sexta-feira, 4 de junho de 2010

CAPÍTULO 3

JACOB...


3. COMO EM UMA PROVA DE ATLETISMO, TERIA OBSTÁCULOS

Quando a avistei meu coração começou a acelerar, de novo a sensação de estar fazendo algo bom tomou meu corpo. Ela corria, mas parou ao me ver, e continuou, só que andando, de cabeça baixa, parecia mirar a areia com uma cara encabulada, não sei. Nessie parecia também estar sentindo o mesmo que eu, e isso era o que mais me assustava, eu não podia iludi-la ou decepcioná-la.
Edward e Bella só concordavam com isso por que sabiam que não vinha de mim, era mais forte que eu, por isso permitiam. Droga! O arrepio de novo não! É, toda vez que Nessie me abraçava eu me arrepiava todo, parecia não um lobo, mas um gato todo eriçado, só que em forma humana. -Oi! Cheguei na hora?-ela me olhou sorridente.
-Oi! Bem, não marquei horário, posso dizer que não estou aqui a muito tempo.
Nessie abaixou a cabeça, sorrindo, seus cabelos foram todos para frente de seu rosto, e ela parecia saber muito bem como tirá-los de sua frente. Girou levemente a cabeça, e em um segundo, todo seu cabelo estava no lugar. Isso me pareceu familiar, e era. A loira psicopata costumava fazer o mesmo movimento com a cabeça para afastar a cabeleira. Ela deve ter puxado a tia nesse aspecto.
-Então, aqui estou. Qual é o assunto?-Nessie parecia estar nervosa.
-Era pra ter algum?-eu brinquei, pois realmente não sabia por que tinha chamado ela pra vir, pelo menos não havia um bom motivo.
-O meu pai me disse que você queria me ver, imaginei que gostaria de me dizer algo, estou errada?-objetiva como sempre, ela me deixou sem reposta. Foi então que lembrei da história do nosso futuro romance, quer dizer, se a lenda toda estivesse certa, nós dois seríamos almas gêmeas.
-Eu não lembro bem por que mandei você vir, mas te asseguro que existe um bom motivo!- eu ri e ela também. Peguei em sua mão, sem olhar nos seus olhos, fui andando pela praia, procurando as palavras para desenrolar o assunto. Mas foi ela quem tomou a iniciativa.
-Ontem conversei com meu pai... -ela disse olhando para o mar - Ele parecia saber de algo sobre... -seu êxito foi para olhar minha expressão, e eu demonstrei seriedade-... Nós.
Percebi que o clima estava meio desconfortável para tratar desse assunto, então resolvi mudar até que eu e Nessie estivéssemos prontos.
-E então? Como foi a conversa com seu pai?-eu disse tentando não olhar para ela.
-Eh... Prefere que eu mostre ou conte?
-Oh! Já que você perguntou, prefiro cinema telepático!
Sua risada foi baixa, porém ouvida. Seus dedos com cuidado chagaram até a minha bochecha, sua mão estava suando, nada normal. As imagens da discussão, do choro, me causaram certa angústia, mas depois de ver eles se abraçando me acalmei. Foi aí que Renesmee retomou, de forma sutil, nossa conversa. Ela me mostrou uma conversa sua com a mãe, onde discutiam sobre um relacionamento entre nós dois.
Eu retirei sua mão do meu rosto levemente, e olhei no fundo de seus olhos. Ela parecia surpresa com minha reação, mas eu continuei olhando para tomar coragem e iniciar a conversa.
-Hum... Era mais ou menos sobre isso que eu queria falar com você...
-Eu já desconfiava. Jake, não precisa se obrigar a gostar de alguém... –como se eu tivesse escolha- Bem, se você não gostar, é claro. Olha, todos estão imaginando que nós dois... Eh... Que nós dois estamos apaixonados e isso não precisa ser assim...
-E nós não estamos?-eu falei pra ver sua expressão, que se iluminou de alegria, demonstrando que realmente havia sentimento e esperanças em seu coração.
-É, parece que há alguma coisa... Não seria certo chamar de... Amor... -ela falou, levando seu olhar para a areia. Eu não hesitei, levei minha mão ao seu queixo e trouxe seu olhar de volta ao meu.
-Você não considera esse sentimento como amor?...Você não sente seu corpo tremer quando eu me aproximo de você? Não sente seu coração acelerar quando nossos olhares se encontram? Não sente um arrepio quando sua mão pega na minha? E um...
-Um vazio quando o outro não está perto... É... Eu sinto. Mas não podemos... -ela se virou rapidamente e nossas mãos se soltaram. Nessie se abraçou, como que se protegendo, nós ficamos calados por algum tempo.
-Por que não podemos?-eu quis saber, não levando em conta os motivos que Bella á havia dado.
-Hãn? Quais são os motivos?-Renesmee me olhou confusa, pois ela esperava que eu desistisse de nós. Eu sabia os riscos, os empecilhos, tudo, mas quando eu estava ao lado dela, não pensava em mais nada. Coisas da impressão.
Na noite passada eu não dormi, considerando possibilidades, hipóteses, soluções, mas sem parar de pensar em Nessie, em seu rosto, sua voz, seu corpo... Tudo nela havia mudado, e confesso que eu também mudei, antes eu abandonaria ela se rolasse algum sentimento, eu fugiria como fiz em outras ocasiões, lutaria contra o sentimento dentro de mim.
Eu agora não queria lutar, iria enfrentar obstáculos, desafios, tudo por esse amor, eu estava pronto, preparado para amar, finalmente! Minha vontade era de pegar Renesmee em meus braços e levá-la pra outro lugar, longe do mundo. Mas isso era impossível e romântico demais pra mim. Apenas enfrentaria o que tivesse que enfrentar, e agora, bem, agora eu só queria ter a certeza de que não lutaria sozinho, eu tinha que saber se Renesmee também faria o mesmo por... Nosso amor!
-Nessie, preciso saber... -peguei novamente em sua mão e apertei-... Você me ama?
-Sim...
-Diga isso olhando dentro dos meus olhos... -ela fez como pedi, e em seus olhos encontrei força para continuar a falar -Diga...
-Eu te amo... –ela disse e pausou longamente, olhou para a areia e suspirou- Um amor impossível! Por que tem que ser assim? Eu só queria ter você pra mim...
-Mas você já me tem!-passei meus dedos por sua face, sentindo suas bochechas ficarem quentes e rubras. Ela focou seus olhos no horizonte e deixou algumas palavras saírem como sussurros.
-Não para sempre...
Lágrimas rolaram de seus olhos, eu fiquei sem ação, ela sofreria mais se continuasse me amando, então seria melhor parar de pensar em não lutar? Eu fiquei confuso e, ao escutá-la soluçar, abracei-a fortemente, ela continuava olhando para o mar.
-Mas... Eu estou disposta a arriscar... Vou lutar até o fim... Se você puder ser meu, eu te terei, nem que seja por pouco tempo. Por isso não me deixe...
Renesmee parecia ter o mesmo poder do pai, ler mentes, pois suas ultimas palavras foram decisivas pra mim. Ela parecia saber o que eu pensava, e tinha dito exatamente o que eu queria lhe dizer, só que de maneira mais possessiva.
Ela se virou para mim e retribuiu meu abraço me apertando bastante, eu fiz o mesmo, mas eu queria saber ainda como iríamos fazer para superar os obstáculos, pois eles iriam aparecer, um por um, e eu sabia que poderíamos superá-los. Me afastei de seus braços e olhando nos seus olhos perguntei só para ter certeza:
-Você enfrentaria tudo por mim... Quero dizer, por nós dois?
Sem êxito ela afirmou que sim, sua voz era firme e decidida. Então resolvi descontrair o ambiente...
-Hei! Que história é essa de filhos meio lobo, meio humano, meio vampiro?
Renesmee riu gostosamente, e olhou para a areia, sua face muito corada, pegou na minha mão e me puxou, recomeçamos a andar pela praia de La Push.
-Bem... Era só brincadeira... Você sabe como é a minha mãe... Exagerada!
-E você não pensa em ter lobinhos como filhos?
-O quê? Vamos devagar ta bem. Acabamos de começar um... Um...
-Um namoro?
-É namoro? É que ninguém me pediu, oficialmente, então...
-Não seja por isso!-me ajoelhei na areia, peguei sua mão beijei e fiquei olhando dentro de seus olhos.
-Então, Renesmee Carlie Cullen, aceita namorar comigo? Jacob Black?
-Como poderia dizer não...
-Hum! Quer dizer que você quer passar o resto dos seus dias ao lado de um lobisomem?
-Se esse lobisomem for você, está faltando é dia para que eu possa estar ao seu lado...
Sua voz ficou com um tom triste, então percebi que os maiores obstáculos eram nós mesmos, quer dizer... Eu era um lobo, Renesmee meio humana meio vampira, e imortal... Eu morreria cedo ou tarde e ela continuaria viva. Sei que ela não iria suportar me ver partir mas ela teria que viver. Mas acho que se nós dois estávamos unidos por um vínculo como a impressão, então havia um jeito para que um tivesse o outro para si o tempo necessário.
-Isso é só um pequeno problema... -tentei brincar-... Sem contar que, quando eu desistir de ser lobo, vou ficar velho e feio, mas você? Vai continuar a mesma menina com carinha de 15 anos. Isso é uma desvantagem para um lobo... Nada de imortalidade!
Eu estava em pé e comecei a andar, ela veio me seguindo, mas nossas mãos não estavam unidas, então passai meu braço por cima dos seus ombros e ficamos abraçados caminhando em direção a floresta da reserva La Push .
-É, nisso eu devo te lembrar, ser vampiro é bem mais legal... -Nessie agora estava mais animada, estava sorrindo e fazendo graçinhas.
-Oh... Nada disso! Viver pra sempre é uma desvantagem, admito. Mas nada de os vampiros serem melhores que os lobos. Nós podemos nos transformar em lobos e os vampiros não se transformam em nada, nem em morcego.
-Só por isso...
-Não... Vampiros não comem comida humana, que é uma delícia, eles preferem os humanos, que não são lá essas coisas...
-É, você tem razão, os lobos são bem mais legais do que os vampiros! Mas nada de ficar convencido, tá bem?
-Ah! Pode deixar, mas o que te fez mudar de ideia?-eu brinquei, pois Renesmee era como o pai, não mudava de opinião tão rápido.
-É que eu tenho uma quedinha por sua forma de lobo...
As bochechas de Renesmee ficaram vermelhas como de costume, eu gargalhei, eu sabia que ela gostava de mim, porém não sabia que gostava mais da parte de lobo. Eu amava aquela maluquinha, agora que voltei, chegava a doer só de pensar em me separar dela de novo. Ficar tanto tempo assim perto da pessoa por quem o lobo sofre impressão é quase impossível, mas como tenho sangue alfa, para o saudoso Quil, podia ser normal eu ter poderes de superação maiores que os outros.
Finalmente o sol começou a esquentar, deveria ser mais de meio dia. O clã dos Cullen deveria estar meio que curioso e preocupado, já que Alice era bloqueada pra nos ver. O que era ótimo!
-É, acho que tenho que ir... Você não tem algo pra fazer hoje não?
Nós dois havíamos parado embaixo de uma árvore no começo da floresta. Eu estava sentado, ela abraçada comigo, olhando para a praia.
-Bem, tenho que fazer uma ronda junto com o meu bando. Voltando a ativa novamente. Já estava ficando louco de saudades daqui. Mas é coisa rápida, por volta das seis estou sem nada pra fazer novamente.
Renesmee se levantou e me puxou, nós dois estávamos em pé agora.
-Então você pode passar lá em casa mais tarde...
-Vou pensar... Talvez eu apareça, se não surgir algo mais importante pra fazer!-o tapa que recebi por essa graçinha doeu, embora eu não tenha demonstrado.
E lá se foi minha vampirinha, pulando de galho em galho. Ai, que droga! Esqueci de uma coisa importante para finalizar esse momento! Como sou idiota! Aposto que Nessie havia se lembrado, mas esperou que eu o fizesse! Mania que as mulheres têm de esperar pelos homens! Por que ela simplesmente não me beijou? À noite eu corrigiria esse erro.
Sai dali olhando sempre pra trás, me arrependendo de tamanha burrice. Não ter beijado ela... Era o que eu mais queria! Nessie realmente não me deixava pensar direito, ruivinha mais invocada! Quando cheguei na casa de Sue encontrei os outros lá, Leah parecia nada contente quando eu entrei. Eu saí e voltei e as coisas não mudaram muito.
O bando havia diminuído um pouco, com a desistência de Paul, que agora era meu, urgh! cunhado, e a saída esperada de Sam. Foi difícil no começo, pra ele, e principalmente pra mim, mas quando meu pai se foi eu não pensei muito nas coisas, só ficou a dor. Fugi como um idiota, forçando Sam a cuidar do bando por mais um tempo.
Mas agora eu não tinha escolha, era minha obrigação tomar conta da tribo e do bando. Eu ainda estava iniciando no grupo grande, pois mesmo com a desistência de dois, ainda sobraram os mais novos, que eu só recrutava para rondas ao redor da praia ou algo assim. O bando mais velho sempre ficava preto da fronteira com os Cullen ou fazendo rondas perto ou (transformado em humano) na cidade.
Leah também não ficaria muito tempo conosco. Por incrível que pareça ela também teve uma impressão. Era estranho, já que ela se lamentava tanto dizendo que não tinha impressão por que era estéril e tudo mais. Porém só foi ela ver Kall, o instinto veio a chamá-la. Sue diz que talvez ela não seja estéril, que quando ela desistir seu corpo volta ao normal. Mas, pra que ela desista outra loba tem que entrar em seu lugar, o que é muito raro.
Ignorando a expressão dura de Leah, fiz um rápido sinal, mas que todos compreenderam, e quando eu me virei para sair todo o bando já estava dentro da floresta me esperando. Me transformei, e comecei a ouvir os pensamentos insinuosos dos outros, Leah parecia irônica quando me perguntou se eu tinha pedido a vampirinha em namoro.
Alto e claro, uivei, e todos agora sabiam que eu e Renesmee estávamos juntos, mas mesmo assim nem todos aprovavam. Seth foi o primeiro a me interrogar se eu sabia em que estava me metendo, e é claro que eu sabia. Realmente, eu havia pensado em tudo, riscos, desvantagens, complicações, obstáculos... Mas o ponto que Quil me lembrou quando nós estávamos correndo por dentro da floresta, me fez refletir mais um pouco.
“Você não acha irônico que tenha se apaixonado pelo ser que deveríamos destruir?”-esses foram seus pensamentos, e isso me abalou seriamente. Eu me recordei de palavras que eu disse a Bella, quando ela descobriu o meu segredo: “Nós só existimos por que eles existem!”
As coisas estavam se complicando, porém eu não queria pensar nisso agora, não com um bando de lobos bisbilhotando meus pensamentos. Cruzamos uma clareira bem iluminada onde o vento fazia-se ouvir com mais facilidade e com ele um som estranho, parecia um grunhido.
-CAIN! Cain... -a voz se afastou, ficou distante. Todos nós corremos em direção ao som, agora podíamos sentir o cheiro de uma lobisomem fêmea, ela estava machucada, havia levado tiros, e o pior, parecia que estava mordida por um vampiro. Isso me fez correr mais rápido.
“Ela foi mordida?” Seth quis saber preocupado.
“Parece...” Quil puxou o ar e pensando com êxito.
“É esse o tipo de coisa que vai acontecer com todos nós se Jacob continuar com essa loucura!” Jared parecia mais raivoso do que de costume.
“Pare com isso, Jared! Corra mais e fale menos!” Leah ordenou aumentando o ritmo.
Todos nós paramos perto de uma moita de samambaia sentindo agora, o forte cheiro de sangue, que estava espalhado pelo chão. Atrás da moita a jovem loba parecia quase morta, sua pulsação era fraca, eu podia ouvir sua respiração falhar. Embry tirou as plantas do caminho e observamos com horror uma linda loba, mais linda se estivesse sã, deitada no chão, coberta com sangue e terra, seus pelos eram brancos, não tão brancos, mas um tom prateado que podia brilhar ao sol.
“Ela foi mordida!” Leah pensou alto com horror, chegando próximo da loba caída. Eu também me aproximei e os outros vieram atrás de mim com passos cautelosos. Ela parecia desacordada, mas ainda sim estava viva, por mais quanto tempo eu não sei, mas estava.
“Quil, você consegue colocá-la em minhas costas, por favor?” interroguei olhando na sua direção, mas Jared foi mais rápido, e ele sem dúvidas era mais forte do que Quil para fazer aquilo. Isso exigiu a destransformação do garoto, e Leah, como de costume, virou o rosto enquanto Jared, com facilidade, colocou a linda loba nas minhas costas.
“Corra, Jake, leve-a para a caverna além da floresta, Conor deve saber o que fazer.” Leah pediu, desesperada. Eu corri o mais rápido que pude, eu já havia ido até Conor para fazer alguns reparos, ele era um antigo curandeiro da nossa tribo. Tinha remédio para quase tudo, foi ele quem ajudou Emily quando Sam a feriu.
A tarde estava indo embora quando eu me aproximei da entrada da caverna, uivei alto e no mesmo instante Conor apareceu, seus olhos se arregalaram ao ver a loba nas minhas costas.
-Entre, rápido, ela não tem muito tempo!-ele falou apontando para dentro da caverna. Uma fogueira já estava acesa quando eu entrei, depositei a loba num tapete de pele de animal que estava ao redor das chamas e me maravilhei quando transformação dela se desfez.
Ela era linda, sua pele morena clara, cabelos castanhos escuros que pareciam dourados perto da fogueira. Eu tentei não reparar no seu corpo, já que ela estava sem roupas, porém eu não pude deixar de notar sua esbelta silhueta, ela possuía um corpão!
Mesmo ferida, coberta de sangue, ela era linda! Me fazia lembrar Renesmee em alguns aspectos. Como a mordida feita no seu pescoço, era exatamente para matar, não para se alimentar, isso fez meu corpo estremecer, minha raiva por vampiro desconsiderou Renesmee por um momento, pois eu sentia vontade de matar todos eles!
Conor cobriu a menina, e então eu voltei a mim. Os outros não demoraram muito a chegar na caverna, mas todos já estavam vestidos, coisa que os lobisomens modernos como nós faziam sempre era trazer amarrado em seu pelo as roupas. Assim, em alguma emergência, estávamos sempre vestidos!
-Jake! Vá se trocar!- Leah falou, indo se ajoelhar ao lado da garota desacordada. Eu saí e notei que estava tudo escuro, então me lembrei do encontro com Renesmee! Droga! Eu não podia decepcionar Nessie, não agora. Mas também eu não podia simplesmente abandonar meu bando num momento como esse, Renesmee iria entender, ela tinha que entender.
Eu agora havia assumido as responsabilidades aqui em La Push, Sam havia casado, e o único alfa era eu. Minhas responsabilidades cresceram dentro da minha tribo e isso era importante pra mim. Não por orgulho besta, não, mas por ter que ajudar meus irmãos. Meu namoro com Renesmee era importante sim, mas as responsabilidades primeiro. Isso era fato, desde que eu fui para o Texas para aprimorar minhas habilidades como alfa com o bando de lá, eu percebi a real importância de ser um lobisomem.
Eu não era apenas um monstrinho das histórias de terror, eu era um guardião, tinha que proteger não só minha tribo, mas as pessoas ao meu redor. Então eu tinha que fazer alguns sacrifícios para ser o que eu era, já que eu não tinha escolha. Um ano e meio longe passou tão rápido que quando eu voltei era como se as coisas não tivessem mudado muito, só meus sentimentos, já que meu amor por Renesmee cresceu enquanto eu estava longe.
Antes era como se eu só sentisse afeto, um carinho fraternal por ela, mas depois, com ela crescida, algo ascendeu dentro de mim, uma fagulha de paixão misturada com carência fez o amor nascer. Antes era só como irmão, amigo, nenhum sentimento além, mas eu e todos sabíamos que isso iria acontecer, só que não tão rápido.
O que mais me assusta é o fato desse sentimento ter aparecido cedo de mais, deveria ter esperado mais um pouco, mas foi só ter uma conversa, um olhar e pimba! Ele me pegou. Acho que a ela também foi pega de surpresa.
Todas essas minhas reflexões me fizeram demorar dentro da floresta, tanto que Jared apareceu para saber se estava tudo bem. É, estava, eu acho. Nós dois entramos na caverna e eu percebi a tensão nos olhos de todos, Quil me falou que Conor havia retirado o veneno, mas que ele já havia feito bastante estrago, pelo tempo que esteve dentro do corpo da garota.
-Ela quase que não escapa e ainda estamos esperando.
Embry fez uma cara séria ao dizer a frase.
-Jovem lobo alfa, você agora irá ter que fazer algo pela garota. -Conor falou sombriamente, o que me surpreendeu.
-Sim? O que estiver ao meu alcance. –eu adiverti.
-Você terá que doar um pouco de vitalidade par a menina, para salvá-la.
Doar vitalidade... Esse era um antigo ritual que, contam as lendas da tribo Quileute, os curandeiros usavam para restaurar a vida dos membros feridos da tribo. Mas pra mim era só lenda, isso estava ultrapassando as barreiras da lógica, da realidade. Que lenda mais seria real? Cada novidade deixava minha vida mais surreal, porém isso não me incomodava.
-Como faço isso?
Todos dentro da caverna olhavam curiosos para Conor, que pediu para que todos saíssem.
-No melhor do show!-Seth resmungou.
-Por que nós não podemos ficar?-Jared também chiou.
-Esse é um ritual que envolve a vida de duas pessoas e acima de tudo concentração. Vocês não querem ver seu amigo sem alma, morto?-a voz dele soava séria e obscura. Seu rosto ancião parecia ainda mais velho, sua pele marrom perto da fogueira parecia vermelha, seus olhos fundos e puxados estavam comprimidos e seu tom era de repreensão. -Saiam, ela não tem muito tempo!
Conor apontou para a garota que agora parecia mais pálida e estava respirando com mais dificuldade do que quando a encontrei. Em um segundo, todos haviam saído, e dentro da caverna restaram apenas nós três, Conor, eu e a garota lobo. Então o curandeiro pediu que eu me ajoelhasse ao lado da garota e que segurasse sua mão. Eu fiz como ele mandou, sentindo a mão um pouco fria da menina.
-Agora, preciso que feche seus olhos e pense em se transformar, invoque o espírito do lobo que há em você.
-Mas eu não posso me transformar aqui, agora!-eu disse olhando para seu rosto, que agora estava tranqüila. Com a mesma tranqüilidade ele me ordenou:
-Faça como lhe digo, confie em mim, isso não vai acontecer. Agora faça!
Eu fiz como o velho mandou, pensei como se estivesse prestes a me transformar, mas ouvindo ele murmurar algumas palavras na língua antiga dos Quileutes, e isso me surpreendeu, era raro alguém saber essa velha linguagem.
Mas algo estranho aconteceu, quando eu comecei a sentir os arrepios, o fogo subir por dentro, cheguei a pensar que ia explodir em um lobo gigante, mas isso não aconteceu. Em vez disso eu comecei a me sentir leve, minha mão começou a liberar algo que parecia um vento frio, passando para o corpo inerte da garota ao meu lado.
Eu tentei abrir meus olhos, mas não consegui, meu corpo não estava respondendo. Mas eu sentia o pulso da garota, o sangue circulando, o coração batendo, a respiração ficando forte...
-Bum!-bastou essa palavra para eu soltar a mão da menina como se tivesse recebido uma corrente elétrica que me fez cair ao lado dela, sem forças para levantar.
-Irado! Cara, eu pensei que você já era! Sua alma começou a vazar de seu corpo passando pra garota!-Embry estava excitadíssimo com a transfusão.
-Você está bem, Jake?-Leah quis saber chegando ao meu lado e me ajudando a ficar de pé. Eu me sentia estranho, como se faltasse alguma coisa em mim, um vazio percorreu meu estomago fazendo minha barriga roncar, eu estava fraco.
-Vocês não deviam ter visto a transfusão. Se algum de vocês tivesse sussurrado e quebrado a concentração do garoto, ele perderia sua alma, e a garota também!-Conor parecia bem irritado, mas com razão.
-Me explica aí como foi esse troço. Tipo, maneiro! O Jake colocou a mão na lobinha e ressuscitou ela ou foi uma troca de alma? Jacob, cara! É você mesmo?-Quil falou em tom de zombaria.
-Eu estou bem! Apenas com fome. -eu os assegurei, ouvindo minha barriga roncar novamente.
-Isso é normal. -Conor agora estava sentado ao redor da fogueira acendendo seu cachimbo.
-Jared, pode ir passando minha grana. -Embry disse estendendo a mão. Eu olhei pra eles confuso e Jared explicou tirando o dinheiro do bolso.
-Eu apostei que você não escapava. Droga de pessimismo. Me custou dez paus!-ele disse passando o dinheiro com desgosto para Embry.
-Ei, seus idiotas, ela está acordando!-Leah falou num sussurro e todos se viraram para ver a cena. Ela abriu os olhos, levantou a cabeça, depois se apoiou num dos braços e sentou-se, olhou em volta e parece que ficou tonta. Ela fraquejou e ia cair de cabeça se eu não a tivesse apanhado.
-Você esta bem?-eu perguntei reparando nos seus olhos cor de mel. Ela virou a cabeça e me olhou assustada.
-Onde eu estou?-sua voz era frágil, mas aveludada, tanto que a pergunta saiu como um suspiro.
-Nós te encontramos na floresta, você está na reserva Quileute de La Push. -Leah a informou amigavelmente.
-La Push? Em Forks?-ela parecia bem informada.
-Sim, de onde você é?-eu perguntei assim que a vi mais lúcida.
-Eu sou do Alaska, meu nome é Sarah, qual é o seu?-ela saiu dos meus braços e se sentou, parecia bem agora.
-Oi, Sarah! Sou Jacob e esses são...
-Você é o alfa?-ela perguntou depois que encheu seus pulmões de ar.
-Eh, sou... -eu disse meio sem graça.
-Bem, continue as apresentações!-ela pediu sorridente, seu sorriso me deixou encabulado.
-Eh... -eu gaguejei um pouco, ainda sem fôlego- Esses são Quil, Embry, Leah, Seth e Jared. -eu apontei para cada um deles enquanto falava.
-Oi! Muito prazer!-ela parecia alegre e sorridente, muito comunicativa.
Eu tinha várias perguntas pra fazer a ela, mas minha barriga roncou e a dela roncou mais alto ainda, fazendo todos rirem.
-Crianças, vocês devem ir, se alimentar. Jacob e Sarah, nenhum pode se transformar por dois dias contando apartir de hoje. Se isso ocorrer vocês terão que lidar com as conseqüências.
Conor ajudou Sarah a levantar e lhe levou até um lado obscuro da caverna onde ela colocou uma capa bem fina de lã. Os machucados já estavam cicatrizando, só o do pescoço que era saliente e destacável. Um grande círculo abaixo da sua orelha.
Ela nos acompanhou até a porta da caverna.
Seguimos a diante, eu olhei para o céu, já era madrugada, olhei e me lembrei de Renesmee. Será que ela havia me esperado?

3 comentários:

  1. Tipo, eu adorei o liuvro, mas... sei la, tem algumas coisas que saem do contexto quando se pensa nos outros livros, tipo, o Seth nao tinha nada contra os vampiros em amanhancer.

    Mas fora isso, voce fez um otimo trabalho ;DD

    By: BloodMeFairy >♥<

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  2. Adorei a história
    ficou muito massa
    eu li todos os livro sei tudo sobre a saga

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