar também, mas o frescor é bom!-ela disse tirando uma bala verde da gaveta e me dando. Tirei a embalagem e coloquei a bala na boca.
Renesmee colocava os pratos na pia. Fui ajudá-la. Quando terminamos de lavar a louça, segurei ela pela cintura e novamente quis dar-lhe um beijo. Nessie não resistiu, me deixou tocar seus lábios suaves e quentes, mas o estraga prazer acabou com a festa.
-Jake...você queria levar Nessie a La Push?- Edward perguntou, colocando um jarro de vidro em cima do balcão.
-Oh sim. Eu ia falar com ela nesse exato momento...-falei, me encostando na pia. Nessie estava do meu lado e olhando o piso da cozinha, de cabeça baixa.
Edward fez uma cara do tipo “Ia mesmo?”, eu simplesmente suspirei e desencostei.
-Hei, quem vai a La Push?-Bella perguntou entrando na cozinha. Ouvidos de vampiro eram bons...não como o dos lobos, mas eram.
-Pois então, Bella... eu estava pensando em levar Nessie comigo para La Push. Se enturmar com a galera. Seria legal, afinal ela já é quase membro do bando...-eu ri um pouco sem graça e ninguém lá riu, então parei e me concentrei em Edward, já que todos olhavam pra ele.
“Que isso, sogrão...você sabe que não vai acontecer nada de mais...”-pensei, debochando, já que não queria fazer isso alto. Sabia que ele ia ficar uma fera. Sorri, enquanto pensava.
-Jacob, não me subestime... -Edward, abraçando Bella, com força- Você sabe o quanto é difícil pra mim, então...
Bella encarou ele, Nessie virou pra ver minha reação. Eu apenas movi a cabeça para o lado, esperando sua decisão.
-Edward, o que é? É só La Push... acho que não tem nenhum problema...-Bella me olhou e depois voltou a encarar seu marido, que ainda não tinha mudado a expressão, continuava de olhos cerrados em mim.
-Acho que o papai vai deixar, esperem, não pressionem ele!-Nessie falou, sorrindo para o pai, que, graças aos céus e a Nessie, parou de me encarar e sorriu para a filha.
-Eu ia deixar! Não precisam fazer drama...-Edward disse finamente.
-Obrigada... eu acho...-eu disse e “Você é um ótimo sogro...ou algo assim!”-ironicamente pensei. Edward apenas sorriu, cínico, eu sabia que ele estava morrendo por dentro.
-Ei...-Bella disse, assim quando eu e Nessie íamos sair da cozinha- Jake eh... não quero mais aquela loba brigando com Nessie...-ela cerrou os lábios e juntou as sobrancelhas.
Bella de mamãe ficava estranha, com aquela cara de adolescente ainda mais...balancei a cabeça e olhei para Nessie.
-Não se preocupe Bell...mãe! Eu sei me cuidar!-Nessie acenou e Bella sorriu, ainda um pouco preocupada.
Descemos até a garagem, ela me olhou indecisa.
-Eu piloto!-falei, batendo no peito.
-Ok...machão...!-ela debochou e eu puxei ela pra mais perto de mim. Me aproximei do seu rosto, ia alcançar sua boca...
-Cuidado com a estrada...-Emmett, discretamente, estragou o momento. Ele estava dentro do carro da loira.
-Ok, obrigada tio Emmett!-com a mesma cara que Bella fazia, quando estava sem graça, Nessie sorriu e acenou. Eu já estava saindo com a moto. E que moto! Fantástico o modo como ela saía de zero e ia parar em 120 k/h.
-Jake! Não está me ouvindo? Vai devagar!-Nessie gritou, parecia estar brava.
-Ow! Ok, me desculpe...-Falei, reduzindo tristemente a velocidade.
Numa moto dessas, reduzir se resumia a cometer um pecado.
Chegamos em La Push e passei direto para onde íamos pular, pelo menos onde os caras iam saltar. Lá em cima, quando estacionei a moto, vi todos nos olharem, Quil sorriu discretamente e Embry deu um soco no braço de Seth, que já foi se levantando e correndo pra encontrar a gente.
-E aí, minha sobrinha predileta!-Seth fez questão de dar um abraço em Renesmee, que logo ficou vermelha.
-Eh... Seth...Você só tem a mim de sobrinha...esqueceu?-Nessie disse, ofegando assim que Seth soltou ela.
-Mas me diz...Quem já mergulhou?-eu perguntei, andando até onde a galera estava sentada, parecia que estavam almoçando.
-Ih...a maioria dos lobos!-empolgado, Seth se sentou na toalha xadrez estendida no chão, onde os outros estavam.
-Eu não sou lobo e mergulhei!-Kim disse sorridente, abraçando Jared. Muito meloso.
-Vamos almoçar?-gentil, ela ofereceu.
-Oh, eu não! Só se o Jake quiser!-Nessie disse, ainda de pé.
-Hum...Acho que vocês não vão comer tudo isso sozinhos?!-eu disse, me sentando.
Foi então que percebi Nessie com os olhos em Sarah. Sarah também a encarou e eu respirei fundo. Foi aí que Sarah sorriu sem graça, e Nessie retribuiu e sentou ao meu lado.
-Renesmee, bem, eu acho que te devo desculpas...eu não me controlei e acabei te atacando. Foi mal...-ela disse, encarando a toalha.
-Oh, que é isso! Eu que tenho que pedir desculpas! Se eu não tivesse revidado aquilo não tinha acontecido...-doce e meiga, ai, ai, Nessie respondeu. Sarah a encarou e suspirou.
-De qualquer forma eu peço desculpas e espero que você me perdoe...-Sarah insistiu.
-Se você faz questão, então está perdoada!-Nessie sorriu, e olhou pra mim.
-Bem, alguém aí vai pular?-falei, olhando para as caras desanimadas.-Bem, acho que não.-balancei a cabeça, desanimando também.
-Vamos comer primeiro, aí sim, vamos dar uns pulinhos...-Embry falou.
Kim ficou responsável por ajeitar os cachorros quentes para a galera comer. Vi quando ela retirou o molho e os pães de dentro de uma enorme cesta de e começou a montar a comida. Os garotos foram os primeiros a pegar os seus, e como comiam sem educação.
-Tenham educação!-eu disse – Deixem as garotas comerem primeiro!-falei, vendo Kim e Sarah balançarem a cabeça, enquanto Embry já devorava o seu.
-Ok, desde quando você virou o senhor “delicadinho”?-Jared chiou.
Nessie riu alto e me olhou, ela sabia por que eu estava agindo assim...o lixo da impressão, oh!
-Hum...já sei!-Jared disse e por um minuto pensei que ele tinha cérebro.-Muito tempo com os Cullens, aí virou um deles!
-Oh, não vá por aí! Jake não mudaria para ser um Cullen nem que sua vida dependesse disso!-sorridente, Nessie me defendeu, eu acho que era isso ou ela queria dizer que eu não era educado como sua família, de qualquer forma valeu, por que todos calaram a boca.
Depois da atenção desviada, Renesmee olhou para o céu nublado e levantou uma sobrancelha. Na realidade, para mim estava um ótimo tempo, sem chuva, o mar lá em baixo estava calmo, mesmo eu não precisando me preocupar com a vida de Nessie, como um dia Bella me fez se preocupar com a dela.
-E então? Vieram para saltar?-Jared perguntou assim que Nessie se sentou na toalha do piquenique.
-Só se o sol aparecer.-ela disse, enlaçando seu braço no meu.
-Não pensei que isso importasse pra você.-Embry falou, fazendo todos encararem Nessie. Ela ficou vermelha, me olhou e depois balançou a cabeça rindo.
-Não é que eu me importe...-ela começou a dizer encabulada para o chão -É só uma coisa minha. Só vou saltar se pó sol aparecer.-finalmente ela revelou.
-Hum... isso está me cheirando a covardia!- Seth provocou.
-Nessie? Com medo de pular? Acho que não!-agora foi minha vez de defender, vendo seus olhos castanhos encontrarem os meus.
-Ok! Esqueçam Nessie! Se preocupem com a comida.faltam quinze cachorros quentes para serem devorados e que vão acabar virando cachorros frios se vocês não comerem logo.-Kim disse, encarando Jared.
E ela não precisou repetir. Logo mãos de todos os tamanhos e cores avançaram na cesta e rapidamente esvaziaram a pobre cesta. Eu contribuí, comendo uns dois, quer dizer três. Na verdade perdi a conta quando Embry e eu pegamos o mesmo cachorro quente. Acabei cedendo, porque a omelete de Nessie ainda estava por ser digerida.
Quando, magicamente, os quinze cachorros quentes sumiram, vi o povo desabar. Deitaram uns por cima dos outros, Nessie só ria do jeito como nós comíamos e como caímos, todos com a barriga cheia. Ela deitou em cima do meu abdômen assim que me viu deitar na grama, fora da toalha.
Não me lembro que horas eram, só ouvi os gritos. Nessie já estava de pé olhando os caras pularem. Ainda pude ver quando Embry e Brady saltaram. Depois Sarah parou na beirada e se jogou. Nessie se virou e me viu acordado sorriu e arribou as sobrancelhas, olhando pro céu que estava nublado.
-Ah! Dixe o sol de lado! Vamos saltar assim mesmo.-falei indo até ela.
-Não. Só se o sol aparecer.-decidida, ela disse, quando beijei sua testa.
-Tá bom, mas enquanto isso venha dar uma olhada lá pra baixo. A maré está tão calma...-eu disse, enquanto a puxava pela mão até a ponta do penhasco.
-É lindo... daqui de cima!-ela disse deslumbrada.
Um lindo sorriso se abriu, ela fechou os olhos e o vento tocou seu rosto, levantando seus cabelos vermelhos. Sei lá, mas pra mim seu rosto brilhava, me coração acelerava... O sol tocou em cheio seu rosto, e o seu sorriso ficou ainda mais largo e iluminado. Seus olhos se abriram e ela me encarou.
-Que cara de bobo é essa?-ela disse, tirando a sapatilha preta do pé.
-A cara de bobo de sempre...-Jared assobiou, chegando molhado em cima do penhasco- E então, Nessie? Você não queria sol? Olha ele aí! Agora pule!-ele disse sentando na grama.
-Olhe e aprenda!-segura, Nessie atirou e Jared gargalhou.
-Tem certeza que quer pular sozinha?-perguntei assim que ela fez o movimento para saltar.
-Quer vir comigo?-cheia de si ela piscou.
-OH! Acho que seria mais seguro...-falei, tirando meu tênis. Ela me observo, inquieta e quando eu peguei em sua mão ela pulou, me puxando desengonçadamente para baixo. A última coisa que ouvi foi a gargalhada de Jared.
A água estava gelada, mas logo meu corpo se aqueceu. Subi a superfície e procurei Nessie, mas não vi sinal nenhum dela. Uma onda me atingiu e eu afundei. Voltei novamente para a superfície por ela. De repente, senti um toque gelado, meu corpo tremeu, senti o calor subir, havia um vampiro na água. Onde estava Nessie? Desgraçado!
-Nessie! Que droga! Precisava fazer isso?-falei assim que descobri a dona das mãos geladas que tocaram minhas costas. Ela estava transformada.
-Nossa! Assustei a minha babá! Foi mal! Não sabia que você se assustava com tanta facilidade!-ironicamente ela falou e aquilo quebrou o sentimento. Não havia mais amor, não havia mais sentimento, só havia uma vampira na minha frente, rindo com a maior irritância possível.
Dei de costas e comecei a nadar para a praia, quando finalmente chaguei a areia, comecei a caminhar depressa em direção ao caminho. Minha cabeça doía, meu coração parecia ter levado um soco. Que merda!
-Jacob! Por quê está agindo assim?-Nessie me acompanhou.
-Eu? Agindo como? Você que, agora mesmo me tratou com doces palavras frias!-grossamente, desabafei, encarando seus olhos, que antes estavam vermelhos, mas que agora tinham a cor normal.
-Falei o quê? Eu não disse nada demais!
-Nessie! Porquê você faz isso? Será que você não percebe? Eu odeio vampiros, fui designado para acabar com eles e você vive se transformando em um? Caramba!-meu corpo tremeu novamente e vi suas lágrimas rolarem.
-Me desculpe, tá legal?! Eu só me transformei por que é mais fácil nadar como vampira! Não queria te desapontar...-soluçando alto, ela disse.
-Certo, mas pra que você faz isso agora quando vai ter a eternidade pra nadar como uma vampira?-atirei, ainda tremendo. O ódio por aquela criatura.
-Obrigada por me lembrar, Jacob! Pode deixar, eu não vou me esquecer disso!-áspera, ela disse e começou a caminhar furiosa.
-Desculpa, Nessie! Espera, não seja estúpida, vamos conversar!-tentei acompanhá-la.
-Conversar o quê? Você já não falou o que queria? Já não me deixou o lembrete?-bruscamente ela parou e me encarou, seu rosto molhado de mar e de lágrimas.
-Não é só isso... É que... A vampira que você se transforma... Ela não me ama!-com a cabeça baixa, eu falei, vendo seus pés se moverem. Quando ergui minha cabeça, Nessie estava soluçando de costas pra mim.
-Não é verdade! Nem se eu me transformasse no Drácula não deixaria de te amar! Nunca!-Nessie mentiu para se mesma. Fui na sua direção e a abracei, ela ainda de costas pra mim, com a blusa de mangas cumpridas molhada.
-Eu sou quero ter minha meio vampirinha, só isso... Não quero o amor do Drácula!-brincando, eu falei. Ela se desenlaçou dos meus braços e começou a correr.
-Nessie! Onde você vai? Não seja infantil!-comecei a segui-la, mas desisti.
O que eu fiz de mais? O que eu falei? Pro inferno! Eu estava certo dessa vez! Não fiz nada de errado, então eu não era o culpado, não hoje! Eu não ia ir atrás dela!
Foi só ter esses pensamentos revoltados para o lixo da impressão me atingir em cheio, como uma faca encravada no peito. Caí de joelhos na areia, a dor era insuportavelmente idiota! Esfaqueava lentamente o coração, meu estômago cedeu e começou a doer também. Passei os braços pelo abdômen apertando com força.
Dor desgraçada!
Lá em cima do penhasco, ouvi gritos, Seth e Quil tinham pulado e em alguns minutos estariam aqui enchendo meu saco. Me levantei, ainda com a dor massacrando meu peito. Corri caminho a dentro até a vila de La Push, entrei na casa de Rachel como um redemoinho de vento e fui direto pro meu quarto.
Sentei na cama e parei para refleti uns segundos, a dor ainda estava lá, latejando por dentro, coloquei o rosto dentro das mãos e resolvi tirar o short molhado. Escolhi uma bermuda sem a achar uma cueca, acho que as minhas tinham virado poeira nas minhas transformações.
Eu já estava pelado quando Rachel entrou de repente no quarto.
-Droga, Rachel! Não sabe bater?-reclamei colocando a bermuda na frente das partes.
-Me desculpa! Quem manda você ficar andando pelado por aí?-ela reclamou saindo.
Coloquei a bermuda em segundos e caí na cama, Rachel apareceu na porta de cara feia. Arrumou camisas limpas no meu armário e catou a algumas sujas no chão. Olhei o teto forrado de madeira e só quando voltei a olhar a porta, percebi os olhos zangados de Rachel em mim. Sentei na cama e mandei um olhar interrogativo para ela.
-Você foi para a casa dos Cullens de manhã sem camisa?-finalmente ela começou o sermão.
-Fui. Qual o problema?-falei, revirando os olhos.
-O problema? O problema é que você não é nenhum modelo de sunga pra andar por aí sem camisa! Que graça tem isso?-com as mãos na cintura, Rachel me olhou furiosa.
-Oh! Graça? Bem, eu gosto de exibir meus músculos, e pelo visto tem quem goste...-sinicamente falei, eu sabia como pirar Rachel, e a essa altura ela já estava pirando, literalmente.
-Jacob... porque você não cresce? Cara, você já tem 23 anos! Não pode simplesmente viver fazendo piadinha das coisas! Você é um alfa, mas agi como um?-debochando, ela atirou.
Sinceramente, hoje não era meu dia. Rachel pegando no meu pé por causa de uma camisa e agora vinha com esse papo de maturidade? Aquilo me deixou irritado, afinal o que ela sabia em ser um Alfa? Eu não pedi pra ser droga de nada, e então Sam cai fora e Bum! A bomba explodi em meu colo. Não era justo toda aquela cobrança.
-Olha, Rachel, eu não tô a fim de brigar, mas se você quer... eu tenho uma namorada meio vampira com raiva de mim, não sei por quê, 16 garotos lobos para mandar, uma reserva inteira para vigiar e você vem me mandar crescer? Sério, você não sabe nada sobre como é ser um Alfa! Eu não pedi por isso, entende? Não escolhi, por isso ninguém pode me cobrara nada!- duramente,eu disse, olhando para a expressão chocada de Rachel. Ela não esperava aquilo, mas foi ela quem pediu.
- Ok, certo. Me desculpe!-ela se aproximou de mim e afogou minha cabeça, encostando-a no seu ventre.-Eu só queria te cobrar responsabilidade porquê, bem... você vai arrumar mais uma agora- encarei Rachel, esperando o final daquela enrolação toda, seus olhos ficaram brilhantes- Jake, você vai ser titio!- rapidamente ela disse, me deu um beijo no topo da cabeça e foi saindo.
Levantei e puxei ela pelo braço e a abracei, acho que seus olhos estavam molhados. Quem diria! Rachel grávida! Nem Rebeca que era casada a mais tempo! Primeiro Emily, agora Rachel, a próxima seria Kim... A única coisa que me deixava mal era a ideia de ser tio de um Paulzinho. Aquilo me dava nojo.
-O seu idio...Quer dizer, marido, já sabe?-perguntei quando estávamos separados.
-É claro! Paul quase enfarta de tão feliz. Acho que era o sonho de consumo dele...-Rachel sorriu envergonhada.
-Ter um filho de Paul... não me parece uma notícia tão feliz! Acho que... au!-exclamei com o tapa que ela me deu.
-Não é só filho de Paul, é meu filho e seu sobrinho!-ela disse, pegando as roupas que antes ela tinha deixado em cima da cadeira.
-Vou tentar pensar por esse lado!-sinceramente falei, assim que ela saiu do quarto. Onze horas eu tinha ronda pra fazer com os garotos. Com esse vampiro super poderoso, o bando inteiro devia estar em alerta. Mas antes eu queria enfrentar outra dor, uma que talvez fosse maior do que a dor do lixo da impressão, a dor da saudade. Hoje eu iria na minha antiga casa, a do meu falecido pai, Billy Black.
A fome apareceu assim que eu passei pela sala, Rachel fazia algo interessante e cheiroso para o jantar... Ficava pra próxima. Passei correndo pela porta, mas ainda pude ver o sorriso do idiota do Paul, se achando porque ia ser pai. Grande coisa, coitada daquela criança, ter um pai como aquele era um castigo que eu não desejava pro melhor vampiro, por que o pior merecia.
Era totalmente ruim andar, até mesmo correr sem as quatro patas, cansava muito mais e parecia ser mais devagar, de qualquer jeito cheguei lá, respirei fundo e girei a maçaneta. Estava vazia, como eu esperava. Os móveis que prestaram estavam na casa de Rachel e os muito antigos tinham sido jogados fora.
Caminhei pela sala, aquela pequena casa, onde eu cresci, a nostalgia daquele tempo veio a tona, senti meus olhos se encherem de água, mas não! Eu não ia chorar!
Sentei no chão empoeirado e me lembrei do passado, do ano em que Billy morreu, iria fazer dois anos. Ele estava doente, tinha que seguir uma rígida dieta, eu já era alfa nesse tempo e me culpo até hoje por não ter dado a Billy a atenção que ele merecia. Rachel ainda ajudou ele, mas o derrame que ele sofreu, até hoje não paro de me culpar.
Ele precisava de ajuda e eu não estava lá para ajudá-lo. Perdi minha mãe cedo então ele tinha sido meu principal guia na vida. Principalmente quando a novidade de ser a droga de lobo surgiu. Digo isso porque Sam não teve um pai pra ajudar ele, mas eu tive, tive Billy pra tudo e ele não me teve pra compartilhar os últimos momentos da vida dele.
Que droga! Tudo isso era lixo, um buraco desgraçado onde as pessoas sempre tem que morrer! Só os sugadores de sangue tem o privilegio de viver... azar deles!
Levantei e andei pela sala até chegar ao vazio onde era meu quarto. Aquele local apertado onde malmente eu dormia depois de ter virado lobo.
Ir para o Texas foi a pior decisão da minha vida... e a mais egoísta! Sam teve que abrir mão da sua vida por minha causa, ficou sendo o líder, mesmo tendo desistido, acho que a necessidade transformou-o de novo em lobo.
Não minto, fugi de novo dos meus problemas, vi nos olhos de Rachel e decepção, mas nas suas lágrimas a compreensão. Ela sabia como eu me sentia por tudo aquilo e mesmo ouvindo os outros dizerem que eu não aguentaria um mês, fiquei lá por um ano e meio.
A dor da impressão vinha, eu não sentia saudade, sentia dores em todo o corpo que só passavam depois da transformação. Meu coração parecia uma bola que de tanto ser chutada tinha acabado vazio. Faltava o sorriso daquela criança pra mim animar, faltava as suas ordens, faltava o seu dom de mostrar-me as coisas, faltava tudo, mas a decepção comigo mesmo foi mais forte e meu orgulho também.
Eu prometi pra mim mesmo que não voltaria sem esquecer minha culpa, enterrá-la em terras áridas, mas não consegui. Voltei pra cá, e descobri a grande mudança da minha criança, que agora estava uma linda garota.
No bando de coiotes, que diga-se de passagem, são bem menores que nós lobos, mas são bem mais velozes, eu aprendi a ter a paciência que o fogo da transformação não deixava, a ter mais agilidade, controlei muito mais o fogo dentro de mim.
Lá era tudo diferente. Os coiotes não pareciam ser o que eram. Dava a impressão que eles eram mais quentes do que nós... mas não! Nem um pouco! Eles tinham sangue frio e o pelo curto, fazia as coisas com mais cérebro do que com a emoção de uma luta. Para eles tudo dependia de estratégia, para nós não!
Os sangue sugas de lá eram bem mais agressivos do que os domesticados daqui. Nessa cidade do Texas que eu fiquei, a Sunforce, não haviam regras, como aqui que só podemos atacar quando um vampiro ataca. Lá é por território...
Se um vampiro ameaça o território dos coiotes eles automaticamente podem acabar com ele. O bando de Samuel é grande, pequenos e inteligentes, os coiotes não me provaram que são só fortes, mas que o bando é a melhor estratégia, por isso não se separavam nunca, nem pra fazerem a ronda.
Eu ainda tentei explicar a eles que separados eles cobririam mais território, mas não houve acordo, Samuel, o líder, não permitia.
Voltei do Texas mais alfa do que nunca, mais lobo do que todos do meu bando, mas não gostado mais daquela condição. Aquela sina...
Suspirei e fui para a cozinha, atravessei a varanda e fui até a minha escondida garagem, que agora estava mais escondida do que nunca e descobri as minhas antigas ferramentas enferrujadas, a minha moto também não andava mais e o meu Rabitt, bem, ele eu vendi pra arrumar dinheiro pras passagens, mas eu estava feliz...
Ou não! Agachei pra pegar um papel no chão, coberto de pó e qual foi minha surpresa e a minha dor quando vi que era uma foto. Eu, com Nessie ainda criança no colo, na frente da casa dos Cullen. Antiga aquela foto... Bella tinha me dado quando resolvi viajar, mas o também falecido, Quil Ateara, me disse que seria melhor não levar recordações.
Ali estava a garotinha que eu adorava colocar nas costas...
Por que Nessie, as coisas sempre tinham que ser assim? Onze horas? Não sei, mas o fogo começou a subir em mim, o tempo sem transformação tinha terminado, saí da garagem e explodi em um lobo gigante... ouvi uivos dentro da floresta, era meu bando... Nessie... você teria que me procurar!

9 comentários:

  1. Não é nascido recem... é recem criado!!!

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  2. hé, gostei da historia... só que... a reneesme chora demais.

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  3. ela tem razão em chorar
    o jacob é um grosso quando qué
    aff's
    mas mesmo assim é perfeito ainda
    mais com impressão!!!!!:P ;)

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  4. Aff...então qr dizer q o amor some quando ela é totalmente vampira???

    Mas q m... heim?! kkkkkk

    Coitada da Nessie!

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  5. acho que ela msmo vampira ama ele,e ele ama ela de qualquer forma,e ....eu chorei com a dor dele.....tadinho e tadinha...

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  6. o jacob é meio grosso sim
    mais ama a renesmee e é um gatoooo kkk
    e a renesmee tb é muito chorona


    jacob s2

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  7. aline

    Ai Renesmee naum faz isso com o Jacob.Coitadinho ele já sofreu tantu na mão da Bella, agora ele merece ser feliz...
    I love you Jacob
    forever
    s2

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  8. eu estou adorando a historia o jacob e a renesmee sao lindos mas a bella e o Edward sempre vao ser os melhores quando se tratar de romance.

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  9. eu achei que em cada capitulo renesmmee tem um motivo pra chora, meu deus ela chora o tempo todo,e ela vive pedindo desculpas pra todos, retirando isso eu li o seu livro achei demais por favor faça uma outra continuaçao de lua cheia pois vc e muito bom mesmo.

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